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Por que a humanidade ainda não resolveu o problema das pragas de gafanhotos?

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Atualmente, a América do Sul vive um momento delicado de devastação causada pelas pragas de gafanhotos. Desse modo, em maio e junho, plantações foram consumidas no Paraguai e na Argentina. Agora, os animais estão se aproximando do Brasil e do Uruguai. Contudo, mesmo sendo tão perigosos, muitas pessoas perguntam: afinal, por que a humanidade ainda não resolveu o problema das pragas de gafanhotos?

Não é de hoje que os gafanhotos são um problema para os humanos. Na Bíblia, por exemplo, a oitava praga devastou campos e árvores do Egito. Segundo o historiador romano Plínio, o Velho, que vivem entre 23 e 79, cerca de 800 mil pessoas morreram de fome por conta das nuvens do inseto nas regiões que hoje representam a Líbia, Argélia e Tunísia. Depois disso, a partir do fim do século 19, há registros de infestações no sul do Brasil por décadas e décadas seguidas.

Uma das pragas migratórias mais perigosas do mundo

Hoje, o gafanhoto-do-deserto (Schistocerca gregaria) ameaça a segurança alimentar de 10% de toda a população mundial. Isso porque, a espécie ameaça plantações no leste da África, no Oriente Médio e no sul da Ásia. Com isso, essa se tornou a praga migratória mais perigosa do planeta.

Há milênios, enfrentamos o fenômeno das pragas de gafanhotos. No entanto, mesmo assim, a situação está longe de ser controlada. E, de fato, em um prazo curto de tempo, não há muito o que fazer. Assim, os animais devoram “tudo o que veem pela frente” e, além disso, são capazes de voar até 150 km por dia, explica Kátia Matiotti, pesquisadora do Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS. “Muitos agrônomos falam em aplicar o agrotóxico mais forte possível para eliminação total da praga”, afirma a pesquisadora. Entretanto, isso não irá solucionar o problema. Ao invés disso, “o importante é fazer um manejo constante e sustentável a longo prazo das espécies antes que a situação chegue a esse ponto”, completa.

O uso excessivo de agrotóxicos contribui para o aumento das infestações

Segundo especialistas, essa explosão populacional é atribuída, principalmente, a fatores climáticos. Por exemplo, podemos citar a chuva, umidade e temperatura. Mas, para além disso, também há grande influência do uso excessivo de agrotóxicos e da prática de monocultura. Nesse caso, isso contribui para a eliminação natural de predadores dos gafanhotos. Com isso, a reprodução e o aumento de gafanhotos é facilitado.

Mesmo com soluções alternativas para a solução do problema, como pesticidas biológicos e introdução de predadores naturais, o método mais comum é a pulverização de pesticidas. Assim, com o auxílio de máquinas próprias, os pesticidas podem matar nuvens inteiras e um curto período de tempo. Contudo, essas são apenas soluções imediatas e não solucionam, de fato, o problema.

Logo, para se obter uma solução realmente efetiva, ainda é necessária muita pesquisa. “Os riscos em termos de danos às culturas, pastagens e, em última instância, à segurança alimentar e social de muitas pessoas pobres nos países em desenvolvimento podem ser enormes”, afirma o pesquisador Michel Lecoq, um dos maiores especialistas em gafanhotos do mundo.

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