Ciência e Tecnologia

Por quê essa estátua de 4.300 anos está intrigando tanto os arqueólogos?

0

Vinte dois anos da descoberta de uma escultura egípcia não foram suficientes para desmanchar o mistério que continua intrigando os arqueólogos. A estátua, encontrada em pedaços em 1995, em Israel, é atribuída a um faraó egípcio que teria vivido há 4.300 anos. Nesse período reinava no Egito a quinta dinastia (2465-2353 a.C).

Mas qual é a razão desse fascínio ao redor da imagem? Primeiro, os pesquisadores precisavam descobrir como uma escultura egípcia havia se deslocado até a cidade histórica de Hazor, Israel, onde ela foi descoberta. Segundo e mais importante, a identidade do faraó que permanece em anonimato. Os arqueólogos até o momento não conseguiram descobrir quem é retratado na imagem.

Acredita-se que a estátua foi esmagada por volta de 3.300 anos atrás, possivelmente durante a invasão israelense comandada pelo rei Josué para destruir a cidade.

A escultura foi reconstruída ainda no ano de sua escavação, em 1995. A análise sobre o busto foi publicada no livro “Hazor VII: As escavações entre 1990-2012, a Era do Bronze” (Sociedade de Exploração Israelense, 2017).

O interessante é que ao invés de respostas, o estudo traz questionamentos intrigantes. Como a estátua foi transportada até Hazor? Porque ela foi preservada por um milênio antes de ser destruída? E principalmente, quem é o faraó retratado na escultura?

“A história da estátua é realmente muito complexa, e o reino de Hazor deve ter ficado orgulhoso de poder exibir um objeto de prestígio conectado à imagem da realeza egípcia” explicou o egiptologista Dmitri Laboury e Simon Connor (da esquerda para direita, respectivamente) na reportagem publicada pelo livro “Batalhas Bíblicas: 12 guerras antigas levantadas pela Bíblia“.

Mas como os arqueólogos podem ter tanta certeza que a estátua é mesmo egípcia se ela foi encontrada em Israel e eles nem ao menos podem revelar a identidade do faraó? Laboury, que é um pesquisador sênior associado a Fundação Nacional Belga para Pesquisas Científicas na Universidade de Lieja (Bélgica) e Connor, um curador do Museu egípcio em Turin, na Itália, esclarecem que a certeza da nacionalidade do busto é revelada pelas características retratadas na escultura.

“A pessoa usava uma peruca curta, ajustada e encaracolada, e por cima um ureu (adorno utilizado nas coroas dos faraós), a cobra solar que brilhava sobre a testa de [um] faraó antigo da iconografia egípcia, portanto identificando nosso personagem como um rei egípcio sem nenhuma dúvida”, confirma Laboury e Connor, assim como consta na matéria publicada pela site científico Live Science.

A cidade de Hazor foi destruída pelo rei Josué, por volta do século 13, como supõe os arqueólogos. A Bíblia, sendo um importante documento histórico também dá detalhes dessa batalha e pode ser o princípio para desvendar pelo menos em parte, o mistério ao redor da escultura. (A imagem acima é o sítio arqueológico de Hazor, em Israel)

Isso porque em uma passagem bíblica do livro de Josué 11:1 está escrito: “Sucedeu depois disto que, ouvindo-o Jabim, rei de Hazor, enviou mensageiros a Jobabe, rei de Madom, e ao rei de Sinrom, e ao rei de Acsafe”. Adiante, em um outro trecho, a bíblia fala sobre a destruição da cidade de Hazor e da morte de seu rei pelas mãos de Josué.

“E naquele mesmo tempo voltou Josué, e tomou a Hazor, e feriu à espada ao seu rei; porquanto Hazor antes era a cabeça de todos estes reinos. E a todos os que nela estavam feriram ao fio da espada, e totalmente os destruíram, nada restou do que tinha fôlego e a Hazor queimou a fogo”. (Josué 11:10,11)

Os egiptologistas acreditam ainda que a estátua em sua forma original não se tratava apenas de um busto, mas era parte de um escultura completa de um corpo, que foi destruída mil anos depois de sua construção, em Hazor, durante a invasão dos israelitas.

Se foram mesmo os israelitas os responsáveis pela destruição de Hazor isso permanece sendo uma discussão acalorada entre os acadêmicos. O que a estátua prova, por outro lado, é que a cidade foi saqueada e a escultura foi esmagada.

(Veja novamente os detalhes da estátua com o busto virado para frente)

“As rachaduras indicam que o nariz foi quebrado e a cabeça arrancada do resto da escultura antes de ser despedaçada” escreveu Laboury e Connor na reportagem original, assim como na matéria republicada pelo Live Science.

Embora o restante do corpo da estátua não tenha sido encontrado no sítio arqueológico, outras várias  esculturas egípcias foram encontradas no mesmo local.

“São descobertas surpreendentes, o número de estátuas egípcias e fragmentos das mesmas enterradas no sítio, dada a localização de Hazor no norte de Israel”, esclarece um grupo de estudiosos em outra reportagem inserida no livro.

Na opinião deles, “aparentemente todas as estátuas parecem ter sido deliberadamente esmagadas em pedaços”.

É incrível o que fragmentos com mais de 4.000 mil anos podem nos dizer sobre a história da humanidade, das guerras e do princípio das civilizações.

Se você se interessa pelo Egito Antigo e também ficou intrigado sobre a identidade desse faraó, não esqueça de deixar o seu comentário e aproveite também para compartilhar a matéria com seus amigos que adoram desvendar um mistério.

10 lugares no Brasil que todo mundo precisa conhecer

Artigo anterior

7 fatos sobre a evolução das espécies que você nunca imaginou

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido