Ciência e Tecnologia

Por que a maioria dos furacões tem nome de mulher?

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Dizem que agosto é um mês sombrio, depressivo e que grandes tragédias marcam esse mês na história da humanidade. No entanto, o protagonista desse ano foi setembro, que em sua primeira semana deixou rastros de destruição e morte pelo caminho do furacão Irma. O furacão que se formou no oceano Atlântico é o resultado de altas temperaturas na superfície da água com o efeito no aumento da evaporação, o que forma grandes nuvens carregadas de chuvas. A combinação desses elementos derruba a pressão atmosférica, o que favorece a elevação rápida do ar e por consequência, mais evaporação. Todo esse conjunto de fatores intensificam os ventos que começam a se movimentar em forma de espiral, atingindo altas velocidades e destruindo tudo que encontrar em seu destino.

Foi o que aconteceu com o Irma. Ele se formou no oceano com uma categoria 4 e foi ao encontro do Caribe, onde se alimentou de mais água quente — característica das praias caribenhas —, atingindo a categoria 5 (o último e pior nível da escala), ganhando impulso e força para se dirigir até os Estados Unidos. O serviço meteorológico francês considerou Irma, de uma intensidade “nunca antes vista no mundo”.

Os furacões de categoria 5 não são frequentes. Apesar de serem destrutivos, são frágeis. Isso porque é necessário uma série de fatores ideais para que ele conserve sua força. A maioria dos furacões que nascem perigosos no Atlântico morrem antes de atingir alguma superfície terrestre.

Especialistas e climatologistas identificam no furacão Irma um aviso claro do aquecimento global. Sempre existiram furacões, mas não com tanta frequência ou tão poderosos como os últimos casos. O Irma já é considerado o maior e mais violento furacão de intensidade 5 registrado no mundo, superando inclusive o supertufão Haivan, que em 2013 atingiu as Filipinas deixando mais de 7 mil mortos.

Foram registradas 38 mortes no Caribe e 4 na região do estado da Flórida, nos Estados Unidos. O número baixo de mortes é o resultado do investimento em tecnologia e educação, que alerta à população com relativa antecedência e incetiva evacuações e desocupações para evitar ainda mais tragédias.

Relembrando os furacões mais devastadores dos últimos 100 anos, podemos considerar o furacão Katrina, o furacão Sandy, o furacão Wilma, o Patrícia e agora o furacão Irma. Você consegue perceber uma semelhança entre esses nomes? Todos são femininos. Qual seria o motivo dessa recorrência e como são escolhidos os nomes dos furacões?

Segundo a National Oceanis and Atmospheric Administration (NOAA), inicialmente os nomes eram escolhidos de acordo com o santo que estivesse sendo celebrado no dia. O furacão Santa Ana, por exemplo, se formou em 26 de julho de 1825,  dia em que se comemora a imagem da santa.

O primeiro furacão registrado com nome feminino, e sem relação com santos católicos, foi o “Maria”, inspirado no personagem do romance “A tempestade” (1941) de George Rippey Stewart, de acordo com o NOAA.

O chefe do programa de ciclones tropicais na OMM (Organização Meteorológica Mundial), Koji Kuroiwa, atribui a nomeação de tempestades com nomes de mulheres aos militares americanos, durante a Segunda Guerra Mundial.

À BBC, Koji explica que “eles preferiam escolher nomes de suas namoradas, esposas ou mães”. E o hábito tornou-se uma regra em 1953. Apenas em 1970 começam a aparecer nomes masculinos para descrever furacões. O objetivo era manter um equilíbrio de gênero e não causar discussões ou desviar atenção do foco principal, o perigo da tempestade, independente de qual fosse seu nome.

O objetivo ao utilizar nomes próprios a esses eventos é o de facilitar a compreensão do público. Números ou termos técnicos poderiam dificultar a transmissão da mensagem. Nomes comuns e simples facilitam a divulgação dos alertas, evitando confusões na população.

Atualmente a lista que dá nome aos furacões é organizada pela OMM, a agência meteorológica da ONU, em Genebra, na Suíça. A cada ano, os furacões são organizados por ordem alfabética e seguem um padrão de alternância, entre nomes masculinos e femininos, de acordo com os nomes comuns para cada região.

A cada seis anos as listas são recicladas e nomes já utilizados anteriormente podem ser atribuídos outra vez a um furacão diferente. No entanto, anualmente os comitês regionais da OMM também se reúnem para discutir quais nomes devem ser “aposentados”, por exemplo, o Irma e o Katrina são considerados eventos devastadores o suficiente para não terem seus nomes repetidos.

A repetição poderia causar confusão na população, que pensaria se tratar do “mesmo” furacão que já destruiu suas casas e cidades, o que instalaria caos e sofrimento desnecessários. Portanto, é necessário bom senso dos cientistas para identificar quais nomes nunca mais devem ser atribuídos a um evento dessa magnitude.

“O importante é ser um nome do qual as pessoas possam se lembrar e se identificar. Antes, esta região (oriente) usava nomes em inglês, e há 10 anos, decidiu-se que eles deveriam ser mais apropriados para a região”, esclarece Julian Heming, cientista do Met Office (escritório de meteorologia britânico) à BCC.

Heming cita, por exemplo, que no oeste do Pacífico os nomes podem ser atribuídos às flores, animais, alimentos, personagens históricos e mitológicos. Já houve o furacão Kulap (“rosa” em tailandês) e Kujira (“baleia” em japonês).

Um estudo interessante realizado por pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA), em 2014, revelou no entanto, que furacões com nomes femininos podem matar mais pessoas do que furacões “masculinos”. A análise divulgada pela publicação científica “Proceedings of the National Academy of Sciences” mostrou números que provam essa discrepância.

Nomes masculinos causam em média 15 mortes, enquanto os furacões com nomes femininos provocaram 42 óbitos. Para o estudo foram analisados furacões ocorridos entre 1950 a 2012, com exceção do Katrina (2005) que foi devastador o suficiente para desequilibrar a pesquisa.

Qual foi a conclusão dos cientistas para os furacões femininos matarem mais que os masculinos? Simples. Os furacões com nomes de mulheres tendem a ser menos levados a sério, como se representassem menos perigo devido ao nome feminino. Isso faz com que as pessoas tomem menos precauções e não estejam aptas a enfrentá-los de acordo com as previsões.

Todas as fotos acima são registros dos rastros de destruição deixados pelo furacão Irma ao longo de seu trajeto desde o Caribe até a Flórida. Outros dois furacões ainda essa semana dirigem-se para uma rota parecida: o furacão José, de categoria 4, que segue para as ilhas caribenhas, e Katia, que deve atingir o México.

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