Ciência e Tecnologia

Por que nunca vimos vegetais quadrados?

0

Um rápido passeio, pela sessão de frutas e verduras de um supermercado, e, facilmente, você irá encontrar uma infinidade de vegetais, de várias formas e tamanhos. Esses coloridos alimentos não são, na verdade, resultado de uma seleção natural, mas sim da seleção humana.

Por milênios, fazendeiros e agricultores identificaram mutações úteis em frutas e vegetais. As frutas melhoraram o sabor e passaram a render mais nas colheitas, e até mesmo ganharam novas formas. No entanto, suas características foram preservadas através de técnicas convencionais de reprodução.

Apesar do lento processo, é perfeitamente possível fazer o cruzamento de cepas. Assim, criando algo novo, uma variedade para chamar de sua, e que pode até mesmo ser comercializada. A depender da legislação do país, quanto a esse tipo de produto.

O processo, convencional e lento, de cruzamento e criação pode, em breve, receber um grande impulso devido aos avanços no mapeamento genético. Mapeando o genoma de um tomate ou pepino, por exemplo, os criadores não precisarão mais esperar meses para descobrir qual será o formato dos frutos dessas plantas.

Processos

Isso é possível ao buscar por marcadores no DNA dessas plantas, que codificam a forma, o tamanho e cor da fruta. Essa técnica de “seleção assistida”, promete reduzir em anos o tradicional processo de melhoramento de plantas.

Esther van der Knaap, da Universidade da Georgia, está na vanguarda das pesquisas genéticas sobre como o DNA de uma planta influencia na forma de um fruto. Knaap e equipe tem cortado tomates ao meio e os escaneado, para mensurar as formas e os tamanhos dessas frutas, produzidas como resultado de diferentes combinações genéticas.

Van der Knaap publicou, em novembro de 2018, um artigo na revista científica Nature Communicationsem que anunciava a descoberta de duas famílias de genes. Aparentemente, eles desempenhavam um importante papel, no formato, durante a produção de frutas e verduras.

Tecnicamente, frutas e vegetais são órgãos comestíveis de uma planta. Esses ‘órgãos’ crescem e se desenvolvem, através da divisão celular. “Para fazer uma certa forma, como uma forma longa ou redonda, você precisa ter certos padrões de divisão celular”, explicou van der Knaap. “Ou as células se dividem horizontalmente ou se dividem verticalmente”.

Quanto mais células se dividem horizontalmente, mais elas constroem um tecido horizontal. O que cria uma fruta mais gorda e arredondada. No tomate, van der Knaap e equipe descobriram um genoma específico, chamado OVATE. Ele parece ser responsável por criar proteínas, que se dividem em um padrão vertical.

Assim, conforme as células se dividem na vertical, o padrão de crescimento produz uma fruta alongada. O OVATE é a diferença entre um tomate, perfeitamente redondo, e um outro, com forma semelhante a uma pêra.

Divisão celular

Além do OVATE, van der Knaap também identificou outra família de proteínas, as chamada TRMs. Essas proteínas interagem com o OVATE. Caso esses dois marcadores genéticos estejam presentes, a fruta será alongada. Caso um esteja faltando, ela será redonda.

A grande questão é: esses avanços genéticos possibilitarão, um dia, a produção de tomates quadrados ou abóboras em formato de pirâmide? Segundo van der Knaap, apesar disso não ser tecnicamente impossível, é muito pouco provável.

Isso porque a edição de genes para a produção desse tipo de planta/alimento, com esses formatos, são considerados organismos geneticamente modificados (OGMs). E as pessoas não costumam gostar de consumir esse tipo de produto.

Além do mais, algumas formas de frutas e vegetais podem simplesmente serem desagradáveis. “Algumas mutações são tão bizarras que nenhum cultivador as cultivaria, porque elas têm muitos outros problemas”, diz van der Knaap.

“Eles só têm um pouco de fruta por planta ou têm um gosto terrível, porque quando você cultiva uma fruta de uma forma muito estranha, você estraga o equilíbrio hormonal. Pode não ser muito suculento e saboroso”.

Se você quer um tomate quadrado, van der Knaap indica fazer como os japoneses fazem com as melancias quadradas. Colocando-os em caixas quadradas, ao redor deles. “Isso seria um tomate de alta qualidade”, diz o pesquisador. “Eu não sei se eu gostaria de pagar por isso.”

Então pessoal, o que acharam da matéria? Deixem nos comentários a sua opinião e não esqueçam de compartilhar com os amigos.

Entenda porque o número 137 é ”mágico”

Artigo anterior

Gamora quase foi interpretada por Amanda Seyfried

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido