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Por que os reis de Portugal não usavam coroa?

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Um dos símbolos mais importantes da monarquia é a coroa. É esse objeto que representa e marca o poder de um rei. Durante toda a história da humanidade, diversos reis foram retratados por esse elemento imagético, que consolida o universo de signos régios. Em contrapartida, diferente dos diversos reis que já governaram, os reis de Portugal foram os únicos que nunca foram adeptos desse objeto de poder.

Em 1640, Portugal assumiu a Casa Real de Bragança. Em suma, os Bragança foram a linhagem que governou o Império Português até a dissolução da monarquia, que ocorreu em 1910. Teoricamente, a tradição dos Bragança era semelhante ao restante da cultura política de outras partes da Europa. No período, os monarcas, absolutistas, negociavam as bases de seu poder com as cortes. Além disso, os monarcas promoviam também a exploração marítima de suas colônias ultramarinas.

Por outro lado, ao avaliar a imagem que a coroa portuguesa construiu, pode-se dizer que, a distinção da representação dos reis de Portugal é significativa. Por exemplo, os reis, que governaram o país, não foram formalmente coroados. Por serem conclamados a partir do título de Dom, os monarcas nunca realizaram uma cerimônia de coroamento. Tal tradição surgiu na monarquia bragantina, com D. João IV, em 1640.

A tradição

Em 1640, durante a cerimônia de coroação, D. João IV, se recusou a usar o símbolo da monarquia. No momento da celebração, o rei colocou a coroa nos pés da estátua da Virgem Maria. Em seguida, D. João IV declarou a Virgem como “Rainha de Portugal” e “Guardiã da Coroa”.

Para os historiadores, a atitude do rei tem duas vertentes. O ato pode ter sido uma declaração de fé do monarca. Do mesmo modo, pode ser uma forma de articular a independência de Portugal, em relação à Espanha, a partir da tradição católica.

Outro rei, que ilustra a distinta relação dos monarcas portugueses com a coroa, é Dom José I. Em uma pintura do monarca, a relação é ainda mais clara. O rei, obviamente, posa sem a coroa. No entanto, o cetro, que segura, está apoiado na mesa, onde a coroa está. Além de apontar diretamente para o objeto, é importante avaliar também a disposição dos elementos do quadro.

A organização demonstra uma relação de associação e aproximação entre o monarca e a coroa. A mesma relação também é vista no retrato pintado do rei Dom João V, o Magnânimo. Ao representar o rei, o artista Pompeo Batoni enaltece a peruca da nobreza. Na época, a peruca era um dos elementos que declarava o poder e a riqueza moral do monarca. A coroa, por outro lado, segue em segundo plano. O objeto permanece na mesa, onde se apoia o cetro real.

A relação estabelecida entre a representação do rei e a tradição política da monarquia é um elemento básico, para entender a concepção política de Portugal, nos séculos bragantinos.

A política em Portugal

Dom Sebastião I de Portugal é um dos grandes nomes da Reconquista ibérica. Além de ter batalhado incessantemente pela vitória do catolicismo, Dom Sebastião também participou da guerra com os mouros em Alcácer-Quibir, atual Marrocos. Essa foi a última batalha em que participou.

Como seu corpo nunca foi encontrado, acredita-se que o monarca nunca morreu. Dizem também que o rei apenas desapareceu como um Messias para cumprir seu destino, o qual era retornar à Portugal, para assumir novamente a Coroa.

Com o desaparecimento, os sucessores de Sebastião e reis temporários do Império, assumiram o poder apenas como guardiões da Coroa Portuguesa. Tal período passou a ser conhecido como Sebastianismo.

Entretanto, nesse universo político, a sacralidade da Coroa continua sendo guardada pela Virgem Maria, padroeira de Portugal e mãe de Cristo. A representação imagética dos reis segue, em sua totalidade, sendo a mesma.

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