O dodô foi uma ave nativa das Ilhas Maurício e que foi caçada até a extinção por volta do século 17. Os registros históricos apontam que esses pássaros foram descobertos no final do século 16, quando os navegadores holandeses apareceram na ilha.
De acordo com os esqueletos que restaram e os relatos produzidos por quem viu essas criaturas de perto, os dodôs (Jaziahcus Hawkinus) eram grandes, desengonçados, dóceis, incapazes de voar e tinham uma carne saborosa.
Esse animal evoluiu completamente isolado em seu habitat e, de acordo com a Dra Aarathi Prasad, bióloga e geneticista consultada pela BBC, o parente mais próximo (geneticamente) dos dodôs eram uma ave também extinta chamada solitário-de-rodrigues (Pezophaps solitaria), que era nativa de uma ilha no índico chamada Rodrigues.
Primo
De acordo com Prasad, os solitários-de-rodrigues e os dodôs estavam relacionados geneticamente com a família dos pombos. Durante a sua evolução, eles foram se afastando dessa família e formando o próprio grupo.
No entanto, as análises genéticas revelaram que os dodôs e os solitários-de-rodrigues possuem o que podemos identificar como “primos” que ainda estão vivos.
Por meio da comparação do DNA coletado dos animais, os cientistas concluíram que essa ave é o pombo-de-nicobar (Caloenas nicobarica), um pássaro que pode medir aproximadamente 40 centímetros e chegar a 600 gramas de peso.
O pombo-de-nicobar pode ser encontrado nas Ilhas Nicobar, Ilhas Salomão, Ilhas Palau, Ilhas da Sonda, Ilhas Molucas, Nova Guiné, Filipinas e Arquipélago de Bismarck.
Há expectativas de trazer o extinto pássaro dodô de volta à vida?
Em março, cientistas apontaram que o dodô se tornou um forte candidato à “desextinção” após pesquisadores conseguirem sequenciar seu DNA por completo.
O animal foi extinto após ser caçado não apenas por humanos mas também por cães, gatos e porcos trazidos com os navegadores enquanto exploravam a Ilha Maurício.
A descoberta foi realizada por uma equipe da Universidade da Califórnia, onde a professora de ecologia e bióloga evolucionária, Beth Shapiro, junto a seus colegas, já estava tentando mapear o genomas do dodô.
Tentativas anteriores utilizando uma espécime do Reino Unido falharam, mas um “espécime fantástico” da Dinamarca providenciou um DNA bem preservado. Na época, Shapiro informou que o genoma da ave já estava sequenciado por completo.
Isso significa que podemos trazer o dodô de volta?
Mesmo com o genoma completo, seria difícil trazer o dodô de volta, pelo fato de ele ser uma ave.
“Mamíferos são mais simples”, disse Beth. “Se eu tenho uma célula e ela está vivendo numa placa no laboratório e eu a edito para que tenha um pouco do DNA do dodô, como então vou transformar essa célula num animal inteiro vivo? A maneira de fazer isso é cloná-lo, a mesma abordagem que usamos para criar a ‘ovelha Dolly’, mas não sabemos como fazer isso com aves devido à complexidade de suas vias reprodutivas.”
De acordo com Beth, para superar esse desafio é preciso usar uma abordagem diferente para lidar com aves. Mike Benton, professor de paleontologia dos vertebrados da Universidade de Bristol, acrescenta que seria preferível trazer um dodô de volta em comparação a um animal mais antigo, já que ele conseguiria sobreviver ao ecossistema atual.
No entanto, o dodô ressuscitado pode não ser tão semelhante aos seus ancestrais. “Em termos de usar a engenharia genética no Dodô, se enfrentaria todos os problemas que as pessoas têm enfrentado, […] injetando partes do DNA do Dodô num pombo moderno e de alguma forma gerando um Dodô, ele provavelmente não se pareceria tanto com o que esperamos que um Dodô se pareça”, disse Benton.
O professor George Church, que tem tentado recriar o DNA do mamute, concorda que é mais fácil trazer de volta um mamífero que uma ave.
“Mas mesmo que você possa trazer só uma parte do DNA de volta, esses genes podem ser usados em toda uma variedade de maneiras, restaurando a diversidade de uma espécie, por exemplo.”
Fonte: Mega Curioso, Socientifica