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Qual o problema dos remakes da Disney?

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Recentemente, ocorreu uma exibição especial do live-action de O Rei Leão. Os críticos e jornalistas, que tiveram o primeiro contato com o filme, apresentaram opiniões divididas. Enquanto de um lado alguns abraçaram a nostalgia e não pouparam elogios, do outro houve reclamações a respeito da falta de elaboração de um roteiro original. Na indústria cinematográfica, é comum uma produção dividir opiniões. Todavia, esse tipo de avaliação tem se tornado recorrente nos projetos da Disney.

Não é de hoje que a Casa do Mickey Mouse tem investido em remakes de seus clássicos. As animações foram a chave para o sucesso que a empresa possui hoje. Branca de Neve e os Sete Anões foi o primeiro filme de Walt Disney. A personagem germânica, de 1937, é a representante primordial entre as princesas da companhia. Qualquer um que esteja minimamente conectado ao mundo da cultura pop, sabe que as heroínas da Disney são equivalentes aos Vingadores da Marvel.

Levando em consideração todo o respeito e amor conquistado por seus personagens, é normal que a companhia tente reviver seu sucesso e lucrar em cima disso. Já comentamos aqui sobre como o show business tem monetizado a nostalgia. Como resultado desse processo, temos séries como Stranger Things e Dark, que retomam elementos das décadas de 1980 e 1990. Entretanto, existe uma grande diferença entre utilizar fatores que despertem o saudosismo dos espectadores de uma forma original, e simplesmente se apoiar nesse fenômeno reproduzindo algo que todos já viram.

A falta de originalidade

Na citada sessão de O Rei Leão, o principal consenso entre as críticas foi o espetáculo visual acompanhado de um roteiro previsível. Obviamente, existem fragmentos da história que não poderiam ser alterados. Afinal, a animação original de 1994 é um cânone. Contudo, o longa de Jon Favreau atingiu realmente as expectativas de ser a adaptação mais fiel da Disney. Foi tão exata que não apresentou nenhuma surpresa.

Se por um lado a falta de originalidade cai no desagrado crítico, esse não parece ser um problema entre o público. Basta utilizar como exemplo o recente Aladdin. No Rotten Tomatoes, o longa recebeu 57% de aprovação entre os profissionais e 94% entre a audiência.

A liberdade criativa

Assim como em Star Wars, a força que rege o mundo do entretenimento é equilibrada. Se a fidelidade do roteiro é um problema, a liberdade criativa também pode ser. Quando Mulan foi anunciado, todos mal podiam esperar para assistir a adaptação da história da primeira e única princesa asiática da Casa do Mickey. Todavia, a partir do momento em que começaram a ser liberadas informações a respeito das modificações no roteiro original, os fãs não ficaram felizes.

À primeira vista parecia inconcebível a ideia de um filme sem Mushu, Lee Shang e música. Porém, as perspectivas mudaram após a divulgação do primeiro trailer da produção. Muitos não sabem que a animação de 1998 fracassou quando foi lançada na China, país de origem da princesa. Isso ocorreu porque o longa conta com estereótipos chineses contados sob uma perspectiva estadunidense. Foi considerado um desrespeito.

Além disso, Mulan é uma heroína nacional no país asiático. Sua lenda a retrata como uma líder forte e independente. E é nessa lenda que o filme de Niki Caro será inspirado, tentando consertar os erros cometidos pela animação da década de 1990. A Disney parece comprometida a alcançar a redenção com a audiência chinesa, já que essa é a produção mais cara da companhia.

O real problema

Após apresentar as perspectivas tanto do público quanto da crítica, é hora de entender o que realmente tem prejudicado os remakes de Disney. É bem simples pra falar a verdade. O problema da Casa do Mickey é a falta de comprometimento com o cinema como arte e a priorização do lucro. Esse não é um comportamento exclusivo dessa companhia. Se Liga da Justiça tivesse sido um sucesso de bilheteria mesmo diante de todos os problemas técnicos, a Warner Bros. já teria lançado a sequência.

A realidade é que ninguém pediu por esses remakes. Tanto a crítica quanto o público estavam satisfeitos com as atemporais animações da década de 1990. Todavia, com a falta de criatividade para produzir um conteúdo original de qualidade, a empresa decidiu tomar o caminho mais fácil. Enquanto estiver contando com bilheterias altíssimas, a companhia não mudará essa fórmula. É conveniente, e em time que está ganhando não se mexe.

As alterações realizadas em Mulan tiveram como princípio a reconquista da audiência chinesa. Ao contrário de duas décadas atrás, hoje o público chinês tem um peso considerável nas bilheterias. Todavia, independente do real intuito da produtora, é importante ressaltar que essas adaptações têm trazido consigo mudanças culturais significativas. Hoje, os filmes contam com mais personagens representativos, e isso é fundamental para uma formação geracional. Porém, como dito por Hannah Collins em seu artigo no CBR, os filmes da Disney não deveriam ser classificados como remakes e sim updates.

E então, qual sua opinião a respeito dos remakes? Concorda ou discorda da gente? Compartilhe sua opinião.

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