Ciência e Tecnologia

Quatro pessoas adquiriram câncer de uma forma jamais vista pela medicina

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Um doador de órgãos de 53 anos, após sua morte em 2007, doou seus rins, pulmões, fígado e coração para cerca de cinco pacientes receptores que aguardavam em uma fila de espera. No entanto, os órgãos que foram disponibilizados para salvar a vida dessas pessoas carregavam com eles um câncer maligno que não havia sido detectado pelos médicos.

O caso serve como um alerta sobre uma possibilidade que a comunidade médica provavelmente não havia se atentado. Quatro dos pacientes que receberam os órgãos ‘infectados’ tiveram câncer e três deles  morreram em consequência disso. Pacientes que possuem tumores malignos, geralmente, são incapazes de fazer doações de órgãos.

Os transplantes

Das cinco pessoas que receberam os órgãos, três delas morreram por causa do desenvolvimento de um câncer de mama que teria sido derivado do doador. O nefrologista do Centro Médico Acadêmico, em Amsterdã, Frederike J. Bemelman, e sua equipe,  relataram o caso em uma recente publicação para o American Journal of Transplantation.

“Muitos relatórios mostraram que a transmissão do câncer pode ocorrer no transplante de órgãos sólidos. No entanto, este é o primeiro relatório descrevendo a transmissão do câncer de mama após um procedimento de múltiplos órgãos de um doador para quatro receptores”, escreveram os pesquisadores.

Após a morte do doador, exames físicos como raios-x, ultrassonografia, entre outros exames, não indicaram nenhum tipo de alteração que comprometesse a doação dos órgãos do paciente doador. Por isso, as doações então aconteceram. O paciente que recebeu o coração do doador morreu cerca de 5 meses depois do transplante porém de condições não relacionadas com câncer ou com o transplante.

Com o tempo, os demais pacientes que receberam os transplantes começaram a perceber os problemas em seu organismo. Cerca de 16 meses após o transplante, em agosto de 2008, a pessoa que recebeu o pulmão doado, após um exame, descobriu que tumores no tecido epitelial estavam se espalhado por todo seu corpo.

As mortes

Um dos pacientes então morreu em 2009, e células cancerígenas do câncer de mama derivadas do doador foram detectadas. Os médicos então iniciaram uma prévia investigação, começando pelo paciente que havia recebido o rim. Nos exames do homem de 62 anos, que recebeu o órgão, nada foi detectado, então a possibilidade de removerem o órgão foi descartada.

Porém, cinco anos depois, ele adoeceu severamente e exames então revelaram o câncer se espalhando por seu rim, fígado, ossos e outras partes de seu corpo. Apenas dois meses após a realização desse exame, o paciente veio a óbito. Uma mulher de 59 anos que recebeu o fígado ‘contaminado’ morreu cerca de 7 anos após a doação e assim como os demais, enfrentou a batalha contra o câncer que se espalhava por seu corpo.

A esperança

Apenas uma pessoas das cinco que receberam os órgãos, sobreviveu. Foi um homem de 32 anos de idade que recebeu um dos rins. Em 2011, seus exames mostraram evidências de câncer e então o rim transplantado foi removido e o paciente recebeu o tratamento adequado para suprimir o câncer.

“Em agosto de 2012, a remoção completa do câncer foi constatada. Em 2017, novos exames foram realizados e o paciente ainda continuava livre do câncer e desejava passar por um segundo transplante”, escreveram os médicos. Como o câncer conseguiu ser exatamente transmitido para os pacientes os pesquisadores não foram capazes de responder.

Entretanto, eles acreditam que as medicações usadas para ajudar o organismo a aceitar os novos órgãos podem ter ajudado os tumores, que estavam indetectáveis, a se espalharem. A transmissão de tumores é, geralmente, muito baixa devida às rigorosas triagens que passam os pacientes antes de doarem seus órgãos e que podem acontecer entre 0,01 e 0,05% dos casos de transplantes.

Bemelman e sua equipe então sugerem que avaliações ainda mais rigorosas sejam realizadas nas triagens para ajudar a prevenir novos casos como esses. Mas também conseguem ver um lado positivo em toda a história, uma vez que puderam constatar que a remoção bem-sucedida do órgão e o tratamento adequado podem ser uma alternativa caso algo parecido venha a se repetir.

“Este caso extraordinário aponta as conseqüências frequentemente fatais do câncer de mama derivado do doador e sugere que a remoção do órgão doador e a restauração da imunidade podem induzir a remissão completa”. escreveram os médicos.

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