Curiosidades

Receitas antigas são feitas a partir de vestígios em potes de barro

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Praticamente todas as pessoas já ouviram falar por aí que cozinhar é uma arte. A gastronomia é um ramo dentro da culinária que abrange todas as técnicas, práticas e conhecimentos que ajudam a construir uma alimentação com qualidade. Não é apenas cozinhar, é estudar cada alimento, cada sabor, cada combinação, e tudo que faça com que você faça pratos magníficos.

E você já imaginou como é que deveria ser as receitas e pratos feitos na antiguidade? As descobertas arqueológicas e registros fósseis podem nos dar muitas informações a respeito de civilizações e animais que já viveram em nosso planeta. E até mesmo das refeições que determinados povos faziam.

Segundo uma pesquisa liderada pela Universidade da Califórnia em Berkley, nos EUA, foi descoberto que as panelas de cerêmica não vitrificadas podem reter os resíduos não somente da última ceia cozida, mas, potencialmente, dos pratos anteriores que foram cozinhados durante todo o uso da panela.

Descoberta

Essa descoberta abre um novo caminho para se desvendar o passado. Ela sugere que as práticas gastronômicas que datam de milênios, como por exemplo, cozinhar peru asteca, pozole de canjica ou o ensopado de feijão, podem ser refeitas com a análise dos compostos químicos que aderiram e foram absorvidos pela cerâmica onde foram preparados.

“Nossos dados podem nos ajudar a reconstruir melhor as refeições e ingredientes específicos que as pessoas consumiam no passado. Isso, por sua vez, pode lançar luz sobre as relações sociais, políticas e ambientais em comunidades antigas”, disse a co-autora do estudo Melanie Miller, pesquisadora no Centro de Pesquisa Arqueológica de Berkeley.

Um experimento culinário foi feito por Miller e pela arqueóloga Christine Hastorf onde sete chefs prepararam, cada um, 50 refeições feitas de combinações de veado, milho e farinha de trigo em potes de cerâmica La Chamba que foram comprados recentemente.

A panela de barro preto polido remonta à América do Sul pré colombiana. E as vasilhas artesanais até os dias de hoje são populares tanto para a preparação de comida quanto para servi-la.

Receitas

A ideia surgiu no seminário de graduação em Arqueologia de Alimentos de Hastorf, em Berkeley. Analisando os resíduos químicos das refeições que foram feitas em cada panela, os pesquisadores procuraram saber se os depósitos encontrados nas vasilhas antigas refletiam os restos do último prato cozido ou também das refeições anteriores.

Ao todo, foram desenvolvidas seis receitas com carne de veado e grãos inteiros e moídos. Eles escolheram ingredientes básicos que podem ser achados em várias partes do mundo. Duas receitas, por exemplo, focaram na canjica feita a partir da imersão do milho em uma solução alcalina. E outras duas usaram farinha de trigo.

“Escolhemos os alimentos com base na facilidade de distinguir os produtos químicos uns dos outros e em como os potes reagiriam aos valores isotópicos e químicos dos alimentos”, disse Hastorf, professora de antropologia de Berkeley que estuda a arqueologia dos alimentos, entre outras coisas.

Semanalmente, cada chef preparava uma refeição experimental em uma panela La Chamba.

Estudo

Cada oitava refeição foi carbonizada. Já que o objetivo era replicar os tipos de resíduos carbonizados que os arqueólgoos costumam achar nos potes antigos. Além de imitar também o que acontecia durante a vida útil do pote. E entre cada refeição os potes eram limpos com água e um galho de macieira.

Durante o estudo nenhum dos potes quebrou. A equipe fez uma análise dos restos carbonizados e das pátinas carbonizadas que se desenvolveram no potes.

As análises químicas dos resíduos mostraram que diferentes escalas de tempo de refeição estavam representadas em diferentes resíduos. Os pedaços carbonizados no fundo de uma panela tinham evidências da última refeição feita, por exemplo.

Já os restos das outras refeições feitas podiam ser achados na pátina. Que se acumulou em outro lugar no interior da panela. Os resultados deram aos cientistas uma ferramenta nova para estudar as dietas antigas. Além de darem pistas para a produção de alimentos, cadeias de abastecimento e distribuição.

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