História

Restos de comida são encontrados em naufrágio romano de 1,7 mil anos

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Quanto tempo os restos de comida duram? Aparentemente, milhares de anos! É isso que uma descoberta surpreendente na Espanha mostrou.

Em 2022, foi divulgada pela Universidade de Cádiz a localização do naufrágio do barco cargueiro do Império Romano Ses Fontanelles, ocorrido no século 4 d.C.

No entanto, novas análises da carga da embarcação saíram apenas em março, dando luz ao que a equipe conseguiu encontrar. Todos os resultados estão no periódico Archeological and Anthropological Sciences, revelando os tipos de alimentos transportados nesse naufrágio.

A carga consistia em 300 ânforas, recipientes destinados ao transporte de alimentos, de três variedades distintas. O tipo mais comum era o Almagro 51c, já conhecido. Outro tipo, a Keay XIX, caracterizava-se por ter um fundo plano, enquanto o terceiro tipo, o Ses Fontanelles I, se destacava por ser maior e mais pesado que os demais.

A maioria das ânforas pertencia ao tipo Almagro 51c. Os estudos indicaram que essas ânforas continham resíduos de molho de peixe, identificados como provenientes de anchovas europeias (Engraulis encrasicolus) e sardinhas.

As ânforas Ses Fontanelles I continham vestígios de óleo vegetal, enquanto as Keay XIX transportavam vinho ou azeitonas conservadas com produtos derivados de uva.

Entre as ânforas, foram descobertos resíduos vegetais, incluindo videiras.

Via Revista Galileu

Eram comida?

Conforme relatos do site da revista Scuba Diver, sugere-se que esses restos de comida não eram exatamente para consumo. Isso porque eles serviam como uma espécie de proteção ou enchimento para evitar o choque entre os potes e, consequentemente, evitar que se quebrassem.

Além disso, identificaram uma única pinha, possivelmente usada para separar as ânforas ou para vedá-las.

Os especialistas também notaram que algumas ânforas apresentavam inscrições pintadas em sua superfície, contendo detalhes como a procedência, o destino, o tipo de produto e possíveis proprietários das mercadorias.

Um desses proprietários foi identificado como “Alunnius et Ausonius”, sugerindo ser o dono de um empreendimento comercial temporário.

Sobre o navio

Conforme registros da época da descoberta do naufrágio, o navio Ses Fontanelles provavelmente partiu da área de Cartagena, localizada no sudeste da Espanha, e navegava pelas rotas comerciais do Mar Mediterrâneo antes de seu naufrágio.

Construído com madeiras duráveis de árvores como cipreste, oliveira e louro, o navio media 12 metros de comprimento por 6 metros de largura e estava em excelente estado de preservação.

No momento da descoberta do naufrágio, além das ânforas, também recuperaram dois tipos de calçados: um feito de couro e outro de fibra. Também encontraram uma panela, uma lamparina a óleo e uma espécie de furadeira, possivelmente utilizada na marcenaria.

Via Revista Galileu

Por que esses restos de comida duraram tanto?

Esses restos de comida encontrados no naufrágio só tiveram identificação por conta de alguns elementos que permitiriam sua durabilidade.

Para começar, arqueólogos acreditam que as condições subaquáticas eram favoráveis, como a falta de oxigênio, por exemplo, além de uma temperatura constante e a ausência de luz, o que pode desacelerar os processos de decomposição.

Além disso, as ânforas eram frequentemente seladas com materiais como resina, cera ou argila, o que ajudava a preservar seu conteúdo ao longo do tempo, criando um ambiente hermeticamente fechado que evitava a entrada de ar e bactérias.

Essas tecnologias da época, mesmo durante navegações, foram cruciais para que nós pudéssemos encontrar os restos de comida depois de mais de mil anos, e conseguir identificá-las.

Essa análise química e biológica pode parecer sem importância, mas é uma forma de entender mais sobre o passado, sobre os povos antigos e seus costumes de viagens.

Ainda, auxilia na identificação de maneiras mais eficientes para armazenar alimentos em grandes viagens, no mar ou em outros meios de transporte mais avançados.

Assim, a identificação e recepção desses restos de comida romanos foram uma descoberta impressionante da arqueologia e servirão de inspiração para outros estudos futuros.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Revista Galileu, Revista Galileu

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