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Será que você é normal? Hoje você vai descobrir a resposta

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Ta aí um conceito bem polêmico: “ser normal”. O que é isso? Será que existem realmente técnicas para ser uma pessoa normal? É frequente nos tempos atuais ouvir queixas sobre normalidade, o que gera descontentamento sobre o assunto.

No dicionário, temos dois conceitos; o primeiro está ligado com a conformidade com as normas, ou seja, se você segue todos os padrões, parabéns, você pode ser considerado um sujeito normal. E obviamente isso divide muitas opiniões. Quer dizer que a pessoa que não segue os padrões de beleza, por exemplo, ou não tem o gosto musical, não pode ser considerada normal? O outro conceito para “normal” diz: “aquele que se encontra no seu estado natural”; o que gera a mesma polêmica anterior e mais algumas questões. O que pode ser considerado um estado natural? Pois bem, já é possível perceber que ser “normal” é uma tarefa difícil, não é mesmo?

De acordo com o médico psiquiatra Luiz Henrique Carneiro Alves, aqueles considerados normais, são os que não apresentam transtornos mentais. Ou seja, para ele, normal é aquele que é saudável mentalmente. “Talvez aí esteja uma das diferenciações mais importantes: nem todo comportamento anormal é necessariamente patológico. Na prática clínica, prefiro falar em saudável/não saudável do que em normal/anormal.”, explica o psiquiatra.

O que é anormal?

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O conceito de normalidade é muito complexo, porque ser “normal” em termos de comportamento tem muita ligação com a cultura, religião e criação. Contudo, esses conceitos nada têm a ver com a ciência. Em questões de ideologia, ser adepto de tais práticas religiosas ou hábitos cotidianos pode ter motivo para considerar alguém um sujeito anormal, entretanto, mentalmente falando, a coisa fica bem mais complexa.

Ser aceito socialmente é ser normal?

Quando o assunto começa a se estreitar, as questões tornam-se ainda mais complexas, pois, como citado acima, o normal é muitas vezes aquilo que está dentro dos padrões de normalidade. Contudo, esses padrões de normalidade não podem ser impostos pelo próprio indivíduo, e sim pela sociedade em que ele vive. Logo, se ele descumpre essas “normas” de comportamento, é considerado “anormal”, no entanto, isso não significa que haja algum transtorno mental nesse indivíduo. Complicado, não é?

Vamos à um exemplo bem explícito: andar nu pelas ruas. Todos sabemos que essa não é uma prática socialmente aceita. Porém, se ela é essa ação é feita em consequência de disfunções no funcionamento mental que afetará as atividades sociais, pode-se dizer que foi um ato patológico, ou seja, resultante de uma disfunção. E, claro que, se foi um ato motivado por um agente externo, seja esse ideológico, cultural ou artístico, não pode ser considerado como anormal.

Outro exemplo: uma pessoa que trabalha, se mantém financeira e socialmente sem maiores prejuízos no dia a dia, e que frequenta um centro espírita onde diz que ouve vozes que outros não podem ouvir não é necessariamente alguém considerado anormal. “Do ponto de vista fenomenológico, nós classificaríamos isso como uma alucinação auditiva, porém, se essa pessoa não tem nenhum prejuízo em suas atividades diárias, mantém um funcionamento satisfatório e está inserido em um meio que aceita esse fenômeno como normal, logo não há transtorno mental”, esclarece o médico.

Porém, se uma pessoa com costumes rotineiros e sem nenhuma variação de comportamento, de repente deixar de dormir, começar a apresentar desfunções na fala e no pensamento, considerar-se grandioso dizendo que escuta mensagens enviadas somente a ela, pois é especial, esses comportamentos provavelmente vão afetar seu emprego, cuidados pessoais e de higiene. “Neste caso, vemos que há um conjunto de sinais e sintomas, uma porção de alterações do comportamento que comprometem o funcionamento individual e que quando compreendidos em conjunto formam um quadro clínico”, explica.

Você precisa de ajuda?

O grade primeiro fator que pode denunciar se alguém não está bem mentalmente é a consequência de agentes internos no seu dia a dia. Por exemplo, o sofrimento ou dor psíquica ou emocional, que pode causar insônia, prejuízos na atenção, memória cognitiva, dificuldade de socialização ou até mesmo de sair de casa. Esses são sinais mais que urgentes de que é preciso procurar ajuda.

O psiquiatra Luiz explica: “Sentir ansiedade ou tristeza é normal, mas não em níveis que tais sentimentos lhe paralisem ou reduzam seu desempenho. Ao ser convidado para apresentar uma aula, fico ansioso e essa ansiedade faz com que eu estude e me prepare para que tudo dê certo, logo é normal ou adaptativa. Agora, se essa ansiedade me faz ficar insone, desatento, com dores abdominais, palpitações, sudorese etc, devo procurar ajuda”.

Maluco beleza

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A ligação de “maluco beleza” que todos fazem à respeito de grandes gênios, é demasiada perigosa, A grande maioria dos portadores de transtornos mentais tem sérios prejuízos no seu cotidiano e muita dificuldade em se estabelecerem na vida, o que inclui manter um emprego ou relações sociais duradouras e saudáveis.

“De fato há alguns quadros psiquiátricos que, por vezes, levam à alguma vantagem. Vemos isso nos casos dos Savants, portadores de autismo que tem uma habilidade única em determinada área do conhecimento (música, matemática, artes, história etc), a despeito do grande prejuízo de interação social”, enfatiza. “Costumo dizer que, para um homem no final do século XV procurar por três diferentes reis a fim de que lhe financiassem uma viagem rumo ao desconhecido, para atravessar um oceano nunca antes atravessado, não poderia ser muito ‘normal’”. Com isso, o psiquiatra conclui que grande parte dos nomes históricos tinham algum tipo de transtorno bipolar. Aspectos de grandiosidade, mudanças constantes de ideias e de personalidade. Esse tipo de comportamento é mais prejudicial do que de fato vantajoso.

Estudos com pacientes bipolares revelaram que em seus estágios de surtos tem uma produtividade mais baixa, ou seja, o estado de permanecer em estado alterado é mais difícil para grandes conquistas, ao contrário da ideia romântica que é feita entre os gênios e a loucura.

Resultado

Ou seja, para a ciência, ser normal não tem nada a ver com como você se veste, seu gosto musical ou suas práticas religiosas ou sexuais. Desde que você seja capaz de se manter socialmente ativo, sem maiores dificuldades de interação, tenha equilíbrio sobre seus dramas emocionais e questões psíquicas e consiga ser produtivo e autônomo de seus próprios afazeres você é considerado um sujeito normal, em plena suas funções. Lembrando que ser diferente ou “meio esquisito” não quer dizer necessariamente que haja uma disfunção mental ou que você seja anormal.

“Todos nós temos, em maior ou menor grau, sofrimento psicológico. Todos temos nossas manias, nossas incompreensões, tristezas e angústias… E isso é perfeitamente normal. Se partirmos desta compreensão, todo mundo tem um pouquinho de ‘anormalidade’ ou sofrimento psíquico”, esclarece o Dr. Luiz.

A ideia que fica é que todos devemos buscar a saúde mental e física. E não a “normalidade”, pois por ser um termo complexo, envolve o lado ideológico, político e religioso de cada ser. E como bem vimos, alguém não pode ser considerado anormal simplesmente por ser diferente. Até porque muitas coisas que era consideradas “normais” são temporais. Logo, isso torna a “normalidade” algo digno de pouca preocupação.

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