Saúde

Síndrome do intestino irritável: estudo descobre como a tensão mental prejudica o intestino

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A síndrome do intestino irritável (SII) é um problema crônico sério que atinge milhares de pessoas, prejudicando o funcionamento do estômago e dos intestinos.

Até mesmo personalidades como a modelo Yasmin Brunet e a atriz e apresentadora Fernanda Paes Leme já compartilharam publicamente que lidam com essa condição.

Embora a dieta desempenhe um papel importante no desencadeamento de crises, manifestadas por sintomas como cólicas, dor abdominal, distensão, gases, diarreia ou constipação, o estresse mental também é reconhecido como um fator significativo nesse processo gastrointestinal.

Não são apenas alimentos que influenciam o SII

Via Freepik

A endocrinologista Deborah Beranger, especialista com formação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB estudou o caso.

Segundo ela, diversos alimentos, especialmente aqueles ricos em FODMAPs (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols), que são carboidratos osmóticos como fibras, podem desencadear os sintomas para algumas pessoas.

No entanto, o estresse mental também desempenha um papel importante em quadros de SII.

Até recentemente, pouco se sabia sobre como exatamente a tensão emocional desencadeia reações no intestino que resultam em desconforto.

Contudo, um estudo recente publicado na revista científica Nature detalha como o estresse atua como o ponto de partida para desencadear essas crises intestinais.

Estudo

Os cientistas submeteram ratos a um estado de estresse crônico para examinar as mudanças ocorridas. Eles observaram que o estresse prolongado, ocorrendo ao longo de semanas, diminuiu os níveis de células que protegem o intestino contra agentes patogênicos.

Isso se deveu a um defeito no metabolismo das células-tronco intestinais, que normalmente se transformam nessas células protetoras.

A ativação do sistema nervoso simpático, responsável pela reação de “luta ou fuga” do corpo e frequentemente desencadeada pelo estresse mental, pode alterar o microbioma.

Algumas bactérias do gênero Lactobacillus, presentes naturalmente no intestino e que se proliferam em condições estressantes, produzem uma substância química chamada indol-3-acetato (IAA).

Os pesquisadores descobriram que níveis elevados de IAA, causados pelo estresse, impediam as células-tronco intestinais dos ratos de se diferenciarem em células protetoras.

Possível tratamento

Uma boa notícia é que, pelo menos para os ratos, os cientistas encontraram um possível tratamento: um suplemento chamado α-cetoglutarato. Ele é usado por alguns fisiculturistas, que iniciou o metabolismo deficiente das células-tronco intestinais.

No entanto, são necessárias mais pesquisas para entender os efeitos a longo prazo desse suplemento e se ele reduz os sintomas de disfunção intestinal.

Mas será que as observações feitas em ratos se aplicam aos humanos? Os pesquisadores reuniram evidências que sugerem que suas descobertas podem ser válidas para os seres humanos: eles encontraram níveis elevados de bactérias Lactobacillus e IAA nas fezes de pessoas com depressão, em comparação com aquelas sem depressão.

Como destaca a endocrinologista, quando estamos em uma posição de estresse, nosso microbioma intestinal também sofre.

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E a alimentação?

Além do estresse, os hábitos alimentares também estão relacionados ao aumento dos episódios de SII. Os disparadores variam de pessoa para pessoa, pois algumas têm maior ou menor tolerância a certos alimentos.

Entretanto, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios costuma ser um fator comum na saúde intestinal.

A médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), recomenda que esses pacientes evitem alimentos ricos em FODMAPs.

Por exemplo, xaropes de milho, mel e algumas frutas, como maçã, pera, manga e cereja, bem como os sucos dessas frutas. Além disso, leite animal, inclusive vaca, ovelha e cabra, também prejudicam.

Os derivados de laticínios contribuem para SII, como queijos, cremes e iogurtes. Outros ingredientes, como massas, farinhas, beterraba, cenoura, quiabo e feijão são listados para se evitar.

Por outro lado, Garcez esclarece que uma dieta restritiva é recomendada apenas temporariamente, até que os alimentos desencadeadores sejam identificados.

Isso ocorre porque, devido ao baixo fornecimento de probióticos na dieta, mantê-la por um longo período pode resultar em problemas como constipação e disbiose.

Assim, uma boa dieta complementa que tratamentos com probióticos suplementares específicos e personalizados. Contudo, se os sintomas persistirem, é importante que o paciente busque atendimento médico para descartar outras condições, identificar os fatores desencadeantes e ajustar a dieta e o estilo de vida.

Ambas especialistas ressaltam a importância de consultar um médico e adotar uma dieta equilibrada, diversificada e composta principalmente por alimentos naturais. Isso deve ser acompanhado por uma boa ingestão de água e a adoção de um estilo de vida saudável.

 

Fonte: Globo

Imagens: Freepik, Freepik

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