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Sobrevivente do acidente de Chernobyl compara a série com a vida real

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A história da explosão catastrófica em Chernobyl fora recentemente relatada na minissérie da HBO. De acordo com dados da Internet Movie Database (IMDB), a narrativa ficcional recebeu a maior pontuação dentro da categoria de seriados. Os russos e ucranianos também assistiram, com classificação favorável no site cinematográfico Kinopoisk. Porém, o que é verdade e o que é ficção no meio disso tudo? “A catástrofe de Chernobyl é representada de uma forma muito poderosa, como uma catástrofe global que absorveu um grande número de pessoas. Além disso, as emoções e o humor naquele momento são mostrados com bastante precisão, tanto entre o pessoal quanto as autoridades. No entanto, os aspectos tecnológicos têm algumas discrepâncias… que podem não ser exatamente mentiras, mas apenas ficção”, afirma o engenheiro Oleksiy Breus. O homem é um dos sobreviventes do acidente de Chernobyl. Ele compara a série com a vida real, especialmente perante os critérios técnicos.

Membro da equipe da fábrica em 1982, Breus se tornou uma testemunha imediatamente após a manhã de 26 de abril de 1986. “Fiquei surpreso por eles terem nos levado até lá”, disse ao chegar no trabalho durante a manhã seguinte à explosão. “O reator parecia tão danificado, parecia que não havia mais nada para fazer lá”.

Segundo o próprio, alguns dos eventos que presenciou foram realisticamente retratados na minissérie, enquanto outros são descritos como ficção. Cuidado com o que vamos relatar nos próximos parágrafos, caso você não seja familiarizado com a história de Chernobyl e queira assistir a produção. São pequenos spoilers, mas ainda assim continuam sendo.

Detalhes não tão verossímeis assim

Uma das cenas mais dramáticas da minissérie mostra três trabalhadores de usinas de energia se voluntariando para entrar em um túnel subterrâneo. O objetivo era o de chegar até uma válvula de drenagem vital sob o reator danificado. Havia temores de que a “lava” do reator derretido pudesse alcançar a água, provocando uma nova explosão potencialmente muito mais poderosa.

Ao contrário dos relatos, todos os três sobreviveram após o acontecimento. O líder da ação, Borys Baranov, morreu em 2005, enquanto Valery Bespalov e Oleksiy Ananenko, ambos engenheiros-chefes de uma das seções do reator, ainda estão vivos na capital, Kiev.

“Era o nosso trabalho”, diz Oleksiy Ananenko, que estava no turno na época. Eles sabiam exatamente onde estavam as válvulas, por isso foram designados para a função. “Se eu não fizesse isso, eles poderiam me demitir. Como eu encontraria outro emprego depois disso?”.

Personagens e as histórias entremeadas

Além disso, o engenheiro aponta algumas imprecisões no que fora disseminado pela minissérie. As narrativas dos três personagens-chave (o diretor da fábrica, Viktor Bryukhanov, o engenheiro-chefe Nikolai Fomin e o engenheiro-chefe adjunto, Anatoly Dyatlov) não são relatadas com o que realmente acontecera.

“Não é nem uma ficção, mas uma mentira descarada”, relata Breus. “Seus personagens são distorcidos e deturpados, como se fossem vilões. Eles não eram nada assim. Possivelmente, Anatoly Dyatlov se tornou o principal anti-herói da série porque foi assim que os trabalhadores da usina perceberam-no. No entanto, mais tarde, essa percepção mudou”.

E o quão preciso foi o retrato sobre a radiação? Breus diz que os criadores da série mostraram bem os efeitos do desastre no corpo humano. Nas horas após a explosão, ele falou com Oleksandr Akimov, o líder do turno no reator número 4, e o operador Leonid Toptunov. “Eles não pareciam bem, para dizer o mínimo”, diz. “Ficou claro que eles se sentiram doentes. Eles estavam muito pálidos. Toptunov ficou literalmente branco”.

E o quão grande era o fogo? O sobrevivente do acidente de Chernobyl compara a série com a vida real. Chegando ao trabalho naquela manhã, Breus diz que não vira nenhum incêndio. “Eu vi o dano no reator número 4. Você podia ver o equipamento e as bombas expostas. Não havia fumaça ou fogo, apenas fumaça vinda da parte danificada”. A maioria dos bombeiros estava derramando água no reator danificado, afirmou. “Um fluxo fino que os bombeiros despejaram provavelmente evaporou antes mesmo de chegar ao reator”.

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