Inovação

Técnica permite aprender novo idioma durante o sono

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Já pensou em aprender uma língua nova dormindo? Essa ideia parece tentadora, especialmente para quem não tem tempo, ou quer se especializar ainda mais, em tempo integral.

No entanto, atualmente não é possível alcançar fluência em línguas difíceis, como japonês ou mandarim, apenas com aulas noturnas.

Ainda assim, existe a possibilidade de absorver algumas palavras e enriquecer o vocabulário usando uma técnica experimental de aprender dormindo.

Matthieu Koroma, um pesquisador da Universidade de Liège (Bélgica), sugere que devemos considerar nossos estados de vigília e sono como complementares no processo de aprendizagem.

Em um artigo para a plataforma The Conversation, ele afirma que, embora aprender dormindo seja possível, é melhor aproveitar nossos estados de vigília e sono para consolidar informações recebidas quando estamos acordados.

Koroma, especialista e um dos responsáveis pela nova técnica de aprendizagem de idiomas, acredita que o estudo passivo durante o sono é uma ótima maneira de consolidar informações adquiridas enquanto estamos acordados.

Via Freepik

Novos idiomas

Para validar métodos de aprendizado de um novo idioma, os pesquisadores inicialmente se concentraram no ensino do japonês.

Eles escolheram esse idioma devido ao número limitado de sílabas possíveis, à potencial proximidade dos sons com o francês e à baixa familiaridade geral das pessoas com essa língua.

Segundo Koroma, o japonês era ideal para a experiência, pois os participantes poderiam facilmente distinguir seus sons, embora as palavras geralmente não fizessem sentido para eles.

O estudo, descrito em um artigo publicado na revista Frontiers in Neuroscience, envolveu 22 adultos sem conhecimento prévio do japonês ou de outros idiomas asiáticos, sendo o idioma nativo deles diferente.

Durante o experimento, os participantes foram expostos ao japonês durante o sono como parte da pesquisa.

Aprender dormindo

Durante o estado de sono pesado, os voluntários foram expostos a pares de sons e imagens, como, por exemplo, uma imagem de um cachorro junto do som de um cachorro latindo.

Quando os voluntários adormeceram, eles reproduziram o mesmo som, mas desta vez com a palavra “inu”, que significa cachorro em japonês.

Na manhã seguinte, os participantes foram solicitados a escolher entre duas imagens para identificar a palavra correspondente em japonês.

Por exemplo, para a palavra “inu”, a imagem correta seria a do cachorro. Os voluntários conseguiram fazer as associações corretas, mas não podiam explicar o motivo de suas respostas.

Segundo Koroma, o experimento mostrou que o aprendizado durante o sono é viável, embora seja lento e implícito, muito diferente do processo de aprendizagem de novas palavras durante o dia, que é mais rápido e requer 10 vezes menos repetições para ser eficaz.

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Nós funcionamos à noite?

Os resultados desta pesquisa reiteram um conhecimento já popular na ciência. Há muito se sabe que o cérebro não permanece inativo durante a noite e continua a processar informações do mundo exterior.

Os pesquisadores também descobriram que emitimos sinais cerebrais específicos quando há uma alta probabilidade de aprendizado de uma nova palavra.

Utilizando um aparelho de eletroencefalograma (EEG), é possível observar que palavras que serão lembradas geram ondas mais lentas na região frontal do cérebro em comparação com aquelas que serão esquecidas.

No entanto, ainda não se compreende completamente o motivo por trás dessa relação.

Estas descobertas iniciais representam apenas o começo da pesquisa que busca viabilizar o aprendizado de um novo idioma durante o sono. Porém, já são promissoras ao demonstrar que o cérebro retém informações auditivas, incluindo palavras novas.

Enquanto pesquisadores estudam essa estratégia, a tecnologia pode ser uma aliada no processo de aprendizado de uma nova língua.

O uso de aplicativos, vídeos e leituras são alternativas que permitem aprender, mesmo que acordado, e facilitam essa ponte entre idiomas mais difíceis. E sempre existirá a possibilidade de colocar conteúdos educativos como som ambiente para dormir!

 

Fonte: Canaltech

Imagens: Freepik, Freepik

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