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Terremotos na Itália são associados a emissões ocultas de CO2

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Terremotos ocorrem em vários lugares do mundo todos os anos. Alguns, de proporções massivas, acabam chamando atenção da mídia, devidos aos grandes estragos que eles acabam causando. Enquanto outros, sequer são sentidos. A não ser pelos sensíveis aparelhos que os cientistas utilizam para estudá-los.

Embora muitos considerem que o solo em que pisamos seja algo estável e sólido, a verdade é que por debaixo dos nossos pés, a Terra está em constante mudança. E em abril de 2009, quando um terremoto atingiu a cidade italiana de L’Aquila, nas montanhas.

Quando se pensava na causa dele poucas pessoas pensariam que o dióxido de carbono  teria alguma coisa a ver com isso. Mas os geólogos foram investigar o caso imediatamente. Logo depois do terremoto de L’Aquila acontecer, uma equipe do Instituto Nacional Italiano de Geofísica e Vulcanologia começou a medir o dióxido de carbono que estava borbulhando em fontes perto. Eles fizeram isso na esperança de detectar quais processos terrestres, sem ser as placas tectônicas, podiam ter desencadeado o choque sísmico.

Emissões

Eles continuaram a analisar amostras de água nascente até 2018 e comparando os pulsos de gás CO2 dissolvido que se originou no subsolo com registros de atividade sísmica. Nesse período, dois outros grandes terremotos abalaram a região.

L’Aquila fica entre a cordilheira dos Apeninos, que percorre toda a extensão da península italiana. Abaixo dela, a nordeste de Roma, tem dois aquíferos subterrâneos que alimentam nascentes superficiais. Nelas, que os pesquisadores conseguiram medir o CO2 expelido abaixo.

As expulsões de CO2 foram medidas em zonas de terremoto nos Apeninos e em outros lugares. Mas essa investigação geoquímica feita por uma década revelou, pela primeira vez, a relação entre o CO2 que escapa pelas falhas geológicas e os terremotos. E isso sugere o quão forte o CO2 pode ser sob o solo. Além de reforçar as previsões de terremotos que virão.

A ascensão do CO2 que está enterrado começa quando as placas tectônicas da cadeia montanhosa dos Apeninos se juntam. Isso faz com que aqueça e derreta as rochas carbonáticas das quais elas são feitas e isso libera o CO2 armazenado dentro delas.

Esse gás se acumula de forma contínua nos reservatórios cerca de 10 a 15 quilômetros abaixo do solo. E se dissolvem em bacias subterrâneas que encontra no seu caminho até a superfície.

Pesquisa

Entre 2009 e 2018, os pesquisadores mediram o conteúdo de carbono em 36 nascentes ao redor de L’Aquila. E eles mostraram como esse processo se alinha a atividade sísmica.

“Os terremotos apenínicos na última década estão claramente associados à ascensão de CO2 derivado profundamente”, disseram eles.

A quantidade de CO2 profundo dissolvido na água da nascente aumentou e caiu paralelamente ao número a a intensidade dos terremotos no decorrer do tempo. O pico das emissões aconteceram nos grandes terremotos e nos períodos de atividade sísmica intensa. E caíram conforme a energia de um terremoto diminuía.

Não é possível dizer se o aumento de CO2 causou algum terremoto. Ou então se as emissões foram somente um efeito colateral parecido com um arroto. Entretanto, os pesquisadores acreditam que o CO2 está subindo de forma contínua das grandes profundidades. E isso enfraquece as fraturas da crosta conforme a pressão aumenta.

Além disso, eles também sugerem que os primeiros tremores de um terremoto pode causar uma liberação repentina de mais bolhas de reservatórios profundos de CO2. Esse processo é bem parecido com o estouro de bolhas que são vistas depois de sacudir uma garrada de bebida com gás.

“A análise das águas subterrâneas permite investigar áreas relativamente grandes e processos tectônicos relacionados em escala regional. O estudo das águas subterrâneas em áreas tectonicamente ativas seria uma ferramenta poderosa para estimar melhor o orçamento global das emissões tectônicas de dióxido de carbono na atmosfera”, disseram os pesquisadores.

“Esperamos que um monitoramento contínuo das nascentes de água seja a melhor maneira de rastrear as emissões de CO2 profundamente produzidas. Para entender melhor a relação causal com a sismicidade”, concluíram.

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