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É possível treinar o olfato para combater sintomas de Covid-19?

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Atualmente, muitas pesquisas afirmam que existe uma conexão entre a perda do olfato e o novo coronavírus. “Em nosso estudo, que foi realizado em 15 hospitais em toda a Espanha, de 989 pacientes com Covid-19, 53% tiveram alteração no olfato”, afirma Adriana Izquierdo Domínguez, alergista do Centro Médico Teknón em Barcelona e integrante da Sociedade Espanhola de Otorrinolaringologia (SEORL). Dessa forma, muitos especialistas se perguntaram: É possível treinar o olfato para combater sintomas de Covid-19?

Em 2009, Thomas Hummel, especialista do Centro de Olfato e Paladar da Universidade de Dresden, na Alemanha, publicou um artigo avaliando a eficácia do treinamento olfativo. Assim, com a atual pandemia, muitas pessoas decidiriam buscar o treinamento. Mas, será que realmente funcionou?

Sentir cheiros se tornou um verdadeiro pesadelo

Para Saulo Segreto, que contraiu Covid-19 e mora no Rio de Janeiro, foi fundamental para sua recuperação o tratamento. “Procurei três otorrinolaringologistas, um neurologista e um pneumologista. Inclusive um deles me passou um antiepiléptico que me deixou bem mal. E através de buscas incansáveis na internet cheguei ao AbScent, que foi fundamental para manter a calma e encontrar suporte”, afirma.

No caso da Covid-19, não existe um tratamento específico para se tratar da doença. Entretanto, especialistas utilizam técnicas com finalidades semelhantes há pelo menos uma década. Com isso, a reabilitação busca inalar diferentes odores. Isso acontece duas vezes ao dia e deve ser feito com concentração. “Tem que ser todos os dias, e são inalações curtas, mais ou menos de 20 segundos”, afirma Portillo Mazal, otorrinolaringologista e especialista em olfato e paladar do Hospital Italiano de Buenos Aires.

Em seu tratamento, Mazal utiliza quatro fracos com cheiros diferentes. Desse modo, ele utiliza rosa, limão, cravo e eucalipto. Entretanto, é possível utilizar outras substâncias. “Tenho duas variantes. Uma é com óleos, que podem ser de frutas, flores, hortelã-pimenta, ou coisas como lavanda, tomilho ou cravo. Os pacientes põem cerca de 40 gotas em um algodão ou em um pedaço de papel, repetindo o procedimento de vez em quando”, afirma. “A outra opção é um kit com as coisas da casa: mando meus pacientes prepararem potes com café, sabão em pó, orégano ou chocolate picado, por exemplo”, completa.

Como funciona o tratamento proposto pelo especialista?

Na Espanha, a Unidade de Treinamento Olfativo do Hospital Quirónsalud Sagrado Corazón de Sevilha oferece esse tipo de tratamento. “Por duas ou três semanas, submetemos os pacientes a odores e concentrações diferentes por 15 a 20 minutos”, afirma Juan Manuel Maza, rinologista e diretor do centro e cirurgião da base do crânio do Hospital Universitário Virgen Macarena de Sevilha.

Para o rinologista, é possível tratar a infecção. “Podemos treinar a diferenciação. Com um estímulo repetido, fazemos o paciente começar a identificar e discriminar esse odor”, afirma. “E depois de três semanas, os pacientes podem ter acesso a odores ou fórmulas que coletam em diferentes farmácias e dedicam aproximadamente três minutos por dia ao treinamento”, completa.

Em todo caso, é preciso se concentrar. Dessa forma, utilizam-se memórias e o foco do paciente. Assim, na maioria dos casos, cerca de 60%, os pacientes apresentam algum tipo de melhora. Porém, essa melhora se dá apenas em certo ponto. Isso porque, nem sempre é possível recuperar o que foi perdido.

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