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Tsunami que aconteceu há 600 anos pode ter mudado a História

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Em dezembro de 2004, ondas de até 30 metros de altura devastaram as margens de Achém, um território localizado na Indonésia, na ponta setentrional da ilha de Sumatra. Tudo ocorreu devido a um terremoto submarino que atingiu a costa, provocando um tsunami que atingiu as linhas costeiras ao longo do Oceano Índico.

Aproximadamente 160 mil pessoas morreram em Achém, em decorrência da catástrofe natural. Outras milhares precisaram ser deslocadas. Segundo um estudo publicado recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, algo semelhante ocorreu há cerca de 600 anos.

De acordo com evidências apresentadas no estudo, um tsunami parece ter varrido aldeias costeiras em Achém, resultando na devastação da região. O evento pode ter desempenhado um papel na ascensão do poderoso sultanato de Achém.

Em 2006, o arqueólogo Patrick Daly trabalhava com as autoridades locais de Achém para preservar os locais culturais e religiosos que foram danificados pelo tsunami em 2004. Durante o trabalho, foram encontradas lápides muçulmanas históricas desgastadas e que estavam espalhadas ao longo da costa. “Vê-las arremessadas ​​e jogadas de lado, isso foi bastante desolador”, disse ele.

O grande tsunami

O pesquisador começou a se questionar com que frequência esses tsunamis poderiam ter ocorrido no passado. E se caso eles tivessem de fato ocorrido, como eles poderiam ter afetado os moradores de Achém. A ponta setentrional da ilha de Sumatra, onde fica a capital de Achém, Banda Aceh, era o primeiro e último porto na travessia de navios na Baía de Bengala. O sultanato de Achém, que surgiu no século XVI, tornou-se uma das poucos potências do sudeste asiático a resistir ao colonialismo que atravessou os séculos.

Patrick e uma equipe da Syiah Kuala University, em Achém, visitaram vilarejos litorâneos e conversaram com os mais velhos do lugar, mapeando traços de presença humana histórica, como lápides, fragmentos de cerâmica e antigas fundações de mesquitas.

“O primeiro mapa que recebi contou a maior parte da história”, diz Daly. “Foi impressionante. Podemos ver todas essas solidificações muito discretas de material ao longo da costa. Dez assentamentos surgiram de forma muito distinta”.

Se baseando na idade de algumas peças de cerâmica nesses assentamentos, os pesquisadores descobriram algo impressionante. As aldeias costeiras parecem ter surgido nos séculos XI e XII. No entanto, nove dos assentamentos ao longo da costa parecem ter sido abandonados por volta de 1400.

Evidências geológicas sugeriram que um tsunami atingiu a região em 1394. Tal tsunami, semelhante ao ocorrido em 2004, destruiu todas as aldeias baixas da região. “Não tínhamos ideia da extensão disso – quão grande, quão poderoso, quão destrutivo foi”, disse Patrick.

Evidências

O único assentamento que parece ter sobrevivido a este tsunami estava em um local no topo de uma colina. Fora do alcance das marés. Ele foi identificado por Patrick e equipe como Lamri, local de comércio conhecido nos registros históricos marítimos medievais da Rota da Seda. No local, foram encontradas cerâmicas de alta qualidade de todas as partes da China e até mesmo da Síria.

Lamri, no entanto, entrou em declínio por volta do início do século XVI. Algumas décadas antes, as pessoas haviam começado a reconstruir as aldeias destruídas pelo tsunami. O comércio estava sendo redirecionado para regiões de baixa altitude. Isso ficou evidente devido ao aumento de cerâmicas e lápides com nomes da elite do Estreito de Malaca.

Patrick acredita que as áreas costeiras não foram reassentadas por sobreviventes locais. Ao invés disso, eles acreditam que a destruição provocada pelo tsunami deu aos comerciantes muçulmanos um terreno vago para ocuparem, quando os europeus começaram a disputar influência na região. Os recém chegados podem ter formado um núcleo de apoio ao futuro sultanato de Achém.

“Você pode ter um evento de tsunami seguido por um período de renascimento e construção absolutos”, disse o geoarqueólogo da Universidade de Haifa, em Israel, Beverly Goodman.

Arqueólogos e geólogos acreditam que ao estudarmos antigos tsunamis podemos compreende melhor os riscos modernos. “Se confiarmos apenas no registro de que estamos cientes, acabamos subestimando significativamente a frequência e o tamanho do impacto dos tsunamis em todo o mundo”, afirmou Goodman.

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