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A ciência por trás do Mundo Invertido de ‘Stranger Things’

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Assistir a série do momento, “Stranger Things”, é como voltar no tempo. Com referências como Goonies, Poltergeist e Caverna do Dragão, a série consegue transmitir a sensação de algo já visto, mas completamente novo. É como voltar para a época em que você só andava de bicicleta pelo bairro e gastava todo seu tempo livre com seus amigos por aí, só que com alienígenas/demônios/monstros aterrorizando sua cidade.

Para conseguir esse efeito que garante o sucesso da série, “Stranger Things” conta com inspiração nas referências já citadas, assim como várias outras menos óbvias, como Theodor Kaluza, Oscar Klein, Edward Witten e Hugh Everett, sendo que o último é tão importante que foi citado pelo professor de física na primeira temporada.

Isso porque o professor dos meninos cita a “Hipótese dos Muitos Mundos”, que Everett lançou em 1957. Essa seria a primeira teoria científica sobre a possibilidade de existir universos paralelos, o que já é uma ideia popular, tanto dentro quanto fora do universo “Stranger Things”. Porém, menos popular é o que levou Everett a formular essa teoria.

Hipótese dos Muitos Mundos

O físico estadunidense estava fissurado com uma característica da física quântica, a ciência que estuda o comportamento das partículas subatômicas. A questão era a seguinte: se você fosse uma partícula, você não seria você, seria uma nuvem. Considerando que nuvens são formadas por moléculas de água, você é formado de infinitas versões de você.

Então, quando alguém fosse te visitar, você mudaria, visto que o sujeito não conseguiria ver as infinitas versões. Ao aproximar, uma das versões apareceria na frente dele e todas as outras deixariam de existir no mesmo instante. Parece ser um plot de um filme, mas é assim que a física quântica opera.

Assim, um elétron, ou qualquer partícula pequena o suficiente, não é um elétron, e sim uma “nuvem de possibilidades”. Para compreender melhor, vale destacar que o mesmo elétron está em vários lugares ao mesmo tempo.

Suponha que você encontre o elétron no ponto da nuvem em que ele tinha 5% de chance de aparecer. Logo, o que aconteceria é que todos os outros pontos da nuvem em que ele poderia aparecer deixariam de existir. Uma infinidade de possibilidades deixam de existir para que a nuvem de probabilidades desse à luz uma única partícula.

Multiverso

Reprodução

Dessa forma, isso é um fato comprovado por um século inteiro de experimentos, mas a questão que fica é: para onde vão “os outros elétrons”? Everett defendia que cada um vai para um universo paralelo diferente. Para ele, quando você encontra um elétron, isso não significa que os outros evaporaram e sim que você se dividiu em cópias infinitas, espalhadas por vários universos paralelos.

Assim sendo, essa teoria não é um chute no escuro. Everett se baseou em matemática sólida. Logo, ele explica que não existe um único universo e sim um gigantesco e infinito multiverso, igual àquele tão debatido em “Doutor Estranho”. Portanto, dentro do multiverso, tudo que pode acontecer, acontece, segundo Everett.

Tanto que o professor Clarke, admirador de Everett, diz: “Pela Teoria dos Muitos Mundos, existe um universo onde esta tragédia [o desaparecimento de Will] não aconteceu”. Sendo assim, na prática, não conseguimos acessar os outros universos. Na física teórica atual, outros universos podem existir sem problemas, desde que estejam em outras dimensões, conceito de Theodor Kaluza e Oscar Klein, físicos do início do século 20.

Kaluza levantou a ideia de que se o nosso universo tivesse quatro dimensões, a gravidade funcionaria de acordo com as equações que regem o eletromagnetismo. Logo, a gravidade seria tão significante quanto a força eletromagnética. Porém, nosso mundo tem apenas três dimensões.

Já Klein salvou a teoria com outra tese: a de que haveria várias dimensões, só que elas estariam entrelaçadas em espaços microscópicos. Essa hipótese vem de um exemplo clássico da física: o da formiga e do canudo. Imagine um canudo enorme, do tamanho de um prédio de 30 andares. De longe, o canudo seria tão fino que parece unidimensional ou até inexistente. Mas, do ponto de vista da formiga lá dentro, a paisagem é completamente diferente.

Mundo Invertido de Stranger Things

Mundo Invertido de Stranger Things

Reprodução

Com esse exemplo dos anos 20, os roteiristas de “Stranger Things” formularam o exemplo da pulga e do equilibrista, que deu título a um dos episódios da primeira temporada. O equilibrista é você, que só pode andar para frente e para trás, uma única dimensão espacial. E a corda é o canudo de Klein, com a pulga podendo se mover livremente pela corda, atravessando as três dimensões de espaço, igual à formiga.

Basicamente, o Mundo Invertido é o mundo das dimensões enroladas. Assim, o conceito das dimensões enroladas serve de base para a teoria das cordas. Portanto, os físicos partidários dela acreditam que o mundo tem nove dimensões, que são responsáveis pelo eletromagnetismo ser mais forte que a gravidade, entre outras coisas.

Dessa forma, seis das nove dimensões estariam enroladas e as três que nós vivemos estão estendidas. Como é praticamente impossível “furar” as outras dimensões, os pesquisadores seguem imaginando como seria o mundo multidimensional, como o de “Stranger Things”.

Uma teoria recente é de Edward Witten, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Ele concluiu que o multiverso é composto por vários universos com 10 dimensões cada, nove de espaço e uma de tempo. Das nove, um universo pode ter três dimensões estendidas e seis enroladas, sendo esse o nosso caso. Porém, outro universo poderia ter quatro dimensões estendidas e cinco enroladas e a vida iria experienciar uma realidade completamente diferente.

Eleven

Além disso, a teoria de Witten envelopa os universos infinitos de dez dimensões em mais outra dimensão, uma décima-primeira. Essa dimensão faria o papel de “caldo” por onde flutuam os outros universos, sendo a única coisa que “toca” todos os universos paralelos. Portanto, talvez os criadores de “Stranger Things” realmente estudaram bastante física para criar a série, e o nome da protagonista, Eleven (onze), não é coincidência.

Fonte: Superinteressante

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