Saúde

A partir de que idade criança pode fazer cirurgia plástica?

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A cirurgia plástica em crianças, ao contrário dos adultos, não é uma prática difundida no Brasil, apesar de ser mais comum em outras partes do mundo.

Mesmo assim, quando se trata de menores de idade, surgem questionamentos sobre os benefícios e os riscos para o bem-estar psicológico, dado que muitas vezes elas ainda não possuem maturidade suficiente para compreender plenamente a situação.

Tatiana Moura, cirurgiã plástica e membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que também é voluntária na equipe de Cirurgia Plástica Infantil no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que certos procedimentos podem ser realizados precocemente, especialmente aqueles de natureza reparadora.

Desde as primeiras horas de vida, intervenções cirúrgicas são realizadas em bebês que nascem com certas condições, como por exemplo, defeitos na coluna, lábio leporino, fenda palatina, ou que apresentam dificuldades de abertura das pálpebras.

Posteriormente, são frequentes procedimentos como a remoção de hemangiomas, que são crescimentos excessivos dos vasos sanguíneos ou a correção de malformações mamárias. Ainda, popularizou-se a otoplastia, conhecida correção de orelhas proeminentes, além de intervenções para tratar traumas decorrentes de acidentes domésticos, queimaduras e ataques de animais.

Portanto, segundo a especialista, não há uma idade mínima estabelecida para cirurgia plástica em crianças, mas sim um momento mais adequado para cada caso específico.

Quando fazer cirurgia plástica em crianças?

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Por exemplo, recomenda-se que a otoplastia, uma das cirurgias estéticas mais procuradas para crianças, seja realizada a partir dos 6 anos de idade.

Isso porque, durante a infância, a orelha cresce mais rapidamente do que a cabeça, mas aos 6 anos, esse crescimento se torna mais equilibrado. Além disso, nessa fase da vida, a cartilagem é mais maleável e há menos chances de recidiva, explicam especialistas.

Quanto à anestesia, a escolha depende da idade da criança, sendo geralmente mais prudente optar pela anestesia geral. Por volta dos 10 anos, já é possível realizar a sedação.

Além disso, os avanços na anestesia geral são significativos. O paciente desperta rapidamente, não experimenta desconforto e recebe alta no mesmo dia, reforça a médica.

No que diz respeito à recuperação, esta costuma ser a parte mais desconfortável da cirurgia plástica em crianças, por conta de faixas.

Se o paciente tiver motivação, geralmente não se queixa do uso da faixa. A dor é um pouco intensa devido à cartilagem, mas pode ser controlada com analgésicos. O período pós-operatório costuma durar cerca de dois meses, mas não costuma interferir muito na rotina.

Como saber se a criança está pronta?

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Para a cirurgiã Tatiana Moura, a correção cirúrgica pode ser uma aliada significativa no combate ao bullying, pois melhora a autoconfiança das crianças.

No entanto, ela ressalta que é crucial que o desejo de mudança venha também da própria criança.

Por isso, ela reforça conversas com o paciente, desde que tenha idade para entender o que aquilo significa. A médica costuma deixar claro para a criança o que ela ganhará com a cirurgia, mas, principalmente, qual é o papel a desempenhar.

Ainda, indica que qualquer indicativo de insegurança é um sinal para adiar o procedimento até um momento de maior certeza.

No entanto, se estiverem realmente incomodadas, a cirurgia plástica em crianças consegue resolver essa questão e aumentar a qualidade de vida. É importante que a vontade seja da criança, e não somente dos pais.

Opinião adulta

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Por outro lado, o pediatra Eduardo Goldenstein, do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP-SP), acredita que nem sempre a decisão final precisa ser deixada para a criança.

Conforme ele aponta, certas questões são decisões que os pais devem tomar, e não as crianças. Os pais têm mais experiência e compreendem o que está por vir. Eles não devem hesitar em tomar decisões em nome dos filhos, opina o médico.

Assim, os responsáveis realmente precisam intervir, conversar com o médico e chegar a uma conclusão sobre a necessidade da cirurgia plástica em crianças.

Mesmo assim, vale consultar o menor de idade e explicar o que está acontecendo, sem que nenhuma das partes tome uma decisão sozinha.

Além disso, ambos os especialistas alertam para um aspecto importante, o bullying e a pressão familiar. Quando a provocação surge em casa, mesmo que não intencional, cria uma situação desconfortável de pressão para a criança.

Mesmo com a expectativa grande para que as crianças e os pais sejam perfeitos, é fundamental que o ambiente familiar seja acolhedor, o primeiro passo para que a intervenção seja um sucesso.

 

Fonte: Revista Crescer

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