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Agroglifos: o que diz a ciência sobre os desenhos que aparecem em plantações

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Os agroglifos se tornaram famosos nos anos 90, e até hoje muito se diz sobre a existência desses desenhos enigmáticos nas plantações.

Na Idade Média, já começaram a surgir registros iniciais de desenhos identificáveis em campos cultivados.

Contudo, foi na década de 1980 que os agroglifos ganharam notoriedade, aparecendo em campos de trigo e cereais na Escócia e na Inglaterra.

Originados pelo achatamento da vegetação, essas imagens despertaram curiosidade, dando origem a diversas teorias sobre sua procedência, discussões que persistem até hoje.

Em 1991, a verdade por trás dos desenhos veio à tona quando dois artistas, Doug Bower e Dave Chorley, confessaram ter criado mais de 200 agroglifos na última década.

Utilizando tábuas e cordas, eles amassavam a plantação para criar as formas desejadas, sendo as cordas responsáveis por garantir precisão nos movimentos, resultando em imagens esteticamente agradáveis.

Um ano após essa revelação, um concurso de círculos nas colheitas foi realizado no país, com o apoio de jornais como The Guardian e The Cerealogist, além de uma revista científica alemã.

Participantes variavam desde estudantes da Universidade de Cambridge até uma dupla de mulheres acompanhadas por um Cão de Montanha dos Pirineus, treinado especificamente para puxar tábuas.

Via Estadão

A ciência explica

Os resultados foram conclusivos: os humanos eram capazes de criar todos os padrões presentes nos círculos de colheita da época.

Onze dos doze times participantes conseguiram produzir formações impressionantes que seguiam os designs propostos, conforme relatou um dos organizadores da competição em 2010.

Apesar dessa explicação, os agroglifos continuam a fascinar e alimentar a imaginação humana. Recentemente, a cidade de Ipuaçu, em Santa Catarina, testemunhou formas geométricas impressionantes desenhadas em um campo de trigo, capturadas em fotos e compartilhadas nas redes sociais.

Isso não é novidade no estado, pois agroglifos já foram avistados pelo menos quatro vezes em Ipuaçu desde 2008, segundo a prefeitura local.

Desenhos nas colheitas

As representações dos círculos nas colheitas não possuem uma interpretação conhecida, adicionando um toque de mistério aos desenhos. Desde a descoberta do primeiro agroglifo em 2008, a cidade, com pouco mais de 7 mil habitantes, atrai ufólogos que associam as figuras à atividade de seres extraterrestres.

De acordo com a prefeitura, Ipuaçu ficou conhecida como a “cidade dos ETs”. As imagens capturam vários agroglifos ao longo dos anos variam em tamanho, medindo entre 19 e 44 metros.

Contudo, a hipótese de artistas extraterrestres deixando desenhos em áreas rurais do Brasil não encontra respaldo entre especialistas de diversas áreas.

Adolfo Stotz Neto, astrônomo e presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da Universidade Federal de Santa Catarina, destaca que a técnica de Bower e Chorley nos anos 1980 ainda serve para criar os recortes nas plantações.

O historiador Hernan Mostajo, que se interessou por ufologia na adolescência, ressalta que a ufologia tem sido marcada por invencionices e especulações conspiratórias, com poucos fundamentos científicos.

Ele, diretor do Museu Internacional de Ufologia, História e Ciência em Itaara (RS), afirma que não nega a possibilidade de existência de extraterrestres. Contudo, questiona se uma vida tão distante teria a inteligência e a capacidade de chegar à Terra.

O professor Adolfo Stotz Neto compartilha a mesma dúvida, explicando que para um ser de outro sistema astronômico alcançar a Terra, enfrentaria uma jornada de cerca de 50 trilhões de quilômetros.

Dessa forma, poderia levar até 600 mil anos. Ele questiona a lógica de deixar um desenho em uma plantação de trigo se tivesse a tecnologia e resistência física para realizar tal viagem.

Condições de acamamento

Além da intervenção humana deliberada, existem processos naturais capazes de resultar no achatamento de colheitas, conhecido como acamamento, caracterizado pelo tombamento ou arqueamento das plantas.

Segundo o agrônomo Luiz Henrique Skodowski, esse fenômeno pode estar relacionado ao crescimento excessivo das plantas ou ser influenciado por diversos fatores.

Ele explica que condições como chuvas intensas e ventos fortes podem levar as plantas a tombar, forçando o acamamento.

Outras condições incluem características genéticas da vegetação, como a espessura do caule, a resistência das bainhas (a parte que liga a folha ao caule), a altura e o peso da parte superior da planta, bem como práticas de manejo e aspectos da produção.

Entre os fatores de produção, o agrônomo destaca a densidade de plantas por metro, pois quanto mais numerosas, mais as plantas precisam se esticar para alcançar a luz solar.

Assim, maior a quantidade de raízes que sustentam a cultura e o suporte populacional, que ocorre quando uma planta “segura” a outra.

Embora o acamamento pareça indicar a ação de um agente externo, trata-se de um estado que resulta em achatamento aleatório. Ele pode criar padrões diversos na plantação, como círculos e linhas que se assemelham a um labirinto.

Isso diferencia aos agroglifos das observadas em lugares como Ipuaçu, onde, de acordo com Skodowski, as formações geometricamente perfeitas são ações humanas.

Via Estadão

Agroglifos de Ipuaçu

Para o astrônomo Adolfo Stotz Neto, outro ponto a considerar é que os agroglifos estão sempre em plantações de grãos e cereais, como trigo e milho. Eles são facilmente esmagáveis e não retomam suas posições originais.

O historiador Hernan Mostajo acrescenta mais uma observação: a ausência de radioatividade no solo ou as alterações na estrutura das plantas. Ele que conduziu estudos em Ipuaçu durante o aparecimento de agroglifos anteriores,

Segundo o estudo, se houvesse algo supostamente extraterrestre na Terra, poderia trazer uma radiação diferente da radiação natural terrestre, tanto no solo quanto nas plantas.

Contudo, a única alteração observada na cidade foi o achatamento das colheitas, algo que, segundo ele, qualquer ser humano poderia realizar facilmente.

 

Fonte: Estadão

Imagens: Estadão, Estadão

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