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Antropoceno lunar: satélite entra em nova era geológica devido a mudanças causadas pelo homem, dizem cientistas

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A Lua entrou em uma nova era geológica, conforme proposto por alguns cientistas em um artigo publicado na revista Nature Geoscience em dezembro, mas a proposta do Antropoceno Lunar traz novas informações.

Isso porque uma pesquisa sugere que mudanças significativas têm ocorrido no astro devido às atividades humanas, de aproximadamente 65 anos atrás, desde a aterrissagem da espaçonave não tripulada Luna 2, da antiga URSS, em sua superfície. Esse marco inicial seria o início do “Antropoceno Lunar”.

A NASA alega que a Luna 2 criou uma cratera ao pousar no satélite, localizada entre as regiões lunares de Mare Imbrium e Mare Serenitatis, marcando o início dos esforços exploratórios na Lua.

Justin Holcomb, o principal autor do artigo, destaca em um comunicado citado pela CNN que o processo é comparável à discussão do Antropoceno na Terra, explorando o impacto humano no planeta.

Holcomb, pesquisador de pós-doutorado do Kansas Geological Survey da Universidade do Kansas, explica que o consenso é que na Terra, o Antropoceno começou em algum momento no passado, seja há centenas de milhares de anos ou na década de 1950.

Da mesma forma, na Lua, existem argumentos de que o Antropoceno Lunar já começou, mas os pesquisadores buscam evitar danos significativos ou atrasos no reconhecimento.

A intenção é evitar mais danos até que consigam medir a dimensão da intervenção das atividades humanas antes que seja tarde demais.

Via Nasa

Antropoceno lunar x terrestre

A concepção dessa nova etapa na história lunar surge em um momento de intensificação das explorações e renovado interesse pelo satélite, após décadas. A expectativa é de que ocorram mais transformações com o aumento da exploração, independentemente da abordagem adotada.

Enquanto na Terra, palco de exploração em massa e de impactos significativos na fauna e flora, são numerosas as tentativas, legislações e iniciativas para preservar áreas sensíveis, na Lua, o impacto humano está visível em toda parte.

O satélite, desprovido de atmosfera própria como a Terra, está sujeito a micrometeoritos, que os pesquisadores referem como “regolito”. Trata-se de processos envolvendo a movimentação de sedimentos, como o impacto de meteoroides.

Contudo, ao considerar o impacto de veículos, sondas e da atividade humana, eles perturbam de maneira significativa o regolito, como explica o especialista. Ele ressalta que pelo menos 58 locais na superfície lunar sofreram “perturbações” provocadas por ações humanas.

Os pousos bem-sucedidos e malogrados na superfície lunar, que são notoriamente desafiadores, resultaram em diversas crateras. Simultaneamente, inúmeros objetos foram deixados na região durante as missões, incluindo bandeiras, fotografias e até centenas de sacos contendo fezes e urina, abandonados durante os pousos da missão Apollo.

Missões

Conforme levantamentos, 12 astronautas da agência americana caminharam pela Lua entre 1969, ano em que o homem pisou pela primeira vez no satélite, e 1972. A previsão é de que o retorno de astronautas ao satélite aconteça em setembro de 2026, como parte da missão Artemis III.

Dessa forma, os pesquisadores destacam que assinalar uma nova fase na Lua implica enfatizar que as alterações no satélite não são naturais e não ocorreriam sem a intervenção humana.

Assim, missões futuras devem contemplar a mitigação dos efeitos prejudiciais nos ambientes lunares, declara o pesquisador.

‘Herança espacial’

Via Nasa

Enquanto isso, é fundamental preservar determinadas alterações, pois são fragmentos de História destinados a um futuro próximo. Os pesquisadores ressaltam a relevância de proteger os locais de pouso, como os da missão Apollo, junto com as pegadas deixadas para trás, e catalogar os itens abandonados, considerando-os elementos de uma “herança espacial”.

No entanto, o desafio é complexo, pois a Lua não está submetida a nenhum Estado específico ou jurisdição.

Pesquisadores apontam que essa discussão é recorrente nas pesquisas, especialmente sobre a importância do material lunar e das pegadas na Lua como recursos valiosos.

Isso porque eles são como um registro arqueológico que é preciso preservar. Ainda, ressaltam que a proposta de destacar o Antropoceno Lunar visa também aumentar a conscientização sobre a importância do satélite.

Essas marcas estão intricadamente ligadas à narrativa abrangente da evolução. Assim, é dentro dessa estrutura que a equipe busca despertar o interesse não apenas de cientistas planetários, mas também de arqueólogos e antropólogos que normalmente não participam de discussões sobre ciência planetária.

 

Fonte: Globo

Imagens: Nasa, Nasa

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