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Água na Lua: parece que a ciência estava errada

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Uma pesquisa de uma pós-doutoranda resultou em uma descoberta que tem o potencial de redefinir nossa compreensão sobre a presença de água na Lua.

Isso porque os dados coletados indicam que a crosta lunar, que compõe a superfície do satélite natural, foi enriquecida com água há mais de 4 bilhões de anos. Publicado na revista Nature Astronomy, o estudo desafia as concepções anteriores sobre o tema.

Tara Hayden, a pós-doutoranda responsável pela descoberta, examinou uma rocha que ela identificou como originária da Lua. Em sua análise, ela identificou, pela primeira vez, um dos fosfatos minerais mais comuns, a apatita, na amostra da crosta lunar.

Os resultados da pesquisa conduziram a conclusões intrigantes. Agora, existem evidências de que a crosta lunar abriga uma quantidade significativamente maior de água do que se acreditava anteriormente. Essa descoberta está sendo considerada um marco que promete abrir novas perspectivas no estudo da história lunar.

Via Nasa

Especialistas estão animados

A autora do estudo e outros especialistas definem a descoberta da presença de água na Lua como “extremamente emocionante”. Isso porque será possível reconstruir um estágio previamente desconhecido da história lunar.

Conforme relato, a equipe observou que a crosta inicial da Lua era mais rica em água do que inicialmente previsto, e os isótopos estáveis e voláteis revelam uma narrativa ainda mais complexa do que eles tinham conhecimento.

Até recentemente, as amostras de rochas lunares que passavam por análise eram provenientes das missões Apollo. No entanto, objetos coletados mais recentemente estão proporcionando novas informações sobre a evolução desse astro.

Dessa forma, ampliam o conhecimento que temos sobre o tema. Inicialmente consideradas “pobres em volatilidade”, as amostras das missões Apollo, agora, revelam aspectos adicionais com as análises mais recentes.

Amostras de Apollo eram de 2008

Amostras coletadas nas missões Apollo também foram capazes de contribuir para descobertas relacionadas à presença de água na Lua, embora não tão vividamente como agora.

Em 2008, o pesquisador Alberto Saal, em colaboração com outros cientistas, identificou quantidades significativas de água e outros fluidos nas esferas de vidro da coleção de amostras da Apollo.

O atual feito representa, assim, quinze anos de reanálise dessas amostras coletadas na Apollo. Os elementos da descoberta recente proporcionam uma perspectiva de uma quantidade ainda maior de água em toda a superfície da Lua.

Descoberta inicial

Via Nasa

Hayden fez a descoberta enquanto estava envolvida em sua pesquisa de pós-doutorado na Western University, no Canadá. Durante esse período, ela identificou o que inicialmente parecia ser apenas uma amostra rochosa.

No entanto, revelou-se sendo um fragmento proveniente da Lua. Além da sua identificação, a amostra revelou conter informações valiosas sobre a presença de água em nosso satélite natural.

Gordon ‘Oz’ Osinski, do departamento de Ciências da Terra da Western University, expressou entusiasmo em relação às descobertas de Tara, destacando que elas contribuirão significativamente para a estratégia de amostragem da missão Artemis III.

As expectativas para essa próxima missão são identificar e coletar amostras das primeiras crostas lunares, com exemplos mais recentes.

Potencial

Na prática, a comprovação de que temos mais água na Lua do que imaginado traria diversos benefícios e possibilidades para exploração espacial e futuras missões lunares.

Em um primeiro momento, água é essencial para a vida humana. Se tiver esse recurso no satélite, poderemos utilizá-la para sustentar futuras colônias humanas em planetas próximos.

Além disso, pesquisas mais recentes apontam que a água pode ser dividida em hidrogênio e oxigênio através de um processo chamado eletrólise. O hidrogênio e o oxigênio podem ser utilizados como combustível para foguetes, proporcionando uma fonte local de propulsão para missões espaciais a partir da Lua.

Se conseguirmos utilizar recursos locais, como água lunar, para suportar futuras missões espaciais, isso reduziria significativamente a necessidade de transportar grandes quantidades de água da Terra, resultando em missões mais eficientes e economicamente viáveis.

Ainda, a água na Lua pode fornecer insights valiosos sobre a história e formação do sistema solar. Estudar a composição química da água lunar pode ajudar os cientistas a entender melhor a origem da água no nosso sistema solar.

Na prática, é uma chance de ter explorações mais sustentáveis, informações valiosas sobre o universo e a possibilidade de extrair elementos fora da Terra. Por isso, vale aguardar mais das próximas missões.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Nasa, Nasa

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