O passado do nosso planeta conta com eventos históricos e marcantes. Eles influenciaram o desenvolvimento dos seres humanos e os rumos que diversas nações tomaram. Nossa história está repleta de figuras importantes e algumas delas são os imperadores romanos.
O imperador romano Júlio César foi muito importante no processo de transição do modelo republicano para o Império, e é definido por muitos historiadores como o último ditador da República Romana.
Sua importância para a história é bem grande e ele está presente em locais bem inesperados, como por exemplo, nessa bala de chumbo com o nome do imperador inscrito que foi descoberta em Montilla, na Espanha. O material da bala é um indicativo do lado escolhido pelos moradores da região na época da segunda guerra civil da República Romana.
A bala mede 4,5 centímetros de comprimento, 2 de largura e 1,7 de altura e pesa um pouco mais de 70 gramas. O nome do imperador é visto abreviado, “CAES”(ar), e junto com ele tem o nome do lugar “IPSCA”. Ela era uma cidade romana que estava na fronteira do que atualmente é o território de Baena, que fica a 19 quilômetros de Montilla.
O local é tido como um dos cenários onde aconteceu a chamada Batalha de Munda, que foi o confronto final da segunda guerra civil da República Romana. Nele, Júlio César venceu os filhos de Pompeu, em 45 a.C.
Ter o nome da cidade na bala é um indicativo de que a cidade escolheu um lado e se alinhou, de forma aberta, com o imperador durante a guerra civil. O acreditado é que a cidade tenha produzido munições para ele.
Bala
De acordo com os pesquisadores, a bala teria sido disparada de uma espécie de estilingue que era acionado de forma manual com um pequeno berço ou bolsa no meio das duas cordas de retenção. Essa arma pode ser datada do período paleolítico superior.
Na Antiguidade, o uso do estilingue era uma arma bastante usada na Grécia Antiga e no período romano. Tanto é que a arma foi usada pelo Exército Romano. Por conta do seu formato aerodinâmico e pelo equilíbrio do ar, o tiro chegava a distâncias consideráveis. Normalmente, ele atingia o alvo e penetrava no corpo do inimigo.
O processo de produção dessas balas era feito despejando o chumbo fundido em moldes de cerâmica que tinham o nome da região onde elas seriam usadas. Por isso que a bala descoberta com o nome do imperador pode ser um indicativo do possível local da Batalha de Munda, que tem sua localização debatida há tempos.
Imperadores
A civilização romana como um todo e as contribuições que ela fez foram muito importantes para o mundo. Mas um ponto que muita gente não repara é a quantidade enorme de imperadores romanos que morreram por causas não naturais.
Além disso, as mortes geralmente eram prematuras e violentas. Os cientistas identificaram um novo padrão matemático, uma lei de potência que descreve o destino de tantos imperadores que morreram deixando para trás todo um império.
“Embora pareçam ser aleatórias, as distribuições de probabilidades de lei de potência são encontradas em muitos outros fenômenos associados a sistemas complexos”, pontuou o cientista de dados Francisco Rodrigues, da Universidade de São Paulo, no Brasil.
De acordo com Rodrigues, a distribuição da lei que normalmente define a longevidade dos imperadores romanos se chama princípio de Pareto. Ele também é conhecido como regra 80/20. Esse princípio se preocupa com entradas e resultados econômicos. Mas em termos de distribuição de probabilidade, ele pode ser simplificado para significar que as ocorrências comuns têm aproximadamente 80% de probabilidade ao mesmo tempo que eventos raros têm cerca de 20%.
Durante esse período, desde Augusto, o primeiro imperador, até Teodósio, os imperadores tinham aproximadamente um quarto de chance de viver tempo suficiente para morrerem de causas naturais, como descobriram os pesquisadores.
E analisando todo o Império Romano, desde a época de Augusto até o fim do Império Bizantino, as coisas não melhoraram muito. Nesse período, considerando os reinados de todos os 175 imperadores romanos, eles tinham cerca de 30% de chance de viver até uma idade avançada e não serem assassinados ou mortos de alguma outra forma.
Os pesquisadores descobriram também que nem todo período do reinado era igual. Houve aqueles que foram mais perigosos.
“Quando analisamos o tempo de morte de cada imperador, descobrimos que o risco era alto quando o imperador assumiu o trono. Isso pode ter algo a ver com as dificuldades e demandas do trabalho e a falta de experiência política do novo imperador”, disse Rodrigues.
Se os imperadores conseguissem passar por esse período sem serem mortos, as chances de eles sobreviverem no cargo aumentavam. Ou, pelo menos, tendiam a aumentar até determinado ponto.
“Pode ser que, após o ciclo de 13 anos, os rivais do imperador concluíssem que dificilmente ascenderiam ao trono por meios naturais. Talvez seus velhos inimigos tenham se reagrupado, ou novos rivais possam ter surgido”, concluiu Rodrigues.
Fonte: Olhar digital, Science alert
Imagens: Olhar digital, Conhecimento científico