Natureza

“Besta do medo”: Groenlândia abriga vermes gigantes de 518 milhões de anos

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Ao longo das eras, a ciência tem revelado criaturas cada vez mais peculiares e fascinantes, como os vermes gigantes, a surpresa da vez na Groelândia.

Esses antigos e gigantescos vermes predatórios, com incríveis 518 milhões de anos, foram encontrados no Sirius Passet Lagerstätte, onde repousam diversos fósseis do início do período Cambriano.

As recém-descobertas criaturas receberam o nome de Timorebestia, derivado do termo em latim que significa “besta do medo”.

O estudo dos cientistas lança novas perspectivas sobre esse curioso grupo de vermes predatórios que coexistiram conosco.

Via Sci.News

Quetógnatas

As quetógnatas, conhecidos predadores marinhos, dedicam-se à caça de pequenos zooplânctons nas vastas extensões dos oceanos. Atualmente, esses animais apresentam tamanhos relativamente modestos, oscilando entre três milímetros e um centímetro.

No entanto, uma recente descoberta revela parentes até então desconhecidos, os Timorebestia koprii, que se destacam como verdadeiros “monstros” quando comparados às quetógnatas, atingindo aproximadamente 30 centímetros em comprimento.

De acordo com informações divulgadas pelo IFLScience, esses vermes gigantes foram identificados em uma região rica em fósseis, remontando a cerca de 518 milhões de anos.

Os Timorebestia koprii emergem como protagonistas no cenário evolutivo, sendo considerados como um dos carnívoros mais antigos a caçarem na coluna de água durante o início do período Cambriano.

Essa descoberta amplia nossa compreensão sobre a diversidade e o porte dessas criaturas que desempenharam papéis cruciais nos ecossistemas marinhos ao longo de eras geológicas.

Características dos vermes gigantes

As criaturas apresentavam características singulares, como longas antenas e um impressionante conjunto de mandíbulas localizado internamente em suas cabeças.

Essa distinção as separa das quetógnatas, que possuem mandíbulas do lado de fora de suas cabeças.

Embora um verme do tamanho de uma régua possa não parecer intimidante para os Homo sapiens, sua presença representava uma potencial ameaça significativa para os demais animais que compartilhavam as águas da coluna oceânica.

A pesquisa revela a complexidade dos antigos ecossistemas oceânicos, nos quais se desenvolvia uma intrincada cadeia alimentar, permitindo a existência de diversos níveis de predadores.

Essas criaturas eram verdadeiras gigantes em sua época, ocupando uma posição de destaque na cadeia alimentar.

Dr. Jakob Vinther, das Escolas de Ciências da Terra e Ciências Biológicas da Universidade de Bristol e autor sênior do estudo, destaca em comunicado que essa posição equipara sua importância à de alguns dos principais carnívoros dos oceanos modernos, como tubarões e focas do período Cambriano.

Predadores natos

Via Olhar Digital

No estudo, publicado na Science Advances, os pesquisadores destacaram evidências da destreza predatória das Timorebestias ao examinarem seus sistemas digestivos fossilizados.

Notavelmente, foram identificados restos de Isoxis em processo de digestão antes da fossilização dos vermes gigantes.

Os Isoxis, artrópodes nadadores comuns naquela época, revelaram-se presas vulneráveis diante das habilidades predatórias das Timorebestias, como revelado pelos registros fossilizados.

A observação desses artrópodes como uma importante fonte de alimento para diversos animais é evidente.

Presentes em abundância no Sirius Passet, os Isoxis possuíam longos espinhos protetores direcionados tanto para frente quanto para trás.

Entretanto, essa defesa aparentemente não foi suficiente para evitar o destino de servirem como alimento. Isso porque a Timorebestia os consumia em quantidades significativas, conforme aponta Morten Lunde Nielsen, ex-estudante de doutorado em Bristol e participante do estudo.

Líderes dos mares

A bem-sucedida incursão desses animais como caçadores marinhos persistiu por aproximadamente dez a 15 milhões de anos, coexistindo com as quetógnatas, antes de os artrópodes assumirem o domínio dos mares, conforme estimado por Vinther.

O entusiasmo diante da descoberta desses predadores únicos em Sirius Passet é evidente.

Ao longo de várias expedições na remota região de Sirius Passet, situada nos confins do norte da Groenlândia, a mais de 82,5˚ ao norte, foi possível coletar uma grande diversidade de novos organismos intrigantes.

Tae Yoon Park, do Instituto Coreano de Pesquisa Polar e outro autor sênior do estudo, bem como líder da expedição de campo, destaca que, graças à notável e excepcional preservação em Sirius Passet, eles conseguiram revelar detalhes anatômicos emocionantes, incluindo o sistema digestivo, a anatomia muscular e o sistema nervoso desses predadores.

Assim, terão muitas outras descobertas para compartilhar nos próximos anos, contribuindo para a compreensão de como eram e evoluíram os primeiros ecossistemas animais.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Olhar Digital, Sci.News

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