Se maravilhas como o Google Glass já representam um salto tecnológico assustador, imagine só os micro e nano chips. Implantados no corpo, os atuais têm o tamanho de um grão de arroz, e são apenas fios e placas contidos numa cápsula de vidro cirúrgico.
Com aberturas quase microscópicas, conseguem sugar ou liberar líquidos em seu interior, emitir ondas de comunicação (como rádio) e armazenar informações, como um pendrive. Em simbiose com seus humanos portadores, sua nomenclatura passa a ser biochips, uma palavra vinda da ficção científica e que faz com que a ideia de cyborgs (palavra que significa “organismo vivo e cibernético”) não pareça tão surreal.
Um exemplo prático é um projeto de alunos do MIT, que desenharam uma versão capaz de liberar hormônios – substituindo o anticoncepcional – para ser introduzido no abdômen de mulheres, que dura por até 16 anos. A liberação é automática e pode ser interrompida através do uso de um controle remoto, caso a mulher decida engravidar.
Outros exemplos são funções, ainda não desenvolvidas completamente, de filtragem do sangue, por exemplo. Seria possível medir o nível de insulina e liberá-la, se necessário (para os diabéticos), bem como a glicemia, colesterol, oxigênio e até mesmo células brancas e regenerativas, o que faria possível um diagnóstico preciso para o câncer, entre outras diversas doenças. A Veriteq Corp, dos EUA, por exemplo, tem 3 patentes atuais no mercado. Uma delas é para medir o nível de radiação nos pacientes, o que é usado para evitar a morte em tratamentos de radiologia e pode ter uso em caso de acidentes nucleares.
Existe também o transplante e criação de órgãos, como o coclear, que serve para devolver a audição à pessoas surdas. Liberando impulsos elétricos, estimula-se o nervo auditivo, simulando o processo natural da audição, ainda que de forma precária – não é fácil distinguir vozes, mas é possível falar no telefone e assistir aulas, por exemplo. E não é uma coisa do futuro, apenas: mais de 300 mil pessoas já usam esse tipo de dispositivo ao redor do mundo.
Fora isso, é possível que a maioria das pessoas tenha um desses implantado por razões médicas ou governamentais: com aparelhos como smartphones, é possível analisar ondas de rádio, emitidas pelos chips, que contém dados sobre o indivíduo e/ou paciente, o que viria a substituir identidades e “facilitar” a burocracia de preencher fichas e cadastros eternamente.
O uso desses será banalizado e amplo; Amal Graafstra, técnico de informática estadunidense, implantou um biochip em sua mão. Sua função? Abrir os portões da garagem de casa e do carro. Não contente, Graafstra atualizou o dispositivo para comunicação NFC, a existente em gadgets, como smartphones.
Agora tudo que ele precisa fazer para entregar seu cartão de visitas é aproximar a mão do celular de alguém. Se você gostou, saiba que Graafstra tem uma loja virtual, a Dangerous Things, com kits de implante que custam meros 100 dólares e que ele define como “Biohacking, um precursor num novo tipo de evolução”. No Brasil já existem clientes e profissionais da tatuagem que realizam implantes, que custam em torno de mil reais (fora o chip).
Se por um lado essa tecnologia representa um avanço infinito – imagine ter um gerador de energia, sinal WiFi, controle remoto e medidor de saúde em tempo-real dentro de você-, representa também um perigo, pois a capacidade de rastreamento, controle e poder serão definitivas num contexto de guerra. Mas, como disse Graafstra, esse é apenas o começo de uma nova evolução, e esperemos que tudo corra bem.
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