Marcelo Claure, investidor e presidente do conselho consultivo da Shein na América Latina, destacou os desafios enfrentados pelo Brasil em termos de estrutura tributária, logística e regulatória.
Apesar dos pontos levantados, ele enfatizou que superar esses obstáculos torna mais fácil exportar negócios para outros mercados globais, citando exemplos como Nubank e Gympass.
Ao falar em um evento do Council of the Americas, Claure afirmou: “Se você conseguir ter sucesso no Brasil, que é um país complicado do ponto de vista tributário, logístico e regulatório, você terá sucesso em qualquer outro mercado que você for”.
Ele explicou que a Shein enfrentou desafios na importação de produtos no Brasil, levando a empresa a testar um modelo de produção local. Atualmente, nosso País é o segundo maior produtor local.
Claure ressaltou o compromisso da Shein de ter 2 mil parceiros de manufatura no Brasil em três anos.
Em apenas quatro meses, a empresa já abriu mais de 330 fábricas e alcançou mais de 45 milhões de clientes que baixaram seu aplicativo no Brasil, operando em 150 países.
Via Terra
Shein na América Latina
O investidor expressou otimismo em relação à Shein na América Latina, destacando as macrotendências locais.
Ele mencionou a transição ecológica e ressaltou que a região possui a maioria dos recursos, incluindo minerais críticos como lítio, cobre e níquel. Eles desempenharão um papel fundamental no abastecimento futuro.
Claure observou que a atual situação geopolítica entre China e Estados Unidos levaram muitas empresas a reconsiderar suas cadeias de suprimentos. Assim, pode ser benéfico para a América Latina.
Ele afirmou: “Acredito firmemente que a América Latina é uma das poucas regiões onde as oportunidades, em muitos casos, superam o capital”, reforçando o conceito de “sonho latino” que já avaliam há alguns anos.
Como o responsável por trazer o fundo japonês Softbank para a América Latina, o bilionário boliviano Claure anunciou recentemente a aquisição de uma “fatia significativa” na eB Capital.
Essa é uma gestora de investimentos alternativos com sócios como o ex-presidente da Petrobras Pedro Parente e Luciana Ribeiro, que gerencia R$ 5 bilhões.
Sobre a Shein
A Shein é uma empresa de comércio eletrônico sediada na China, especializada em moda rápida e acessível.
Fundada em 2008 por Chris Xu, a Shein ganhou destaque por oferecer uma ampla variedade de roupas, calçados e acessórios a preços acessíveis para consumidores em todo o mundo.
Em 2014, a Shein mudou sua perspectiva ao comprar a Romwe, uma varejista chinesa que atuava no e-commerce. Ela se tornou uma espécie de integração, e passou a oferecer os produtos internacionalmente.
Finalmente, em novembro de 2021, a Shein atingiu os patamares que tem atualmente, com avaliação passando de US$ 15 bilhões para US$ 30 bilhões.
Além disso, durante a pandemia de COVID-19 em 2020, faturou nada menos que US$ 10 bilhões em receita.
Em outubro de 2020, a Shein já era a maior empresa com vendas exclusivamente online em todo o mundo.
Para isso, adotou uma abordagem única no setor da moda, respondendo rapidamente às últimas tendências e fornecendo uma grande diversidade de peças que se alinham aos gostos e estilos variados dos consumidores.
Além disso, explora estratégias de expansão global, como trazer a Shein na América Latina e em mercados amplos, como o Brasil.
A presença global da Shein recebe impulsão pela atividade online, preços competitivos e posicionamento nas plataformas.
Via Weethub
Críticas
Por outro lado, é importante notar que, como qualquer empresa em rápido crescimento, a Shein também enfrentou críticas relacionadas às condições de trabalho em suas instalações de produção.
As acusações foram desde violação de direitos autorais até o uso de mão de obra massiva e escrava. Essa acusação mais grave marcou uma onda de protestos e discussões nas redes.
No entanto, não existiram comprovações da maioria dos apontamentos, e a empresa apresentou justificativas para suas fábricas, contornando os processos abertos.
Enquanto isso, várias pessoas falam sobre as questões ambientais associadas à produção em massa de moda. Adotando uma perspectiva de fast-fashion, a Shein contribui para a rotatividade das peças, aumentando os descartes.
Mesmo essas críticas não foram suficientes para impedir seu avanço global, especialmente com a Shein na América Latina, uma região menos favorecida em termos de produção própria.
O público argumenta dos preços das marcas nacionais, e essa competição pode tornar as roupas mais acessíveis para os principais compradores.
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