Por No Sudão, pesquisadores desenterraram um corpo de 1.300 anos em um cemitério próximo a um mosteiro medieval, revelando uma tatuagem cristã que faz referência a Jesus.
Essa descoberta impressionante traz a segunda tatuagem existente na Núbia medieval, conforme relata o Centro Polonês de Arqueologia do Mediterrâneo (PCMA) da Universidade de Varsóvia.
Foi a equipe do instituto que liderou as escavações na região que abrange parte do Egito e do Sudão.
A tatuagem, que estava no pé direito do indivíduo, provavelmente um homem, representa o símbolo conhecido como Chi-Rho.
'Christ' tattoo discovered on 1,300-year-old body in Sudan https://t.co/4eyOd3agmC
— Live Science (@LiveScience) October 21, 2023
Esse anagrama é formado pelas duas primeiras letras do nome de Cristo em grego, Χριστος – Chi (X) e Rho (P), acompanhadas pelas letras gregas alfa e ômega, conforme informado pelo comunicado.
O Chi-Rho teve sua origem por volta de 324 d.C., coincidindo com o reinado de Constantino como imperador do Império Romano.
As letras alfa e ômega, representando o início e o fim, são fundamentais na crença cristã de que Deus é o princípio e o fim de tudo, como destaca Live Science.
A localização peculiar da tatuagem cristã no pé direito intrigou os bioarqueólogos da equipe, pois consideram que, durante a crucificação de Cristo, um prego pode ter perfurado esse exato local.
Curiosamente, essa era uma época em que o cristianismo era a principal religião na região, sendo considerado “muito comum” pelos bioarqueólogos do PCMA. O falecido provavelmente tinha entre 35 e 50 anos no momento da morte.
Dúvidas sobre a tatuagem cristã
Embora a tatuagem sugira a fé cristã do indivíduo, Stark e Guilbault esclarecem que não está claro se ele era um monge.
O sepultamento ocorreu em um cemitério distinto do utilizado pelos monges do mosteiro, sugerindo possivelmente um local utilizado por membros de comunidades vizinhas, conforme explicaram Stark e Guilbault.
A datação por radiocarbono aponta que a pessoa viveu entre os anos 667 e 774.
O achado do corpo ocorreu durante as escavações realizadas em 2016, sendo que a tatuagem só veio à luz recentemente devido a análises pós-escavação e fotografia de espectro completo, conforme relatam os autores da pesquisa.
As escavações, lideradas por Artur Obłuski, professor de arqueologia na Universidade de Varsóvia, ocorreram em Ghazali entre 2012 e 2018. No entanto, a equipe polaco-sudanesa continua suas análises das descobertas.
Apesar do período extenso, é importante ter atenção aos detalhes do caso, para garantir encontros como esse.
Via Live Science
Por que a descoberta é impressionante?
A descoberta dessa tatuagem cristã impressiona os cientistas por vários motivos, especialmente históricos.
Isso porque, na antiguidade, a prática de tatuar o corpo não era tão difundida como é nos tempos modernos.
O principal motivo era, justamente, a religião. Em algumas culturas antigas, a tatuagem era de práticas religiosas específicas ou a grupos sociais restritos, como sacerdotes ou guerreiros.
Se a prática de tatuar não fosse parte integrante da tradição religiosa ou cultural da região, sua adoção seria limitada.
Além disso, as técnicas eram mais rudimentares do que atualmente, levando a crer ser um processo doloroso e longo.
Com a descoberta dessa tatuagem cristão na região, acredita-se que a tinta tenha sido incrustada na pele com técnicas parecidas com as nossas. Contudo, alta de materiais deixa o encontro ainda mais interessante, e os cientistas querem saber como isso foi possível.
Via Sputnik
Inclusive, avaliam os riscos de infecção e se foi esse o motivo que levou à morte do indivíduo que apresentava a tatuagem, considerando as chances de complicações nesse processo.
Ainda, de modo geral, é uma maneira de entender mais sobre o povo daquela época, como ele se comportava, agia e pensava.
Mesmo sendo apenas um indivíduo, e a segunda tatuagem encontrada em toda a história da Núbia medieval, os especialistas estão animados com as possibilidades no local.
Posteriormente, avaliarão os resultados em carbono para definir mais sobre essa tatuagem cristão. Entretanto, no momento, muitos comemoram a descoberta e estudam sobre o caso.
Fonte: Sputnik, Live Science
Imagens: Live Science, Sputnik
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