Saúde

Cientistas descobrem variações genéticas associadas à bissexualidade

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Pela primeira vez, variações genéticas associadas ao comportamento da bissexualidade humana foram identificadas por cientistas.

Descobriu-se que essas variações estão vinculadas à propensão à tomada de riscos e a uma maior prole em homens heterossexuais portadores.

Publicado na revista Science Advances nesta quarta-feira (3), o estudo, liderado pelo professor Jianzhi “George” Zhang, da Universidade de Michigan (EUA), contribui para esclarecer a antiga incógnita evolutiva sobre por que a seleção natural não eliminou a genética que respalda a atração pelo mesmo sexo.

A pesquisa utilizou dados de mais de 450 mil pessoas de ascendência europeia inscritas no Biobanco do Reino Unido, um projeto genômico de longo prazo crucial para a pesquisa em saúde.

Parte da base de estudos recentes, como um artigo publicado em 2019 na Science, afirmava que as variantes genéticas exerciam alguma influência sobre o comportamento homossexual, embora os fatores ambientais fossem considerados mais relevantes.

Como destaca o profissional, eles perceberam que, no passado, as pessoas costumavam agrupar todos os comportamentos homossexuais, mas na realidade, existe um espectro.

Ao integrar os dados genéticos dos participantes com suas respostas em questionários, os pesquisadores chegaram à conclusão de que as assinaturas genéticas associadas à homossexualidade e à bissexualidade eram, de fato, distintas.

Via Freepik

Definição de bissexualidade

A bissexualidade é uma orientação sexual caracterizada pela atração romântica, emocional ou sexual por pessoas de mais de um gênero.

Pessoas que se orientam como bissexuais podem sentir atração por pessoas do mesmo gênero e também por gêneros diferentes. Essa orientação não implica necessariamente uma atração equitativa ou simultânea por ambos os gêneros, e as experiências podem variar amplamente entre as pessoas bissexuais.

É importante reconhecer a diversidade dentro da comunidade bissexual e respeitar a autoidentificação de cada indivíduo.

Pensando nisso, diversos especialistas realizaram estudos sociais e subjetivos sobre o tema. Contudo, ainda não existiam bases científicas para avaliar mais esse grupo autodenominado.

Persistência histórica

Considerando a definição mais recente, os cientistas não tinham tido a chance de se aprofundar no conceito.

Agora, o estudo concluiu que os marcadores genéticos associados à bissexualidade também estão correlacionados a uma maior propensão ao risco em portadores do sexo masculino.

Isso possivelmente favorece uma maior incidência de relações sexuais desprotegidas, uma vez que esse mesmo marcador genético está ligado a um aumento no número de filhos.

Os resultados indicam que esses marcadores genéticos são “provavelmente vantajosos para a reprodução, o que pode explicar sua persistência histórica e antecipar sua prevalência no futuro”, afirmaram os autores.

Essa relação se deve ao fato de que um mesmo gene pode influenciar diversas características distintas.

Conforme o especialistas, eles abordam três traços: número de filhos, propensão ao risco e comportamento bissexual, todos compartilhando elementos genéticos.

Avaliação

Via Public Domain

Em contrapartida, os marcadores genéticos associados a comportamentos homossexuais estavam relacionados a uma menor prole quando os portadores eram homens heterossexuais, indicando uma possível diminuição gradual desses traços.

Contudo, os dados do Biobanco do Reino Unido também revelaram um aumento no número de pessoas que relatam tanto comportamentos homossexuais quanto bissexuais ao longo das décadas, impulsionado pela crescente abertura social.

Os autores estimam, por exemplo, que cerca de 40% da influência sobre se uma pessoa apresenta comportamento bissexual ou não é atribuível à genética, enquanto os restantes 60% são influenciados pelo ambiente.

O estudo “contribui para a diversidade, enriquecimento e melhor compreensão da sexualidade humana”, afirmaram os autores.

No entanto, eles enfatizaram que não tem a intenção de sugerir ou apoiar qualquer forma de discriminação com base no comportamento sexual. Essa pesquisa tem como objetivo apenas entender mais sobre o grupo e suas nuances.

 

Fonte: UOL

Imagens: Public Domain, Freepik

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