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Com Natalie Portman, ‘Segredos de um Escândalo’ explora caso de abuso em trama polêmica

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Segredos de um Escândalo é a nova adaptação de uma história real para o cinema, e chega para incomodar. No entanto, sua direção, elenco e interpretações foram reverenciadas no Festival de Cannes, onde estreou em 2024.

A capacidade de contar uma história real e perturbadora de maneira legítima é uma arte que poucos entendem e exploram. Já existiram outros exemplos no passado, e Segredos de um Escândalo chega para completar a lista, trazendo Natalie Portman e Julianne Moore.

Com chances de ser uma das principais nomeações para os prêmios da próxima temporada, o filme conta uma história chocante de abuso infantil nos Estados Unidos.

Tudo aconteceu em 1997, quando Mary Kay Letourneu, uma mulher casada de 36 anos na época, abusou de Villi Fualaau, um garoto de 13 anos.

Letouneu, que nunca assumiu a culpa em público, foi presa por 6 anos e, em seguida, chegou a ter um filho de Fualaau enquanto estava na cadeia. Ao sair, casou-se com ele e ainda constituíram uma família.

No filme de Todd Haynes, não é o abuso que mais causa choque nos espectadores, mas sim as consequências 20 anos depois. Isso porque o foco da história é na chegada de Elizabeth Berry (Natalie Portman), que interpreta uma atriz visitando a residência de Gracie (Julianne Moore) e Joe (Charles Melton) para se preparar para o filme sobre a história do casal.

A presença da artista começa a impactar o casal e toda a cidade, uma vez que a família possui um filho da mesma idade e está prestes a deixar as crianças seguirem para a faculdade.

O filme esteve no Festival de Cannes em maio de 2023, e agora chegou nos cinemas do Brasil e do mundo.

Via Sobre Sagas

Elenco de peso

Sem opiniões pessoais sobre assistir o filme ou não, Segredos de um Escândalo já marca pela presença de Julianne Moore e Natalie Portman no filme.

Claro, a direção e o roteiro são notáveis, sem dúvida. No entanto, a inclusão de Moore como Gracie e Portman como Elizabeth adicionou um nível adicional de excelência à narrativa. É difícil determinar qual das duas se destaca mais em seus papéis.

A dedicação às personagens, combinada com uma competente equipe de maquiagem, consegue torná-las quase idênticas em muitos momentos do filme.

As cenas de desconforto entre elas, cada uma à sua maneira, geram um magnetismo quase palpável para quem assiste. Em certos momentos, é quase impossível decidir se há um sentimento de ódio mútuo ou se, de alguma forma, há admiração.

Na parte técnica, destaca-se a habilidade de Moore em utilizar uma imagem inicialmente doce e infantil para caracterizar uma personagem que, gradualmente, revela-se cada vez menos confiável.

A língua presa e a doçura na fala de Gracie não conseguem ocultar atitudes mais autoritárias, manipuladoras e, por vezes, passivo-agressivas.

Por outro lado, Portman pode ter atingido o auge de sua carreira em “Segredos de um Escândalo”. Longas cenas sem cortes e um monólogo repleto de simbologias sustentam firmemente essa afirmação.

Deixando de lado as protagonistas, a atuação de Charles Melton também surpreende. No papel de Joe, a pessoa vitimizada, pressionada por todos os lados e sem controle sobre sua própria situação de vida, Melton revela, por meio de sua postura corporal e diálogos, uma inocência evidente, especialmente nas cenas em que contracena com Portman.

Feito para incomodar

Uma observação crucial sobre a trama de Todd Haynes é sua chegada às premiações de forma incrivelmente ousada. Não exatamente por retratar um tema polêmico, mas sim pelo fato de o diretor explorar o espaço disponível para construir uma intricada teia de críticas complexas, entrelaçando uma variedade de assuntos que se complementam.

Além das repercussões do abuso, o filme aborda críticas à mídia como um todo: desde a cobertura jornalística do caso na época até a maneira como filmes baseados em eventos reais são produzidos.

Também questiona a necessidade da chamada “atuação de método” e explora os efeitos da manipulação de uma pessoa no centro de uma família dividida.

Tudo isso é direcionado à principal premiação do cinema de Hollywood, cujos convidados incluem cineastas que, por vezes, são protagonistas das críticas que Haynes apresenta nas entrelinhas do filme.

Com isso dito, “Segredos de um Escândalo” vai além, pois a maneira como todas essas críticas se desenvolvem ao longo da trama é perturbadora. Há momentos em que surge uma vontade quase incontrolável de rir, contida pela vergonha de se permitir tal reação.

Esses sentimentos conflitantes, aliados a uma súbita percepção sobre a verdadeira essência dos personagens, começam a envolver o público.

Da tristeza e compaixão por Joe, o filme brinca com a raiva do espectador que se alinha a Elizabeth, desafia-o a questionar os valores morais de Gracie e oscila perigosamente entre o certo e o errado.

Uma trilha sonora mais intensa em determinado momento e a cena, que inicialmente deveria ser tranquila, transforma-se em uma sequência de desespero. Classificar o filme como melodrama, comédia ou suspense torna-se uma tarefa difícil.

Simbolismos

Via UOL

Além disso, um dos aspectos que se destacou significativamente em “Segredos de um Escândalo” não foi exclusivamente a fotografia, mas sim os simbolismos que ela incorpora.

Paralelamente ao drama da interação entre os personagens, surgem cenas de borboletas em gaiolas, flores e buquês, espelhos, alimentos, e outros elementos que constroem uma linguagem própria, em sintonia com o roteiro e os próprios diálogos entre os personagens.

O enquadramento também desempenha um papel crucial na simbologia do filme, sendo responsável, em determinadas cenas, por criar uma distância entre o espectador e a história, enquanto, em outras, o insere profundamente na trama.

Os zooms contribuem efetivamente para manter o suspense — e, surpreendentemente, o humor — presente no ambiente.

Takes mais fechados, focalizando os rostos de Portman e Moore, intensificam a tensão na narrativa, especialmente quando ambas compartilham a cena, reforçados pela trilha sonora.

A única discrepância notável no conjunto harmonioso da obra, que abrange direção, roteiro, elenco, enquadramento, fotografia e trilha sonora em “Segredos de um Escândalo”, é o jogo de câmera nas transições entre uma cena e outra.

Quando estreia “Segredos de um Escândalo”?

Por fim, para quem deseja assistir Segredos de um Escândalo, o filme já está em cartaz no Brasil desde 18 de janeiro, e segue a agenda das principais linhas de exibição durante as próximas semanas.

O elenco é famoso, e as nomeações a prêmios importantes apontam a aprovação da crítica para esse filme difícil e bem-executado.

 

Fonte: Exame

Imagens: UOL, Sobre Sagas

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