Os números de casos de dengue e Covid continuam aumentando no país, influenciados pelo período do Carnaval e o retorno às aulas. As doenças compartilham sintomas semelhantes, o que pode gerar confusão entre os infectados.
Por isso, é crucial distinguir entre eles para evitar erros no tratamento, especialmente em relação à automedicação.
Em ambas as doenças, dengue e Covid, os pacientes costumam apresentar febre elevada e uma sensação de fadiga intensa, como observa Leonardo Weissmann, médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). Em casos menos frequentes, pode ocorrer diarreia.
Além disso, ambas as doenças podem causar dores musculares e de cabeça. Essa sobreposição de sintomas pode confundir tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde nos estágios iniciais, alerta o especialista.
Sintomas de cada um
Também existem sintomas distintivos de cada doença. Enquanto a dengue pode ocasionar dor retroocular e erupções cutâneas vermelhas, a Covid pode se manifestar através de complicações respiratórias, como tosse seca e dificuldade respiratória.
São esses sintomas específicos que os pacientes devem estar atentos para diferenciar uma doença da outra, conforme destaca Weissmann.
Outros aspectos cruciais para observar incluem o histórico de exposição do paciente e o contexto epidemiológico local.
Isso significa considerar se o paciente esteve em locais com aglomeração ou onde o mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, possa ter se proliferado.
É possível ter um diagnóstico preciso dessas doenças por meio de testes específicos, como o RT-PCR para a Covid e o teste rápido NS1 ou a sorologia para a dengue.
Segundo o médico infectologista do Hospital São Luiz – São Caetano e professor da Universidade Cidade de São Paulo, a autoavaliação e os autotestes podem ser perigosos, especialmente se houver resultados falso-negativos.
Assim, ele enfatiza que o ideal é que o indivíduo busque assistência médica e orientação profissional adequada.
E quais remédios tomar para dengue e Covid?
Para o sintoma da febre, comum em dengue e Covid, medicamentos como dipirona e paracetamol são geralmente recomendados devido à sua segurança.
No entanto, Weissmann alerta para a necessidade de evitar anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno, especialmente se houver suspeita de dengue, devido ao risco de sangramentos.
Além disso, corticoides e aspirina também são contraindicados nesse cenário.
Os especialistas enfatizam que os indivíduos com sintomas sugestivos de dengue ou Covid devem buscar orientação médica.
A automedicação pode ser perigosa e mascarar sintomas importantes, complicando o diagnóstico e o tratamento, alerta Weissmann. Ainda, o diagnóstico precoce e o manejo adequado são fundamentais para um bom prognóstico em ambas as doenças. Ele também destaca a importância do repouso e da hidratação adequada.
Segundo o Ministério da Saúde, desde o início do ano os casos de dengue quadruplicaram, com meio milhão de prováveis infectados registrados até o momento, em comparação com 128.842 casos no mesmo período do ano anterior.
O aumento também está acontecendo com a Covid, com o número de novos casos semanais ultrapassando os 36 mil e 194 óbitos registrados até 8 de fevereiro.
De acordo com o Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), a doença não apresentava uma disseminação tão intensa desde abril de 2023. No período de duas semanas, o estado de São Paulo teve um aumento de 140% nos casos de Covid.
Como se prevenir?
Ambas as doenças, dengue e Covid, possuem formas de prevenção distintas, mas simples nos dois casos.
Para eliminar os focos de dengue, é essencial adotar uma série de medidas preventivas, como tampar a caixa d’água e outros reservatórios para evitar a reprodução do mosquito. Ainda, é importante remover folhas e sujeiras das calhas para evitar o acúmulo de água.
Externamente, recipientes que acumulam água, como pneus, precisam ficar cobertos, além da limpeza em ralos, canaletas e outros sistemas de escoamento de água.
Essas recomendações básicas ajudam a diminuir os focos de criadouro do mosquito da dengue.
Enquanto isso, hábitos de higiene ajudam em ambos os casos, dengue e Covid. Para evitar o mosquito, limpar os depósitos de água com água e sabão previne os focos.
Para o Covid, a principal forma de acabar com o vírus e diminuir o contágio, é a higienização de mãos e braços, usando máscaras e lavando produtos externos, especialmente expostos.
Dessa forma, será possível se prevenir contra dengue e Covid ao mesmo tempo. E no caso de qualquer sintoma, realize a testagem e procure um profissional de saúde.
Fonte: Folha de São Paulo
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