O Ku Klux Klan é uma organização formada por indivíduos que se consideram especiais devido à raça. Segundo a crença dessas pessoas, o sangue de um Klan é puro e 100% da raça branca. A orientação política do grupo é a extrema direita. Entre seus valores essenciais estão o ultranacionalismo, a supremacia branca, a homofobia e o racismo. A questão racial é ampla: o ódio dos Klan direciona-se principalmente aos negros, aos judeus, assim como aos imigrantes. Na visão deles, a onda migratória prejudica não somente a competição financeira e profissional dos nativos, mas também mancha o purismo da raça, do qual eles acreditam ser detentores.
A organização racista nasceu logo após o fim da guerra civil americana, que terminou com a derrota do lado confederado e consequentemente do fim da escravidão nos Estados Unidos. Com a ilegalidade da escravidão, nasceu então um longo período de segregação racial americana.
Muitos americanos não concordaram com a livre circulação dos negros pelas cidades. Na visão deles, os negros até podiam ser “livres”, mas não estavam autorizados a frequentar o mesmo ambiente dos brancos.
Por exemplo, havia bebedouros separados para as duas raças. Era comum na entrada de lojas uma placa que especificava a proibição de “negros e animais dentro no recinto”.
Além disso, os negros não podiam votar, o que dificultava a entrada de políticos capazes de mudar o cenário racista. A escravidão não era legal, mas a segregação em alguns estados americanos era permitida legalmente.
Eles são conhecidos por usarem vestes brancas que vão até os pés, recobrem a cabeça com um capuz pontudo da mesma cor e a face também fica completamente mascarada. Além disso, é comum ver seus integrantes portando armas de grande calibre e incendiar cruzes como símbolo da presença do grupo por onde passam.
A década de 60 ficou marcada pelo levante da luta negra pelo fim da segregação, bem como o desejo de adquirir direitos civis como o direito ao voto. Martin Luther King, Malcom X e os Panteras Negras, entre outros grupos da causa negra haviam se cansado do silêncio pacífico e fizeram ser ouvidos pelo clamor de suas justas reclamações, através do “Movimento dos Direitos Civis”.
Esse momento também foi um dos auges da Ku Klux Klan, a ideia do fim da segregação aterrorizava a ideologia da supremacia branca que não queria ter seus espaços invadidos pelos negros, ao ponto da ameaça ser um combustível para a união e o fortalecimento do grupo.
Os Estados Unidos ainda vivia sob o mesmo impasse da guerra civil: o norte progressista era a favor do fim da segregação, enquanto o “conservadorismo” sulista não aceitava qualquer mudança.
Por fim, o presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson cedeu à pressão popular à favor dos negros. Desde então, a seita supremacista branca tem seus altos e baixos, mas nunca morreu completamente, assim como o racismo.
Recentemente o grupo KKK voltou a ser manchete de vários jornais ao redor do mundo. Isso porque a organização se manifestou em uma grande marcha chamada de “Unir a Direita” ao lado de outros grupos racistas, como os neonazistas e confederados, que lutam pelo mesmo ideal, o favorecimento da raça caucasiana em detrimento das outras raças.
A manifestação aconteceu na pequena e pacata cidade de Charlottesville, no estado da Virginia. O encontro da marcha racista com estudantes que se auto denominam “antifascistas” resultou em um confronto violento. Três estudantes morreram ao menos 34 foram feridos dos dois lados.
O fortalecimento da extrema direita americana tem ligação direta com os discursos intolerantes e caricatos do presidente Donald Trump. Os supremacistas brancos acreditam que o presidente apoia a causa deles.
Atualmente, o número estimado de membros ao redor do país é de aproximadamente 10.000 pessoas. Mas esse número pode ter aumentado desde o último censo avaliado ainda durante o governo de Barack Obama.
A verdade é que centenas de Klans permanecem ativos e dispostos a recrutar mais pessoas para o fortalecimento da organização. Para um indivíduo ser aceito no grupo são feitas investigações sobre a sua conduta e estilo de vida, assim como o passado dessa pessoa. Ademais, o futuro membro também precisa ser coerente com as crenças e ideologias do grupo em questão.
Cada organização tem prioridades de princípios, algumas inclusive, são mais racistas e mais radicais do que as outras. Da mesma forma, o batismo de um novo participante também pode variar não só pela tradição de cada grupo, mas também devido à passagem do tempo.
O período pós-guerra civil é considerada “O Primeiro Klan”, o “Segundo” abrange o período de 1915 até 1944. E a “Terceira” era contempla desde o final da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais.
Uma matéria publicada pela revista americana Life em 1946 retrata uma cena detalhada da iniciação de vários membros. O trecho da cena é acompanhado por uma série de fotografias registradas pelo fotógrafo Ed Clark num raro momento em que a organização permitiu ao jornalista a assistir à celebração. O tom de ironia e repúdio ao grupo, por parte do fotógrafo é notório.
Veja o relato na íntegra e após o texto, as fotos tiradas do mesmo evento:
“No anoitecer de nove de maio [de 1946] às 20:00, um aglomerado de homens adultos solenemente desfilaram até um amplo platô da Montanha Stone, fora de Atlanta, Geórgia, e se curvaram sobre os joelhos diante de 100 lençóis-brancos e “atlantenses” encapuzados. Sob a luz misteriosa de uma meia-lua e uma cruz incendiada eles tropeçaram simultaneamente até um altar de pedra enorme, e ajoelharam na lama enquanto o “Grande Dragão” [líder supremo da seita] caminhou até a palhaçada da iniciação deles na Ku Klux Klan. Então um novo membro foi selecionado do aglomerado e cerimoniosamente foi “cavaleirado” [tornou-se cavaleiro] dentro da organização, em nome de todo o restante de seus colegas ignorantes.”
“Esta foi a primeira grande iniciação pública concedida pelo Klan desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O anti-Negro, anti-Católico, anti-Semita, anti-Estrangeiro, anti-União, anti-democrático Ku Klux Klan está saindo do esconderijo dos tempos da guerra ao mesmo tempo em que a CIO e a A.F. de L. está simultaneamente realizando campanhas para organizar o Sul… Mas é duvidável que o Klan possa se tornar tão assustadoramente forte quanto era em 1919. Uma indicação da impotência do Klan é a sua falta de efeito nos Negros, que antigamente se assustavam e se acovardavam pelos robes brancos dos membros. Mais de 24.000 negros já se registraram sozinhos pela vizinhança — onde o ritual foi realizado na Montanha Stone — para as eleições primárias que vão acontecer em julho, em Atlanta.”
E você? O que pensa desse grupo? Não esqueça de deixar o seu comentário e aproveite também para compartilhar a matéria com seus amigos que podem se interessar pelo assunto.
Comentários