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Como o cigarro eletrônico mudou a forma como se fuma

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Atualmente, os cigarros eletrônicos e os vapes se tornaram sensação entre as pessoas mais jovens. Tanto é que muita gente que não era nem acostumada com o cigarro tradicional começou a usar esse tipo de vaporizador por pensar que ele não traz riscos. Contudo, cada vez mais estudos estão mostrando que a realidade não é bem essa.

O primeiro cigarro eletrônico como se conhece hoje surgiu em 2003. Ele foi inventado pelo farmacêutico chinês Hon Lik, e era um vaporizador de um líquido com nicotina. O que inspirou Lik a criá-lo foi seu pai que era fumante e, mesmo com um câncer de pulmão agressivo, não parava de fumar.

Desde então a indústria cresceu e o cigarro eletrônico teve novas características. Desde um design mais simples e tecnológico, sabores e cores que chamam a atenção, até cheiros mais atrativos.

Cigarro eletrônico x convencional

Bodytech

Desde que foi criado, o cigarro eletrônico se posicionou como uma alternativa para o cigarro convencional sem envolver as mais de quatro mil substâncias liberadas pela queima do tabaco e inaladas com a fumaça, que é o maior causador de doenças em quem fuma.

O funcionamento do vape é aquecendo um líquido que se transforma em vapor e é tragado pela pessoa. Esse líquido é composto por substâncias como propilenoglicol, glicerina, nicotina ou outros, e colocado em um reservatório que cabe na mão.

Ele funciona por pilhas que conseguem ativar uma corrente elétrica na bobina do dispositivo quando o botão do cigarro eletrônico é apertado. Esse calor gerado aquece o líquido e ele então é vaporizado.

O argumento mais usado a favor do cigarro eletrônico é que ele seria somente um reservatório de nicotina, ao contrário do cigarro convencional. Estudos foram feitos para que a comparação fosse feita e os resultados mostraram que a realidade não era bem essa.

Segundo Renata Azevedo, psiquiatra e pesquisadora da Unicamp, o cigarro eletrônico tem seus riscos próprios. “Têm surgido dados novos dos componentes do cigarro eletrônico que não estavam claros no início”, disse.

Para a Organização Pan-Americana da Saúde, escritório regional da OMS no continente americano, os cigarros eletrônicos são considerados prejudiciais à saúde e podem causar dependência. Conforme a agência, “embora seus efeitos de saúde a longo prazo não sejam totalmente conhecidos, já se sabe que eles liberam substâncias tóxicas que são cancerígenas ou aumentam o risco de doenças cardíacas e pulmonares”.

“Ninguém fuma vape há tanto tempo para ter câncer causado por ele. Não dá tempo. O câncer demora anos para se desenvolver. Mas pesquisas laboratoriais apontam que é possível que essas células da lesão tenham risco de desenvolvimento de câncer. É uma lesão pré-cancerígena”, explicou Azevedo.

Mudança na forma de fumar

Folha de São Paulo

No Brasil, o percentual de adultos fumantes tem tido uma queda expressiva nas últimas décadas por conta das várias ações do governo, como por exemplo, proibir fumar em ambientes fechados desde 2014. Para se ter uma ideia, em 1989, 34,8% das pessoas com mais de 18 anos era fumante, em 2019 essa porcentagem era de 12,6%.

Contudo, de acordo com os dados Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) do IBGE, feita em 2019, 16,8% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já experimentaram cigarro eletrônico.

“Embora os fabricantes neguem isso, ele tem toda a pegada de adolescente. Ele é bonito, parece um gadget (dispositivo), como os adolescentes gostam. O cheiro e os sabores também são muito atrativos. O ritual sempre foi um ritual de charme, o cigarro ganhou o espaço que ganhou por conta disso. Esses apelos são importantes [para a o sucesso do cigarro eletrônico]”, avaliou Azevedo.

O dado é um indicativo para uma mudança dos brasileiros com relação ao tabagismo. Nosso país que era referência no combate ao fumo agora está presenciando um aumento no consumo de outro tipo de cigarro.

“As taxas de tabagismo caíram drasticamente nas últimas décadas e há o temor de isso se perder porque quem não era tabagista está se tornando”, explicou a psiquiatra.

Começando a fumar mais cedo

De acordo com um estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de 2021, o cigarro eletrônico pode ser uma porta de entrada para o tabagismo. O que é algo totalmente oposto do pretendido na criação desse produto.

O estudo analisou 25 outros feitos em vários países e mostrou que “o uso de cigarros eletrônicos aumentou em quase 3,5 vezes o risco de o indivíduo experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro o risco de passar a utilizar, posteriormente, cigarro convencional”, explicou a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, Liz Almeida.

Na visão de Azevedo, a migração pode ser explicada por uma questão financeira. “No Brasil, vape é caro para adolescente, cigarro é mais barato. Então, depois que você desenvolve a dependência, não consegue manter o vape e migra para o cigarro. É o inverso da porta de saída que se tinha imaginado no começo”, concluiu.

Fonte: Metrópoles

Imagens: Bodytech, Folha de São Paulo

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