O recente surto de febre maculosa no Brasil alertou os especialistas para os carrapatos, agentes que transmitem a doença. Para quem gosta de passear em ambientes rurais, com matas e animais, é essencial estar atento a esse bicho.
Recentemente, a morte de quatro pessoas por febre maculosa, transmitida por um tipo de carrapato, após participarem de uma festa em uma fazenda em Campinas (SP), ressaltou a importância de se manter alerta durante eventos e atividades em áreas verdes, onde esses insetos costumam habitar.
No entanto, os profissionais previnem sobre a melhor maneira de lidar com os carrapatos se eles forem avistados.
Após a picada
É compreensível que não seja agradável ser picado por um carrapato. No momento de se livrar do parasita, pode-se ter a tentação de esmagá-lo. Por essa razão, além de utilizar uma pinça para facilitar a remoção, é crucial manter a calma.
O Dr. Plínio Trabasso, médico infectologista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que é fundamental puxar o carrapato na vertical, a fim de retirá-lo da pele sem rompê-lo e evitar a dispersão de mais bactérias.
Outra recomendação do Dr. Trabasso é, além de usar roupas compridas, adotar estratégias para fechar as lacunas entre as peças de vestuário.
Isso porque o bicho procura sangue e pele, entrando pela barra da calça. Dessa forma, usar meias por cima do tornozelo é uma forma de prevenção.
A picada do carrapato normalmente é indolor e, por isso, o infectologista ressalta a importância de fazer uma autoinspeção para identificar rapidamente o parasita grudado na pele, se possível antes da contaminação.
O processo não é imediato, como o caso da dengue, por exemplo, que injeta o vírus no momento. No caso dos carrapatos, eles ficam um longo período ligados ao sangue antes de transmitir as bactérias.
Áreas de risco
Além de aprender a remover corretamente os carrapatos, é importante compreender como ocorre a transmissão da febre maculosa e redobrar a atenção em áreas de risco.
A febre maculosa é principalmente transmitida pelo carrapato-estrela, mas também pode ocorrer por meio de outros carrapatos infectados com a bactéria Rickettsia rickettsii.
As capivaras são hospedeiras do carrapato-estrela, mas não transmitem a doença aos humanos. Contudo, elas contribuem para espalhar os carrapatos transmissores, inclusive em áreas urbanas.
O Dr. Moacyr Silva Júnior, médico do Hospital Albert Einstein, explicou que algumas regiões do Brasil são endêmicas, ou seja, apresentam um maior número de casos de febre maculosa, como Campinas e Piracicaba. Na região Sudeste do Brasil, a doença é mais prevalente.
Ele alerta que é importante que a Vigilância Epidemiológica identifique as áreas de risco quanto antes.
No entanto, as pessoas devem tomar cuidado por si só, verificando se existem animais possivelmente infectados, como capivaras e gambás. Dessa forma, poderá evitar, ainda mais, as chances de contaminação.
Diagnóstico
Os sintomas da febre maculosa incluem febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, entre outros.
Devido a esses sintomas serem comuns a outras doenças, o diagnóstico da doença do carrapato nem sempre é preciso. Portanto, é importante informar ao médico sobre o contato com carrapatos ou a frequência em áreas de risco.
O Dr. Moacyr Silva Júnior explica que o desafio do diagnóstico é ser realizado cedo. Muitos que possuem sintomas não associam com a doença dos carrapatos. Dessa forma, comprometem a eficácia do tratamento, que, quanto antes, melhor.
É importante ressaltar que nem todas as picadas de carrapato resultam em febre maculosa. O especialista esclarece que nem todos os carrapatos estão infectados e, mesmo que estejam, não necessariamente transmitem a doença durante a picada.
Portanto, a orientação é “remover o carrapato e observar”, conforme indicado pelo médico.
Fonte: G1
Comentários