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Conheça os riscos de dependência dos descongestionantes nasais em apenas alguns dias de uso

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Os descongestionantes nasais, amplamente reconhecidos por sua capacidade de desobstruir o nariz quase instantaneamente, podem apresentar certas desvantagens em termos de benefícios para a saúde.

Poucos sabem, mas o uso desses produtos pode resultar em uma dependência rápida e, a longo prazo, acarretar riscos significativos.

Antes de mais nada, é essencial compreender como o entupimento nasal ocorre. Ele surge quando existe uma dilatação dos vasos sanguíneos na região, dificultando ou impedindo a passagem do ar.

Nesse sentido, os descongestionantes atuam de maneira oposta, agindo como vasoconstritores para reduzir o calibre dos vasos.

De acordo com o otorrinolaringologista Márcio Salmito, da Unidade Campo Belo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esse produto funciona para diminuir o fluxo de sangue na parte interna do nariz.

Via Freepik

Consequentemente, reduz o inchaço das estruturas internas. Isso aumenta o espaço para o ar passar, facilitando a respiração.

No entanto, quando o efeito do medicamento passa, ocorre uma “vasodilatação rebote”, resultando em uma obstrução nasal ainda mais intensa do que antes.

O principal problema desse tipo de medicamento é sua propriedade de taquifilaxia, ou seja, a tendência de o organismo se habituar a ele ao longo do tempo.

Isso significa que doses cada vez maiores são necessárias para obter o mesmo efeito, um fenômeno que ocorre com a maioria das substâncias medicamentosas, conforme explicado pelo otorrinolaringologista Fabrizio Romano, especialista da Aborl-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) e profissional do Hospital Moriah.

Por que acontece?

Conforme explicado por Salmito, esse fenômeno ocorre devido ao fato de que essa força artificial no fluxo sanguíneo confunde o corpo.

O medicamento aumenta a produção de substâncias, mas quando acaba o efeito dos descongestionantes nasais, a quantidade é maior que antes do uso do remédio.

Essencialmente, isso significa que a vasodilatação ocorrerá de maneira mais intensa do que antes, levando a pessoa a continuar usando o medicamento.

Romano exemplifica esse processo de dependência, afirmando que a sensação de alívio ocorre, inicialmente, por 12 horas. Enquanto isso, o segundo período é de apenas 10 horas. Sucessivamente, até que não sinta mais diferença.

Não existe um período de uso específico que caracterize o vício. No entanto, quando um paciente precisa utilizar o descongestionante diariamente, mesmo sem ter uma doença nasal diagnosticada ou um quadro gripal, por exemplo, isso indica uma dependência.

Indicação

Conforme alertado por Romano, o período máximo recomendado para o uso desse produto é de três a quatro dias, com exceções em casos raros chegando a cinco dias.

Ele adverte que mais que esse prazo, existem chances de dependência por parte do paciente.

Quando o uso ultrapassa essa duração, é necessário ter cuidado. Além disso, é importante ressaltar que não é o tempo de utilização em si que determina os efeitos adversos, mas sim a dose, a frequência diária e as características individuais de saúde.

Salmito destaca que o efeito negativo mais imediato do uso prolongado dos descongestionantes é a chamada rinite medicamentosa, que se caracteriza por problemas de obstrução nasal causados pelo uso contínuo do medicamento.

À medida que as doses aumentam, os riscos também se intensificam, podendo ocorrer arritmias com maior frequência.

Isso porque esses medicamentos têm propriedades semelhantes à adrenalina. Ainda, também traz complicações locais, como ressecamento e feridas internas no nariz.

Via Freepik

Outros riscos

Romano complementa destacando que o produto também pode ocasionar efeitos adversos mais graves, como o aumento da pressão arterial (hipertensão), aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e da pressão intraocular, retenção urinária e insônia.

No entanto, o especialista enfatiza que para experimentar essas reações mais graves, é necessário fazer uso excessivo do medicamento, pois a quantidade pontual de absorção é mínima. Ela se potencializa com uso diário.

Contudo, pacientes que já apresentam problemas cardíacos, por exemplo, não devem considerar o uso desses medicamentos, pois correm um sério risco de descompensação.

Descongestionantes nasais e corticoides

Os descongestionantes que contêm corticoide em sua composição são considerados os mais perigosos. Essa substância, por si só, possui um efeito sistêmico no organismo e pode desencadear alterações em vários órgãos.

Vale reforçar os efeitos colaterais dos descongestionantes nasais também no corpo. Isso inclui inchaço facial, maiores níveis de açúcar no sangue e braços e pernas mais finos.

Romano alerta que já atendeu pacientes que desenvolveram a síndrome de Cushing, que é caracterizada por uma série de problemas de saúde devido ao excesso de corticoide, apenas por causa do uso desses medicamentos nasais.

O especialista ressalta que esse problema não ocorre com o uso de sprays de corticoide, que são utilizados para tratar rinite e sinusite. O problema está nos produtos em forma de gotas, que possuem concentrações maiores dessa substância.

Via G1

Alternativas

Existem várias alternativas aos descongestionantes nasais, como a lavagem nasal com soro fisiológico e o uso de descongestionantes sistêmicos – comprimidos ou sprays com propriedades anti-inflamatórias e desobstrutivas.

No entanto, mais importante do que buscar uma alternativa aos descongestionantes nasais é procurar acompanhamento médico. Dessa forma, será possível tratar a condição que está causando a obstrução nasal.

Se a obstrução for causada por uma rinite crônica, é necessário tratar por meio de medicamentos, mudanças de hábitos ou terapias imunológicas, sempre com orientação médica.

Por outro lado, se o problema for de natureza anatômica, como um desvio do septo nasal, pode ser necessário realizar uma cirurgia corretiva, conforme orienta Salmito.

Romano complementa dizendo que, caso o paciente esteja lidando apenas com a dependência do medicamento, a abordagem é substituí-lo por uma dessas outras alternativas que não apresentam riscos.

Ainda, recomenda um período de aproximadamente duas a três semanas. Assim, permite que o paciente passe pelo período de abstinência.

 

Fonte: R7

Imagens: G1, Freepik, Freepik 

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