Cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, e do Museu Australiano anunciaram recentemente a identificação de uma nova espécie de anfíbio que habitou o período Triássico, entre 251,9 milhões e 201,3 milhões de anos atrás.
Batizado de Arenaerpeton supinatus, esse anfíbio apareceu através de um fóssil bem preservado e teve seus detalhes descritos no Journal of Vertebrate Paleontology em junho deste ano.
Com descoberta inicial na década de 1990 por um aposentado que anteriormente criava galinhas, o fóssil estava entre rochas de uma pedreira local, as quais serviram para construir um muro de contenção em seu jardim.
Posteriormente, o exemplar foi doado ao Museu Australiano em Sydney, onde foi reconhecido por sua excelente preservação e raridade.
Esqueleto completo
O esqueleto, que inclui a cabeça e o tronco conectados, além de contornos da pele visíveis, é uma peça singular.
Ele representam um grupo extinto de animais denominados temnospondyls, que viveram na era anterior e durante a época dos dinossauros, conforme explicado pelo paleontólogo Lachlan Hart, em um comunicado à imprensa.
Acredita-se que Arenaerpeton supinatus tenha habitado rios de água doce há aproximadamente 240 milhões de anos na região que hoje corresponde à Baía de Sydney.
Sua dieta provavelmente incluía a caça de outros peixes antigos, como os Cleithrolepis sp. encontrados na mesma área.
Lachlan Hart descreve que a aparência externa de Arenaerpeton supinatus se assemelha à da moderna salamandra-gigante-da-China (Andrias davidianus), especialmente no que diz respeito ao formato da cabeça.
Entretanto, detalhes do fóssil, como o tamanho das costelas e a preservação de tecidos moles, revelam que essa espécie era consideravelmente mais robusta que suas contrapartes contemporâneas.
Além disso, o fóssil apresenta dentes notavelmente curvados, incluindo um par de presas semelhantes a presas no céu da boca.
Nova espécie de anfíbio
Estima-se que o Arenaerpeton sp. alcançou um comprimento de cerca de 1,2 metro da cabeça à cauda.
Em contrapartida, outros seres vivos contemporâneos a ele durante o mesmo período apresentavam dimensões consideravelmente menores.
Esse contraste de tamanhos é apontado pelos pesquisadores como uma característica fundamental que contribuiu para a sobrevivência do grupo dos temnospondyls na Austrália ao longo de um impressionante período de 120 milhões de anos.
Matthew McCurry, um dos coautores do estudo, enfatiza a importância excepcional desse fóssil para a história paleoaustraliana.
Ele ressalta que este achado representa um dos registros mais significativos descobertos em Nova Gales do Sul nas últimas três décadas. Diante disso, a descrição formal desse achado é motivo de grande empolgação.
Podemos esperar mais descobertas?
A descoberta contínua de fósseis ao longo do tempo deve acontecer nos próximos anos, por conta de uma série de fatores.
A Terra é vasta e diversificada, com muitos lugares que ainda não foram explorados detalhadamente.
Existem regiões remotas, áreas pouco acessíveis, fundos de oceanos e desertos, onde fósseis podem estar preservados, mas ainda não foram descobertos.
Além disso, a erosão, a atividade geológica e as mudanças climáticas expõem novas camadas de rochas ao longo do tempo. Por isso, foi possível descobrir fósseis como a nova espécie de anfíbio.
À medida que a tecnologia avança, novas técnicas de escavação, detecção e análise permitem que os cientistas encontrem fósseis que anteriormente seriam difíceis de detectar ou recuperar.
A digitalização em 3D, por exemplo, permitiu aos paleontólogos estudar fósseis sem danificá-los.
À medida que surgem novas teorias e hipóteses, os cientistas podem procurar por fósseis específicos que antes não eram importantes.
Ainda, vale mencionar que isso não seria possível sem a nova globalização e comunicação instantânea. Com isso, cientistas de todo o mundo podem compartilhar informações sobre descobertas recentes e trabalhar juntos.
Fósseis incompletos
Assim como a nova espécie de anfíbio, outros fósseis seguem incompletos na Terra, prontos para serem encontrados.
Essas pendências científicas fazem com que a paleontologia siga em atenção constante, buscando em áreas remotas o que poderia ser o complemento para uma nova teoria, um novo animal ou explicação ancestral.
A mudança de ambiente auxilia nessa caminhada, mas os pesquisadores não contam apenas com isso em suas escavações. Com o sucesso no encontro desses e outros ossos, a área será alvo de novas identificações.
Dessa forma, podemos esperar que mais fósseis surjam ao longo dos anos, completando a História e o conhecimento que temos sobre o passado.
Fonte: Revista Galileu
Imagens: Revista Galileu, Revista Galileu
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