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Crise hídrica em grandes cidades tem a desigualdade social como maior responsável

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Estudos mostram como a crise hídrica em grandes cidades ocorre, principalmente, pela desigualdade social.

Ao longo das últimas duas décadas, diversas cidades metropolitanas ao redor do mundo têm enfrentado uma grave escassez de água devido a secas e ao uso insustentável desse recurso.

As projeções para o futuro são ainda mais preocupantes, uma vez que, além das mudanças climáticas e do crescimento das populações urbanas, a crescente desigualdade social também contribui para agravar as crises hídricas.

Enquanto a elite usufrui de abundantes recursos hídricos para atividades de lazer, uma parcela da população não possui acesso à água para satisfazer necessidades básicas, como beber e tomar banho.

Essa distribuição desigual prejudica principalmente aqueles que são social, econômica e politicamente desfavorecidos. Essa problemática foi abordada em um artigo recente publicado na Nature Sustainability, em 10 de maio.

Os especialistas avaliam que os estudos científicos costumam explicar o aumento da demanda por água como resultado do crescimento das áreas urbanizadas e da expansão populacional.

As mudanças climáticas são frequentemente consideradas a principal causa da redução da disponibilidade dos recursos hídricos.

No entanto, essas análises falham em reconhecer como o poder social e a heterogeneidade da sociedade influenciam a forma como as crises hídricas urbanas se desenvolvem e quem é mais vulnerável a elas.

Estudo da crise hídrica

Via SisTab

Através de uma análise interdisciplinar, o estudo examinou a disparidade no consumo doméstico de água em áreas urbanas. Ele também projetou tendências de consumo para diferentes segmentos sociais.

Os resultados revelaram que as classes privilegiadas nas cidades consomem água de forma excessiva. Por exemplo, atividades como enchimento de piscinas, rega de jardins e lavagem de veículos.

De acordo com um comunicado da hidróloga Hannah Cloke, da Universidade de Reading, mais de 80 grandes cidades em todo o mundo enfrentaram escassez de água nos últimos 20 anos.

As projeções indicam que a situação pode se agravar à medida que a desigualdade entre ricos e pobres aumenta em várias partes do mundo.

Isso ressalta as estreitas interconexões entre desigualdade social, econômica e ambiental. A menos que sejam desenvolvidas maneiras mais equitativas de compartilhar a água nas cidades, todas as pessoas serão afetadas pelas consequências dessa situação.

Distribuição desigual

Elisa Savelli, da Universidade de Uppsala, na Suécia, liderou uma pesquisa em colaboração com a Vrije Universiteit Amsterdam, na Holanda, e as Universidades de Reading e Manchester, ambas no Reino Unido.

A equipe utilizou um modelo para analisar o consumo doméstico de água pelos residentes urbanos da Cidade do Cabo, na África do Sul.

A escolha dessa cidade se deu devido à crise hídrica que a afeta, deixando muitos indivíduos sem acesso adequado à água. Com isso, foi preciso restringir seu uso para consumo e higiene pessoal.

No entanto, foi possível verificar questões semelhantes em pelo menos 80 cidades ao redor do mundo. Isso inclui metrópoles como Londres, Miami, Barcelona, Tóquio, Istambul, Cairo, Sydney, São Paulo, Cidade do México e Roma.

Nesse estudo, os pesquisadores identificaram cinco grupos sociais, que variam desde a “elite” até “moradores informais”. São pessoas que residem em casas espaçosas com grandes jardins e piscina e pessoas que geralmente vivem em habitações precárias na periferia da cidade.

Via Globo

O relatório apresenta um panorama dos desafios e das oportunidades enfrentados pelo Brasil diante da crise climática.

Um estudo estima que a degradação do delta do Nilo ameace cerca de 60 milhões de pessoas.

Na Cidade do Cabo, famílias de elite e de renda média alta, que representam menos de 14% da população, consomem mais da metade (51%) da água utilizada na cidade.

Enquanto isso, famílias informais e de baixa renda, correspondentes a 62% da população, consomem apenas 27% da água municipal.

Atualmente, os pesquisadores destacam que os esforços para enfrentar a escassez de água em cidades estão focados principalmente em soluções técnicas, como o desenvolvimento de infraestrutura hídrica mais eficiente.

No entanto, o estudo aponta que essa abordagem não é suficiente. Ele sugere uma postura mais proativa, voltada para a redução do consumo insustentável de água pelas elites.

 

Fonte: Globo

Imagens: Globo, Sistab

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