Um ex-produtor de cinema americano foi considerado culpado de estupro e agressões sexuais contra duas das quatro acusações que recebeu, após anos de julgamento.
A decisão ocorreu no tribunal de Los Angeles, que publicou a decisão contra Harvey Weinstein, nome popular em Hollywood. Ele recebeu processos de quatro mulheres diferentes durante a explosão do movimento #MeToo, que incentiva mulheres a denunciarem seus agressores.
Com a impulsão do movimento e o apoio da mídia, as vítimas conseguiram denunciar o produtor de cinema americano, que recebeu veredito a favor das acusações pelo tribunal onde seguia os processos.
Embora tenha declaração oficial de culpa, nenhuma sentença saiu até o momento. No entanto, espera-se que Weinstein pegue até 24 anos de prisão, sem direito a fiança. O produtor, de 70 anos, foi premiado por sucessos como Pulp Fiction (1994) e o filme mudo O Artista (2011).
Em 2020, ele foi igualmente condenado pelo estado de Nova York, pegando 23 anos de prisão por casos semelhantes.
No julgamento que condenou novamente o ex-produtor de cinema americano, quatro mulheres testemunharam sob anonimato contra o homem. As acusações revelaram que Weinstein obrigou as vítimas a ter relações sexuais com ele durante os anos de 2004 a 2013.
Os encontros forçados ocorreram em Beverly Hills e Los Angeles. No documento, existe uma quinta testemunha que se recusou a depor para esse julgamento.
Além do júri, composto por oito mulheres e quatro homens, o produtor também foi acusado pela procuradoria durante o período de audiências. Alguns dos comentários trataram o produtor como um “ogre todo-poderoso”, que domina Hollywood.
Na carreira profissional teve filmes que receberam mais de 330 nomeações ao Oscar e 81 estatuetas. Por conta disso, as vítimas teriam se sentido intimidadas a falar, especialmente pela fama e pelo medo de repercussões negativas em seus ambientes de trabalho.
Entretanto, o júri acabou por considerar Weinstein culpado de todas as acusações que a primeira vítima apresentou no primeiro julgamento. Por outro lado, os jurados consideraram o produtor inocente de acusações de agressão física a uma segunda mulher. Não existe um veredito final sobre as acusações das outras duas.
Muitos nomes relevantes do cenário se expuseram sobre o caso, como a documentarista Jennifer Siebel Newsom, esposa do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
A mulher se disse satisfeita com o veredito inicial. Segundo ela, Harvey Weinstein não poderá mais violentar outra mulher, pois passará o resto da vida atrás das grades.
Além disso, a documentarista apontou que os advogados do produtor de cinema americano se utilizaram de argumentos sexistas, misóginos e preconceituosos para intimidar as vítimas e testemunhas.
Com isso, pretendiam ridicularizar e humilhar os depoimentos, algo que ela considerou baixo. A mulher, assim como outros internautas que acompanharam o caso, recordaram que ainda existe muito a se fazer na sociedade.
Siebel deu um depoimento emocionante, em lágrimas, sobre como Weinstein a estuprou em um quarto de hotel em 2005. Ela não foi a única a ser violentada pelo produtor de cinema.
Uma modelo italiana testemunhou contra Weinstein afirmando que ele apareceu em seu quarto de hotel sem se anunciar, entrou à força e cometeu atos de violência sexual contra ela em 2013.
Ainda, uma terceira mulher, Lauren Young, acusou o produtor em ambos os julgamentos, contra violência sexual e física. Segundo seu relato, ela sofreu com toques íntimos agressivos e teve que presenciar o produtor em um momento íntimo na sua frente em um banheiro de hotel, em 2013.
Ela afirmou que era uma modelo em busca de uma carreira como atriz e roteirista, e, por isso, teve medo de testemunhar e denunciar antes.
O caso se estende com uma massoterapeuta que fez relatos anônimos, indicando ter sofrido o mesmo ataque em 2010 após prestar serviços para o diretor, que contratou a massagem.
A coragem para denunciar veio do posicionamento de centenas de mulheres, inclusive famosas, como Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, Salma Hayek e Uma Thurman, que acusaram o ex-produtor de ataques sexuais ao longo da carreira.
Isso impulsionou o movimento #MeToo, que incentivou vítimas a virem a público sobre seus casos de abuso sexual. Inclusive, as quatro acusações só surgiram graças ao incentivo desse movimento. Assim, puderam abalar a reputação de muitos homens poderosos da indústria.
Agora, Weinstein aguarda a sentença final, mas já está condenado e julgado culpado de crimes sexuais graves.
Fonte: Brasil De Fato