Pela primeira vez na história, dois fósseis de hominídeos tiveram a oportunidade de viajar para o espaço. No dia 8 de setembro, os restos mortais decolaram a bordo da nave espacial VSS Unity, pertencente à Virgin Galactic.
Os ossos de um hominídeo sul-africano foram transportados em um contêiner feito de fibra de carbono, acomodado dentro da espaçonave. Ele é conhecido como Australopithecus sediba, com uma idade de 2 milhões de anos, juntamente com os da espécie Homo naledi, que têm cerca de 250 mil anos.
A VMS Eve, a nave-mãe, impulsionou o veículo, que partiu da base espacial Spaceport America, localizada no estado norte-americano do Novo México.
O paleoantropólogo e diretor do Centro para a Exploração da Profunda Jornada Humana da Universidade de Witwatersrand, professor Lee Berger, fala sobre o assunto. Ele leciona na África do Sul, onde esses dois fósseis estavam armazenados.
Para ele, a viagem ao espaço representa a apreciação da humanidade pela contribuição de todos os antepassados e dos nossos antigos parentes.
“Sem descobertas como a do fogo e a invenção de ferramentas, e sem a contribuição desses antepassados para a evolução da mente humana contemporânea, empreendimentos tão extraordinários como os voos espaciais não teriam acontecido”, diz o comunicado.
Detalhes sobre o voo
O voo alcançou uma altitude máxima de 15 km antes de a VSS Unity se separar da nave-mãe e ativar seu motor para iniciar a subida em direção ao espaço orbital.
O investidor e conservacionista sul-africano Timothy Nash ficou responsável pela custódia dos dois fósseis durante a viagem. Ele também adquiriu uma passagem para voar com a Virgin Galactic em 2006.
Além disso, os demais passageiros do voo incluíam o investidor Ken Baxter, dos Estados Unidos e Adrian Reynard.
Um foi a primeira pessoa a comprar uma passagem civil para um voo turístico da Virgin Galactic, enquanto o outro é fundador da Reynard Motorsport, do Reino Unido. As informações são do site Space.com.
Sobre os dois fósseis
No interior da VSS Unity estava uma clavícula pertencente ao Australopithecus sediba. Essa é uma espécie que possivelmente desempenhou um papel importante na evolução do nosso próprio gênero, o Homo.
Esse fóssil, notável por ser o primeiro do tipo a ser descoberto, foi encontrado em 2008 no sítio de Malapa, na África do Sul, por Matthew Berger, filho de Lee Berger, que na época tinha apenas 9 anos.
O professor Zeblon Vilakazi, vice-reitor da Universidade de Witwatersrand, ressalta que o fóssil é famoso por ilustrar como crianças e jovens podem contribuir para a ciência através da exploração e descoberta, além de, claro, essa jornada ter um significado simbólico importante.
Além disso, os ossos de Homo naledi ganharam destaque recentemente devido a um estudo passado. Ele sugeriu que essa espécie possuía comportamentos até então observados somente nos neandertais e Homo sapiens.
Esses hominídeos praticavam o sepultamento de seus mortos e criavam símbolos em pinturas rupestres nas paredes de uma câmara funerária subterrânea.
Representação
Matthew Berger comenta que esses fósseis representam indivíduos que viveram e faleceram há centenas de milhares de anos. No entanto, também podem ter contemplado o céu estrelado, da mesma forma que fazemos hoje. Ele é responsável por entregar os ossos a Timothy Nash em uma breve cerimônia antes do voo de ida e volta da VSS Unity.
Agora, está previsto que os dois fósseis sejam exibidos em museus e outras instituições na África e ao redor do mundo.
Por fim, Timothy Nash compartilha suas reflexões, afirmando que, em meio aos preparativos para o voo, levou algum tempo para compreender plenamente a importância de ser um dos primeiros civis a viajar para o espaço e carregar consigo essas relíquias valiosas.
Ele se sente honrado por representar a África do Sul e toda a humanidade, enquanto transporta essas representações preciosas de nossos antepassados coletivos em sua primeira viagem ao espaço.
Fonte: Revista Galileu
Imagens: Revista Galileu, Revista Galileu
Comentários