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E se a vida não se originou na Terra? Conheça a Panspermia: a hipótese de que o Universo está cheio de vida!

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Uma nova teoria, chamada panspermia, pode mudar nossa visão de como a vida surgiu no espaço.

Essa pergunta é uma questão central em várias disciplinas científicas, incluindo a Astronomia. A resposta é tão misteriosa que requer a colaboração de diversas áreas do conhecimento. Ao longo dos últimos milênios, surgiram várias hipóteses como possíveis explicações para esse enigma.

A explicação mais popular é que a vida teve origem na Terra. Inicialmente, acredita-se que a vida tenha surgido a partir de moléculas formadas por reações químicas desencadeadas pelas condições ambientais da Terra.

Desse modo, ao longo dos bilhões de anos desde a formação da Terra, a vida evoluiu para a diversidade que observamos na natureza hoje.

No entanto, uma hipótese vai além disso, e agora ganhou seriedade. A teoria da panspermia indica que a vida se originou em vários locais no Universo na forma de microrganismos. Esses microrganismos teriam sido disseminados por corpos celestes através de colisões e impactos, como os causados por asteroides.

Uma ideia bastante antiga

Via Nasa

O filósofo Anaxágoras, que viveu entre 500 a 428 a.C., foi o pioneiro ao introduzir o conceito de panspermia. Ele cunhou o termo e propôs que a vida estava dispersa por todo o Universo, sugerindo que era transportada de um planeta para outro na forma de sementes.

Anaxágoras não foi o único pensador da Antiguidade a explorar essa ideia. Filósofos como Anaximandro e Tales já haviam discutido a filosofia subjacente à panspermia.

Em resumo, a hipótese de que a vida se originou em diversos locais e foi trazida para a Terra é uma concepção bastante antiga, embora tenha ressurgido nos últimos séculos.

O que é panspermia?

Atualmente, a concepção da panspermia sugere que a vida pode não ter surgido exclusivamente em um único local, mas sim em vários. A hipótese é que formas primitivas de vida poderiam resistir a colisões e impactos, permitindo que microrganismos contidos em detritos espaciais fossem dispersos pelo espaço, fenômeno conhecido como litopanspermia.

O tipo de panspermia em que a vida é naturalmente transportada por processos astrofísicos é denominado panspermia cósmica. Além disso, hoje em dia, outras formas de panspermia são objeto de debate, como a panspermia dirigida e a química.

A panspermia dirigida sugere que civilizações poderiam, intencionalmente ou não, transportar vida para outros corpos celestes. Enquanto isso, a panspermia química concentra-se na disseminação de moléculas orgânicas essenciais para a vida por todo o Universo.

Via Nasa

Tipos de panspermia

Atualmente, três categorias principais de panspermia estão em discussão: litopanspermia, radiopanspermia e pseudopanspermia. A litopanspermia refere-se à ideia de que a vida pode se transportar por meio de impactos de asteroides ou objetos, sendo a mais famosa e debatida entre os pesquisadores.

A radiopanspermia é um tipo de panspermia cósmica que se concentra no transporte de vida por meio da radiação. Por outro lado, a pseudopanspermia considera a possibilidade de a vida se originar em nuvens contendo moléculas orgânicas, que então alcançariam corpos celestes.

Existe um foco crescente na panspermia química, evidenciado por notícias recentes sobre o telescópio espacial James Webb (JWST) detectando moléculas orgânicas essenciais à vida.

Essa tendência tem se intensificado, incluindo a identificação de tais moléculas mesmo quando o Universo era extremamente jovem. Além disso, o JWST analisa a presença de moléculas na atmosfera de exoplanetas.

A concepção da panspermia química sugere que a vida pode ter surgido devido a essas moléculas orgânicas, em um processo semelhante ao que se espera aqui na Terra. Assim, a vida poderia se formar naturalmente em diferentes locais, conectando-se intimamente à ideia de pseudopanspermia.

Experimentos

Uma maneira de avaliar a hipótese da panspermia é investigar se amostras químicas e biológicas podem sobreviver no espaço. Essa abordagem motivou os cientistas a realizar experimentos conhecidos como EXPOSE entre 2008 e 2015.

O EXPOSE consistiu em uma série de experimentos da Estação Espacial Internacional, com o propósito de examinar amostras de material químico e biológico no ambiente espacial.

Os resultados significativos obtidos com o experimento indicaram que certos microrganismos conseguem resistir a condições extremas do espaço, abrangendo desde intensa radiação até variações de temperatura.

Além disso, observou-se que moléculas conseguem manter suas estruturas moleculares mesmo sob condições adversas.

Prova da panspermia

Os experimentos EXPOSE desempenharam um papel fundamental nas discussões em torno da hipótese da panspermia. Ao demonstrar que materiais químicos e biológicos podem resistir a condições extremas do espaço, esses experimentos levantaram a possibilidade de que microrganismos possam sobreviver em lugares específicos do Universo, além da Terra.

Ainda não existe uma evidência concreta da panspermia, uma vez que nenhum microrganismo foi identificado. Contudo, os resultados desses experimentos indicam a viabilidade de encontrar organismos primitivos, pois eles poderiam sobreviver nessas condições desafiadoras.

Seres humanos causariam a panspermia dirigida?

Via Nasa

A panspermia dirigida ocorre quando uma civilização transporta intencional ou acidentalmente amostras de vida para outros locais. Desde o aumento da exploração espacial no final do século passado, os seres humanos têm se aventurado cada vez mais em direção a outros corpos celestes.

Um exemplo notável é a série de missões Apollo, que resultou no desembarque de seres humanos na superfície lunar.

Existe a possibilidade de levar microrganismos para outros astros, mesmo sem a intenção explícita. Em 1969, a missão Apollo 12 trouxe de volta uma sonda lunar chamada Surveyor 3. Ao analisar a estrutura da sonda, os cientistas encontraram uma bactéria terrestre que havia sobrevivido no espaço por dois anos.

Essa descoberta é uma evidência de que, mesmo sem intenção consciente, estamos possivelmente promovendo uma forma de panspermia dirigida.

Críticas à panspermia

Por outro lado, a panspermia enfrenta várias críticas, sendo a principal delas a ideia de que, em vez de responder à questão fundamental “como surgiu a vida?”, ela simplesmente transfere essa pergunta para um novo contexto. Em termos claros, a panspermia não ofereceria insights sobre a verdadeira origem da vida.

Outra crítica diz respeito ao processo de transporte que supostamente levaria a vida de um astro para outro. Alguns astrofísicos argumentam que os impactos ou as radiações envolvidas nesse transporte seriam tão extremos que acabariam por destruir qualquer forma de vida presente.

Além disso, a falta de evidências concretas mantém a panspermia no domínio das hipóteses, sem a consideração séria de muitos cientistas.

 

Fonte: Tempo

Imagens: Nasa, Nasa, Nasa

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