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Essa descoberta pode ajudar a explicar a doença de Parkinson

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Infelizmente, estamos expostos a diversos tipos de doenças no decorrer da vida. A doença de Parkinson é um desses males que pode nos atingir. Ela é caracterizada pela lenta deterioração do cérebro devido ao acúmulo de alfa-sinucleína. Essa é uma proteína que danifica os neurônios. Isso leva a movimentos lentos e bastante rígidos que muitas pessoas já associam à doença.

Mesmo sabendo um pouco sobre essa doença, ela ainda tem vários mistérios que a circundam, sendo um deles a sua própria explicação. No entanto, pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, descobriram três subtipos diferentes de neurônios reativos à dopamina em uma região do cérebro. Eles foram vistos na chamada substância negra pars compacta (SNc).

Essa região está associada aos comandos para os movimentos do corpo. Justamente por isso que essa descoberta pode ajudar os pesquisadores a entenderem melhor o Parkinson.

Genes analisados

Erich Fonoff

O que se considera o marco zero do Parkinson é a substância negra. E a perda de neurônios que são sensíveis à dopamina está relacionada com os sintomas que são característicos da doença, como por exemplo, a rigidez, a lentidão e os tremores.

Desses três genes analisados, cada subtipo reage de uma forma diferente a experiências satisfatórias, estímulos que são desagradáveis e mudanças na velocidade.

“Encontramos um subtipo que é sinalização motora sem qualquer resposta de recompensa, e eles ficam exatamente onde os neurônios dopaminérgicos morrem pela primeira vez na doença de Parkinson”, explicou Daniel Dombeck, neurobiólogo responsável pelo estudo.

Embora hajam várias dúvidas ainda com relação à doença de Parkinson, essa descoberta deu aos pesquisadores uma nova direção. “Essa é apenas mais uma dica e pista que parece sugerir que há algum subtipo genético que é mais suscetível à degradação ao longo do tempo à medida que as pessoas envelhecem”, disse Dombeck.

Entendendo sintomas do Parkinson

CNN

No estudo, os pesquisadores focaram nesses três genes-chave: Slc17a6, Calb1 e Anxa1. Eles são conhecidos por operar dentro das células. Então, eles marcaram os genes em camundongos transgênicos para que eles brilhassem quando estivessem ativos.

Nos experimentos, aproximadamente 30% dos neurônios reativos à dopamina se iluminaram quando os animais se mexiam e deixavam respostas aos comportamentos aversivos ou recompensadores para as células nervosas que restaram.

“Este subtipo genético está correlacionado com a aceleração. Sempre que o rato acelerava, víamos atividade, mas, em contraste, não víamos atividade em resposta a um estímulo recompensador”, pontuou o neurobiólogo Rajeshwar Awatramani.

Vendo isso, os pesquisadores pensam que a perda dos neurônios dopaminérgicos específicos que são responsáveis pela aceleração pode gerar um desequilíbrio no cérebro, e isso pode estar por trás dos tremores característicos do Parkinson.

Isso sugere que somente neurônios responsáveis pela desaceleração continuam ativos. Como consequência, o cérebro força os músculos a pararem. “Eu diria que este é um ponto de partida. É uma nova maneira de pensar sobre o cérebro no Parkinson”, concluiu Awatramani.

Diagnóstico

CNN

Ter um diagnóstico de Parkinson o quanto antes faz toda a diferença. Por isso que um teste de laboratório que possa informar aos médicos se uma pessoa tem essa doença é uma coisa extremamente buscada.

O diagnóstico é dado pelos médicos hoje em dia procurando pelos sintomas físicos que podem revelar a doença, como por exemplo, tremores, marcha hesitante, rigidez ou problemas de equilíbrio. No começo, esses sinais podem ser bastante sutis. Por isso que existe uma dificuldade em diferenciar o Parkinson de outras doenças até que ele esteja mais avançado e tenha afetado o cérebro.

E justamente por não existirem testes de laboratório que detectam a doença logo nos estágios iniciais, a busca por novos tratamentos para o Parkinson também não aconteceu.

O estudo é difícil porque analisar um grupo de pessoas que tenham os mesmos sintomas de movimento pode acabar incluindo, de forma inadequada, as pessoas que têm a condição causada por um outro fator. Isso implica que normalmente as pessoas são estudadas com a doença já em andamento.

No entanto, essa realidade pode mudar logo. Isso porque novos testes conseguiram detectar vestígios de uma proteína-chave que se decompõe e acaba obstruindo áreas específicas do cérebro. Ela se chama alfa-sinucleína. E o teste chamado SYNTap, que procura sementes dessa proteína no fluido espinhal, foi aprovado em um grande estudo feito pela Fundação Michael J. Fox, na Iniciativa do Marcador de Progressão de Parkinson.

Com isso, o SYNTap se junta ao Syn-One, um teste que consegue detectar traços dessa proteína na pele. Desde 2019 esse teste está disponível e é estudado sendo financiado pelo National Institutes of Health.

Embora esses novos testes não tenham identificado o Parkinson, eles conseguiram mostrar um grupo de distúrbios causados pela aglomeração anormal da proteína alfa-sinucleína. Dentre eles, a demência com corpos de Lewy e a atrofia de vários sistemas que resultam em danos no cérebro. Desses distúrbios, o Parkinson é o mais comum.

Até hoje, a causa exata do Parkinson é desconhecida. No entanto, esses testes são o começo de “um novo capítulo para nós na doença de Parkinson, onde podemos realmente nos concentrar na biologia”, disse a Dra. Kathleen Poston, professora de neurologia e ciências neurológicas na Universidade de Stanford.

“Acho que isso acelerará muito nosso engajamento e ensaios clínicos e, espero, nos permitirá ter mais ensaios clínicos terapêuticos bem-sucedidos nos próximos cinco anos”, disse.

Fonte: Olhar digital, CNN

Imagens: Erich Fonoff, CNN

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