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Essa jovem com autismo aprovada em medicina derruba mitos sobre condição no TikTok

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Estima-se que, ao redor do mundo, uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista. Entre eles, temos a estudante de medicina Raquel Sabino, que passou a maior parte de sua infância querendo entender por que ela era diferente de seus colegas. O diagnóstico de autismo veio depois, após muita luta.

Quando Raquel era bebê, ela chorava muito, gostava de subir nas coisas e sofria com uma inquietação que sua mãe considerava fora do normal. Além disso, ela era possessiva ao extremo e não sabia lidar muito bem com as outras crianças de sua idade.

Portanto, sua família chegou a ouvir que a filha era mimada por conta de seu comportamento. “Quando alguém tocava em algo que era dela, partia para agressão. Ela gostava de pegar livros, de mexer e explorar”, relembra Carla Sabino, mãe de Raquel, à BBC News Brasil. Por causa dessas dificuldades, sua avó sugeriu que Raquel fosse à escola com um ano e seis meses.

Assim, aos três anos, aprendeu a ler e, aos quatros começou o processo de alfabetização. Então, ela estava adiantada nos estudos e chegou a pular algumas séries. Nessa idade, ela já estava no primeiro ano, ou pré-escolar.

Raquel começou a sofrer com a socialização logo cedo, sendo isolada por alguns colegas. Até os professores a tratavam diferente, mas ela não sabia que era autista ainda. “Eu sabia que era diferente”, afirma a estudante.

Aos oito anos de idade, Raquel já lia Nietzsche, também tendo facilidade com livros de história e conteúdos de exatas. Enquanto algumas crianças assistiam desenhos, Raquel gostava de ligar a televisão no History Channel e National Geographic.

Bullying e preconceito

Arquivo pessoal

No ensino fundamental, Raquel sofria com agressões de seus colegas, sendo também alvo de piadas. A sua mãe afirma que, naquela época, não se falava sobre transtornos ou outras condições médicas que a fizessem suspeitar que sua filha poderia, de fato, ser diferente.

“Eu não entendia nada e prezei pela saúde emocional dela. Foram muitas situações que ela enfrentou. Quando estava triste, lia e ficava no canto dela. Eu precisei fazer pedagogia para entender”, diz. Ao chegar na adolescência, a jovem só tinha três amigas. Ainda assim, segundo ela, as ligações eram motivadas pelo interesse de se sair bem nas tarefas.

“No Fundamental 2 eu era muito solitária. Ia para escola, não sabia onde ficar e não gostava de ficar em lugares diferentes. Eu era bem sozinha, bem triste e odiava ir para o colégio”, relembra. Foi nessa época que Raquel ganhou o “prêmio de mais chata da sala”.

No Ensino Médio, a jovem começou a ter crises de choro e a ida à escola se mostrou ainda mais difícil. “Na escola pública os professores passam a te humilhar na frente de todos e eu passei a rejeitar a ideia de ir para escola”, relembra a jovem.

Mesmo diante desses episódios ao longo de sua vida, Raquel não suspeitava que poderia ser autista. Como seus pais não tinham condições financeiras de procurar ajuda especializada de forma direta, sua mãe tentou achar psicólogos que atendiam gratuitamente ou a preços populares.

Autista

A mãe de Raquel relembra que estava em uma aula de psicopedagogia em que a professora começou a falar sobre o autismo. “Eu fui às lágrimas, pois ela descreveu minha filha”, relembra Carla.

Dessa forma, no final da aula, Carla falou com a professora, que encaminhou Raquel, já com 16 anos, para uma psicóloga. A jovem realizou testes de altas habilidades como WAIS III, que mede a escala de inteligência de adolescentes e adultos. “Lembro que ela perguntou a capital do Azerbaijão, quem foi Marie Curie e outras perguntas de conhecimento gerais”, afirma Raquel.

Com o diagnóstico de autismo, Raquel e sua mãe sentiram alívio. Agora, poderiam se direcionar a um tratamento melhor e uma vida com maior qualidade. Depois de todo o processo de entender que estava no espectro autista, Raquel começou a falar abertamente sobre a condição nas redes sociais.

Ela esperava que tivesse repercussão, mas não imaginava que teria 250 mil inscritos no YouTube. A jovem ainda passa por adversidades, mas seu foco é ajudar as pessoas com seus conteúdos sobre autismo.

Fonte: BBC

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