Saúde

Estudo aponta possível causa da síndrome de Alice no País das Maravilhas

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Pesquisadores estão mais perto de descobrir o que causa a famosa Síndrome de Alice no País das Maravilhas, uma condição neuropsiquiátrica rara, e que ainda possui diversos mistérios ao seu redor.

Entender mais sobre essa condição é a chave para saber como tratá-la corretamente. Por isso, especialistas lideram um estudo inovador.

O que é Síndrome de Alice?

Via Globo

A Síndrome de Alice no País das Maravilhas, também conhecida como micropsia/macropsia, é uma condição neuropsiquiátrica rara em que o indivíduo percebe de forma distorcida o tamanho do seu próprio corpo e dos objetos ao seu redor.

Ela recebe esse nome por sua semelhança com as experiências vividas pela personagem Alice, no livro “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll, onde ela se depara com mudanças constantes no tamanho das coisas ao seu redor.

Os pacientes com essa síndrome podem sentir que partes do corpo estão aumentadas ou diminuídas em tamanho. Além disso, também podem perceber objetos como muito maiores ou muito menores do que realmente são.

Essa distorção na percepção do tamanho pode ser acompanhada por outros sintomas neuropsiquiátricos, como alucinações visuais e desorientação espacial.

A causa exata da Síndrome de Alice no País das Maravilhas não é totalmente compreendida, mas geralmente é associada a disfunções temporárias no cérebro, como enxaquecas, epilepsia, infecções virais, efeitos colaterais de medicamentos ou distúrbios neurológicos.

O tratamento geralmente envolve abordagens para tratar a condição subjacente, quando identificada, e pode incluir terapias cognitivo-comportamentais ou medicamentos para controlar os sintomas.

Estudo

Por existir tantas informações superficiais sobre o assunto, um estudo recente, ainda sujeito à validação pela comunidade científica, tentou compreender melhor as causas dessa condição.

Para isso, examinou imagens de lesões cerebrais em 37 pacientes diagnosticados com a síndrome, comparando com 1.073 lesões associadas a outras condições neuropsiquiátricas.

De acordo com o pré-print da pesquisa, publicado no portal Medrxiv, embora as lesões nos 37 pacientes estejam em locais diversos, todas as regiões lesionadas estão conectadas às mesmas redes cerebrais.

Essas lesões estão relacionadas à parte direita da área extra-estriada do corpo e ao córtex parietal inferior. As regiões cerebrais estão ligadas, respectivamente, à percepção das partes do corpo e à assimilação da escala de tamanho.

Os autores observam que tais padrões de conectividade cerebral foram exclusivos dos pacientes com a Síndrome de Alice no País das Maravilhas e não foram encontrados em pacientes com outras condições neuropsiquiátricas.

VIa Freepik

Como pode ajudar?

Esse estudo sobre a Síndrome de Alice no País das Maravilhas pode fornecer insights valiosos, que ajudarão no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para essa condição e até mesmo para outros distúrbios neuropsiquiátricos relacionados.

Ao mapear as regiões cerebrais afetadas pela síndrome e compreender suas conexões e funções, os pesquisadores podem identificar alvos específicos para intervenção terapêutica, seja por meio de medicamentos, estimulação cerebral não invasiva ou outras abordagens.

Além disso, com uma compreensão mais profunda das causas subjacentes da síndrome, os cientistas podem projetar terapias mais direcionadas e personalizadas. Isso poderá corrigir ou modular as disfunções específicas do cérebro que levam aos sintomas da condição.

Ainda, seria uma forma de desenvolver e melhorar as abordagens terapêuticas que já existem. Desse modo, ajustaria conforme as necessidades individuais dos pacientes e suas lesões.

Inclusive, seria mais eficiente ao criar combinações de tratamentos farmacológicos, terapias comportamentais e intervenções neuropsicológicas.

Vale reforçar, ainda, que saber como encontrar a Síndrome de Alice nos pacientes permite uma melhor compreensão das características neurológicas. Isso ajuda os médicos a prever o curso da doença e a monitorar sua progressão ao longo do tempo.

Por fim, os resultados deste estudo fornecem uma base sólida para pesquisas futuras sobre a síndrome. Com isso, permitirá que outros cientistas explorem novas estratégias de tratamento, investiguem biomarcadores adicionais e aprofundem nossa compreensão das bases biológicas e neurais da condição.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Globo, Freepik, G1

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