Natureza

Evolução animal: enquanto os machos buscam ter melhores armas, as fêmeas desenvolvem cérebros maiores

0

A evolução animal continua a surpreender os pesquisadores, que, agora, descobriram que os machos e as fêmeas possuem objetivos um pouco diferentes na natureza.

Quando pensamos em combates de carneiros, é comum pensar nos chifres grandes e curvos. Eles podem pesar até 30 quilos na cabeça dos animais, além de fazer barulhos que intimidam.

O mesmo acontece com outras espécies, como alces, que carregam grandes chifres para demonstrar sua imponência.

No entanto, o que não sabíamos, e agora temos uma mera ideia, é que esse sinal não surgiu à toa. Na verdade, os machos buscam, geneticamente, na evolução animal, ter as melhores armas para embates.

Além disso, um estudo recente publicado na revista Behavioral Ecology and Sociobiology fornece a primeira evidência de que, à medida que os mamíferos machos desenvolvem armas físicas maiores para o combate e para sinalizar sua aptidão, as fêmeas dessas espécies desenvolvem cérebros maiores do que o esperado.

Nicole Lopez, estudante de doutorado da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, foi a principal autora do estudo. Ela opina que as fêmeas são um aspecto importante da biologia, que muitas vezes é ignorado.

No entanto, embora o foco sempre tenha sido no que está acontecendo no topo da cabeça dos machos, pode haver algo igualmente notável acontecendo dentro da cabeça das fêmeas. E isso pode mudar nossa compreensão sobre a capacidade que elas têm de escolher um parceiro.

Via Freepik

Força vs inteligência

Por outro lado, a pesquisa traz uma boa notícia para os homens: ter armas físicas maiores não significa que eles se tornaram menos inteligentes.

Ted Stankowich, da Universidade Estadual da Califórnia, esclarece que o tamanho do cérebro dos machos não diminui à medida que eles desenvolvem armas maiores, embora a evolução esteja selecionando armas cada vez maiores.

Ao mesmo tempo, as fêmeas aparentavam ter cérebros maiores. Embora não esteja claro se há uma ligação direta entre essas características, o estudo mostra que elas estão correlacionadas.

Para investigar essa relação, os pesquisadores viajaram para sete museus e mediram os crânios, o volume do cérebro e o tamanho das armas de 413 espécimes de 29 espécies de ungulados, incluindo veados, cabras e alces.

Stankowich sugere que os machos investem mais em suas armas naturais, o que pode torná-los mais atraentes para as fêmeas.

Isso também pode estar relacionado à complexidade dos sistemas sociais, o que pode exigir que as fêmeas tenham cérebros maiores para tomar decisões sobre o acasalamento e a navegação social.

O biólogo evolucionista Ummat Somjee, embora aponte algumas limitações no estudo, considera a pesquisa uma ideia interessante com grandes implicações.

Crédito para a evolução animal

De certa forma, não é surpreendente que os humanos tenham se interessado em observar as armas dos animais. Afinal, muitas dessas estruturas evoluíram para chamar a atenção, explica Somjee.

A especialista explica por que somos atraídos por essas armas, mas também enganados por elas. Somjee destaca que nos impressionamos com os cervídeos machos, como veados e alces. No entanto, não sabemos que eles passam por uma osteoporose temporária todos os anos, já que retiram nutrientes de seus próprios esqueletos para construir chifres.

É comum pensar que, quanto maior a arma, maior a imponência. Contudo, a evolução animal mostra que isso não se aplica sempre.

O novo estudo também revelou que a relação entre cérebro e músculos foi ainda mais evidente em animais com chifres do que naqueles com chifres – e a natureza sazonal de seus adornos pode estar relacionada a isso.

Segundo a cientista, é um fenômeno natural e peculiar ao longo da vida desses animais em específico. Porém, existiu uma negligência para estudar o que acontece com as fêmeas no mesmo período.

Via Freepik

Onde cada um investe

Por exemplo, as fêmeas também investem grandes quantidades de cálcio, fósforo e outros nutrientes de seus próprios corpos para criar descendentes inteiros em seus úteros. E, é claro, todos os tecidos que dão origem a chifres, cornos ou presas são primeiramente formados por essas fêmeas.

Por sua vez, Lopez destaca que a maioria da literatura científica tem se concentrado nas lutas entre os machos para entender a seleção sexual nessas espécies. A história predominante é que os machos maiores e mais armados têm maior sucesso na conquista das fêmeas.

No entanto, agora, temos uma nova visão sobre a evolução animal, e o que estaria acontecendo nessa seleção genética e pela busca para a sobrevivência. Ao que parece, as fêmeas têm algum tipo de influência na escolha dos machos com os quais se acasalam, e isso abre novas portas para os estudos naturais.

 

Fonte: National Geographic

Imagens: Freepik, Freepik

A Europa também foi colonizada e a prova disso está no DNA

Artigo anterior

WhatsApp Web prepara opção para bloquear conversas com senhas

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido