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Golpe do amor: 96% dos sequestros em SP são através de apps de namoro

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Hoje em dia, fazemos praticamente tudo pelo celular através dos mais variados aplicativos. Dentre os mais usados estão os aplicativos de relacionamento, sendo o Tinder o mais famoso deles. Há um tempo, o mundo todo teve conhecimento de um golpe aplicado através do app por um homem que ficou conhecido como “o golpista do Tinder” por conta de um documentário da Netflix. Infelizmente, mesmo com todo o alerta feito pela produção, pessoas ainda caem em golpes feitos pelo app.

Para se ter uma ideia, em 2023, forma 51 casos de sequestros em São Paulo. Desses 49 aconteceram através de aplicativos de namoro e todos aconteceram com homens. O app mais usado nesses casos foi o Tinder, mas também houveram registros de sequestro pelo Inner Circle e Happn.

Esses dados foram divulgados pela Divisão Antissequestro de São Paulo e foram confirmados pela Secretaria de Segurança Pública. E essa modalidade de sequestro é a que predomina hoje em dia, representando 96% dos casos.

Curiosamente, em nenhuma outra capital do país são vistos tantos crimes via aplicativos de namoro. Isso faz com que o chamado “golpe do amor” seja um crime tipicamente paulistano.

Golpe

Aventuras na história

De acordo com a porcentagem, o perfil das pessoas sequestrada por esse golpe em São Paulo mudou com o passar dos anos. Com o PIX, a facilidade em acessar contas bancárias e a popularização dos apps de namoro, o modus operandi das quadrilhas mudaram.

Agora, a vítima é levada para um cativeiro, mas dias depois é liberada quando já não existe mais dinheiro para ser tirado dela. Ou seja, os criminosos não pedem resgate pelo sequestro.

“[Em sequestros via app de namoro] O criminoso pode preparar a armadilha; ele controla tudo. Não é como ter de entrar em contato com a família e pedir dinheiro para libertar. É mais fácil”, explicou Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Por conta disso que, na visão de  Guaracy, os números devem ser bem maiores. “Nem todo mundo presta queixa porque a pessoa fica com vergonha, acha que vai passar por trouxa. Se no caso do roubo simples a subnotificação é de 40%, imagina num golpe desses”, pontuou.

Operação das quadrilhas

Band

Em um dos casos que foram registrados pela polícia no ano passado, uma selfie de uma loira com cropped decotado, short jeans e marquinha de biquíni foi usada como isca. O nome do perfil era Gabriela, no entanto, quem realmente estava digitando era um criminoso.

Outro perfil, chamado Lais Olive, também foi usado várias vezes para atrair homens. E a quadrilha usava as fotos dessas mulheres sem elas saberem que estavam participando de um golpe.

Depois que a vítima já está conversando com o criminoso, se passando por uma mulher, a conversa sai do app e vai para o WhatsApp. Na conversa, os criminosos descobrem mais detalhes sobre a possível vítima, como a condição financeira dela.

“Todos os casos que acompanhamos foram de vítimas homens com idades entre 25 a 60 anos, quase sempre solteiros, preferencialmente entre 30 e 40 anos e com boa condição financeira”, explicou o delegado Fernandes.

De acordo com o delegado, alguns casos acabam não chegando na Divisão Antissequestro e são resolvidos por delegacias especializadas. Isso é verdade principalmente nos bairros de Brasilândia e Taipas, na zona norte de São Paulo, e Jaguaré, na zona oeste, onde a maior parte dos golpes acontece. Mesmo assim, a Divisão é informada dos crimes e os coloca nas análises e cruzamento de dados.

Ação

Tribunal de restinga

A conversa com a vítima e a suposta pretendente são coisas banais, troca de gentilezas e perguntas a respeito do dia da pessoa. “No máximo a pessoa que interage com a vítima diz que vai rolar uma noite legal quando houver o encontro, mas não há um tom sexualizado”, disse o delegado.

De acordo com os homens, que foram vítimas do golpe, e deram entrevista ao UOL, eles admitiram que caíram por um pensamento tipicamente masculino: “se uma mulher bonita está me dando mole, como vou dizer não?”

Mesmo muitos tendo marcado o encontro em lugares públicos, “mas, em cima da hora, a mulher inventa uma desculpa, diz que o pneu furou e que o homem precisa buscá-la em casa”, detalhou Fernandes.

No local, a vítima é abordada pelos criminosos e é feita de refém. Ela anda por algum tempo dentro de um carro e é levada para um imóvel. No cativeiro, os criminosos fazem transações bancárias pelo PIX e compras no cartão de crédito.

Geralmente o sequestro dura entre dois e três dias. De todos os 164 casos entre 2022 e 2023, cinco vítimas morreram porque reagiram ao sequestro.

Por mais que existam poucos casos ou quase nenhum fora de São Paulo, autoridades do Paraná, do Pará e da Bahia já entraram em contato com a Divisão Antissequestro de São Paulo para entender como a polícia conseguiu conter o avanço desse tipo de golpe. Isso porque eles tem medo que o golpe do amor seja “importado” pelas quadrilhas de outros estados.

Fonte: UOL

Imagens: Aventuras na história, Tribunal de restinga, Band

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