História

Hirota: antigo povo do Japão que deformou os crânios de seus filhos

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Cientistas examinaram crânios desenterrados no sítio arqueológico de Hirota, localizado na Ilha de Tanegashima, Japão, e constataram que a antiga comunidade que habitava essa região realizava modificações de propósito em suas estruturas cranianas.

Os resultados dessa investigação foram divulgados no jornal científico PLOS ONE, em uma publicação datada desta quarta-feira (16).

Os especialistas, liderados por pesquisadores japoneses da Universidade de Kyushu, identificaram que a modificação craniana era um costume amplamente difundido em diversas culturas ao redor do mundo ao longo de milênios.

Análises prévias dos restos mortais recuperados no sítio de Hirota já indicavam que estes se caracterizavam por crânios com formato curto e região occipital achatada.

Via Revista Galileu

Essas características levantaram suspeitas quanto à prática de deformação intencional.

No entanto, a dúvida persistia se essa modificação era resultado de ações propositais ou se teria ocorrido de maneira acidental, devido aos hábitos de vida.

O novo estudo confirma que, de fato, a modificação craniana era uma prática deliberada. Além disso, foi observado que tanto homens quanto mulheres apresentavam crânios modificados.

O costume consistia em aplicar pressão ou utilizar amarrações na cabeça das pessoas, frequentemente durante a infância. Isso resultou em alterações permanentes na estrutura craniana.

Embora essa prática remonte a um período anterior à documentação escrita, os pesquisadores especulam que ela possa ter sido adotada por diversas culturas como um meio de expressar afiliação a um grupo social ou de demonstrar status elevado.

Povo Hirota

A civilização conhecida como Povo Hirota ocupou a região de Tanegashima, situada no sul do Japão, abrangendo aproximadamente os séculos 3 a 7 d.C.

O estudo é de Noriko Seguchi, da Faculdade de Estudos Sociais e Culturais da Universidade de Kyushu. O local foi objeto de escavações tanto entre 1957 e 1959 como novamente entre 2005 e 2006.

Para determinar a intencionalidade das modificações cranianas, os pesquisadores utilizaram imagens em 2D para analisar o contorno dos crânios, bem como empregaram varreduras em 3D.

Além disso, o grupo comparou esses dados com crânios provenientes de outros sítios arqueológicos japoneses, como os do Povo Yayoi, do sítio de Doigahama, e da comunidade Jomon, da ilha Kyushu, que precederam os Yayoi e eram conhecidos por seu estilo de vida de caça e coleta.

A equipe de cientistas percebeu diferenças no formato dos crânios do Povo Hirota em relação às amostras dos outros grupos.

No estudo, eles relatam que os resultados revelaram a morfologia craniana curta e achatada de Hirota, alinhando-se claramente com a hipótese de que as amostras de Hirota possuem morfologia distinta das amostras de Doigahama e Jomon.

Hipóteses

A principal pergunta sobre por que o povo Hirota fazia isso permanece sem resposta, e nenhum dos pesquisadores envolvidos publicou uma teoria, de fato.

Por enquanto, permanece a conclusão de que essa modificação era para diferenciá-los de outros povos. Nesse caso, o objetivo foi bem-sucedido, visto que os pesquisadores agora descobriram as ossadas e conseguiram identificá-los com amplas distinções.

Conclusão

Os pesquisadores concluíram que isso aponta para a prática intencional de modificação craniana pelo Povo Hirota.

Embora as razões subjacentes a essa prática permaneçam envoltas em mistério, a equipe sugere que essa comunidade pode ter adotado essa prática para preservar sua identidade como grupo.

Também poderia querer facilitar o comércio de frutos do mar a longas distâncias, em linha com evidências arqueológicas anteriores.

Noriko Seguchi expressou em um comunicado que “nossas descobertas contribuem de maneira significativa para a nossa compreensão da prática de modificação craniana intencional em sociedades antigas”, como diz.

Ela também expressou esperança de que futuras investigações na região possam proporcionar insights adicionais sobre o significado social e cultural dessa prática tanto no leste da Ásia quanto globalmente.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Mistérios do Mundo, Revista Galileu

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