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Lottie Williams, a estadunidense que foi atingida por lixo espacial

Lottie Williams
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Existem algumas coisas que você provavelmente nunca irá passar em sua vida. Por exemplo, a probabilidade de ser atingido por um raio é de menos de um em um milhão. Da mesma forma, a probabilidade de você ser atingido por lixo espacial é quase zero, mas foi isso que Lottie Williams viveu.

Em janeiro de 1997, a estadunidense teve o azar chocante de ser atingida por um objeto que adentrou a atmosfera. Porém, ela teve a sorte de ter sobrevivido ao impacto, intacta. Tudo isso aconteceu quando Lottie Williams estava caminhando ao lado de duas amigas, fazendo um passeio por um parque no estado do Oklahoma de madrugada. Era por volta das 3h30 da manhã.

Então, de repente, elas avistaram o que parecia ser uma bola de fogo vinda dos céus e ficaram maravilhadas com a visão. Em uma entrevista ao site FoxNews.com, a moça relatou que pensou que fosse uma estrela cadente. “Foi lindo”, relembrou. Porém, o encanto se tornou um pesadelo em questão de segundos.

Lixo espacial

Wikimedia Commons

Quando Lottie Williams sentiu algo no ombro, ela ficou com medo e começou a correr. Um estrondo soou atrás dela e logo a estadunidense sentiu o peso do que parecia ser uma lata de refrigerante. “[Visualmente] parecia um pedaço de tecido, mas quando você tocava nele, soava metálico”, explicou a mulher, que achou ter encontrado um pedaço de uma estrela cadente.

No entanto, em termos científicos, isso não seria possível. A verdade é que estrelas cadentes são sempre meteoros e, nesse caso, não se tratava de um meteoro. Assim sendo, provavelmente, o que Lottie Williams viu foi um pedaço de um foguete Delta II, lançado em 1996.

O resto do tanque de 260 quilos, de onde havia saído o fragmento que a atingiu, caiu no Texas, próximo a uma fazenda. Portanto, foi analisado pelo pesquisador Winton Cornell, na Universidade de Tulsa, que concluiu que o material era usado pela NASA para isolar tanques de combustível. No final de tudo, a secretaria de defesa agência espacial norte-americana enviou uma carta para Lottie Williams pedindo desculpas pelo ocorrido.

Problema crescente

Lixo espacial é como chamamos aqueles fragmentos de foguetes e satélites, equipamentos inoperantes e até ferramentas perdidas por astronautas. Logo, existem milhões de objetos como esses orbitando o planeta Terra a todo momento.

Vale destacar que o lixo espacial não existia até a década de 1960, quando os satélites artificias começaram a ser lançados. Desde então, o ser humano vem lançando mais lixo. Segundo estimativas da Nasa, já são mais de 100 milhões de objetos que viajam ao redor do planeta sem rumo e sem função. Esse material é preocupante, visto que pode colidir e chegar a prejudicar os satélites ativos.

De acordo com Roberto Costa, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a situação ainda não é catastrófica, “mas o risco está aumentando com o tempo”. Apesar de a grande maioria desses objetos ser milimétrica, ela viaja em velocidades que podem passar dos 20 mil km/h. “Se eventualmente um fragmento desses colide com um satélite, ele pode causar danos operacionais”, afirma o professor.

Assim, esses objetos podem permanecer em órbita por décadas, como ocorreu com o Vanguard 1, que viaja ao redor da Terra desde 1958. Ao longo do tempo e com as interações entre fragmentos e o campo gravitacional, o lixo espacial se aproxima da Terra até entrar na atmosfera, como ocorreu com Lottie Williams.

Satélites

Porém, não precisa se preocupar com a possibilidade de ser atingido por um pedaço de foguete. Isso porque a maior parte dos objetos são pequenos, queimando e se desintegrando ao entrar na atmosfera. Ainda assim, Costa conta que eventos como esse podem acontecer.

O perigo maior é em relação às colisões com satélites. “A nossa vida é muito vinculada com eles. Um problema catastrófico em um satélite pode gerar um prejuízo muito grande para um segmento econômico, regional ou social”, afirma Costa.

A própria construção e o lançamento dos satélites envolvem muitos investimentos econômicos e científicos. “Seria uma perda lamentável se tudo isso fosse perdido por causa de uma colisão com um pedaço de alumínio de um foguete que está lá rodando há 20 ou 30 anos.”

“Não vai resolver, não tem como, mas é um problema que precisa ser minimizado.” É assim que o professor Costa avalia as iniciativas para reduzir o volume de lixo espacial

Fonte: Jornal USP, Aventuras na História

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