Lula é vista se sacrificando por seus filhotes

Avatar for Mayara MarquesMayara MarquesNaturezajaneiro 11, 2024

Mergulhadores registraram imagens impactantes de uma lula de olhos pretos carregando seus filhotes. A raridade desse acontecimento, compartilhado no Instagram, é notável, mesmo considerando que esses animais são comuns nos Oceanos Pacífico e Atlântico.

As filmagens foram capturadas durante uma expedição de mergulho chamada OctoOdyssey, organizada pelo Schmidt Ocean Institute no Afloramento Caballito, Costa Rica, em dezembro.

As cenas apresentam uma espécie rara de lula, o que intrigou mais ainda os internautas.

Lulas de olhos pretos

Via Hyperscience

As lulas de olhos-pretos, quando adultas, atingem cerca de 18 centímetros de comprimento. Encontradas no Oceano Pacífico, do Japão à Califórnia, e no Mar de Bering, assim como no Oceano Atlântico, esses animais geralmente habitam águas profundas. No entanto, quando estão carregando seus filhotes, movem-se para regiões ainda mais escuras e fundas.

Durante esse período, as fêmeas seguram aproximadamente 2 a 3 mil ovos, envolvidos por uma membrana em forma de tubo que se abre nas extremidades ao longo de 6 a 9 meses.

Surpreendentemente, elas não soltam os ovos em momento algum, nem mesmo para se alimentar. Tragicamente, no final desse processo, as fêmeas geralmente não sobrevivem.

Essa extraordinária dedicação materna e a peculiaridade desse comportamento foram recentemente documentadas durante a expedição OctoOdyssey.

As imagens compartilhadas no Instagram revelam a notável espécie de lula chamada Gonatus onyx, reconhecida por seus olhos pretos com bordas brancas.

Das diversas espécies de lulas, as de olhos pretos destacam-se como uma das apenas duas que demonstram cuidado ativo com seus ovos após a desova.

Durante esse período, sua mobilidade fica comprometida, impedindo que nadem rapidamente e as tornando vulneráveis a mamíferos marinhos que frequentam águas profundas.

A maternidade para essas lulas pode, portanto, cobrar um preço elevado, visto que se tornam presas fáceis no desempenho do seu papel maternal.

Gestação

Durante o período de “gestação”, as lulas de olhos pretos movimentam-se suavemente estendendo e retraindo seus braços para liberar água com baixa taxa de oxigenação através da massa tubular onde os ovos estão alojados.

Inicialmente, diante de ameaças, as lulas têm a capacidade de mover rapidamente sua prole para um local seguro.

No entanto, à medida que os filhotes amadurecem e esses animais enfraquecem após meses sem se alimentar, sua habilidade de escapar com os ovos torna-se cada vez mais comprometida.

Além disso, após a eclosão dos filhotes, as lulas de olhos pretos geralmente encontram seu fim. Essas lulas costumam se reproduzir apenas uma vez, morrendo após a postura dos ovos.

Portanto, se as Gonatus onyx não perecerem enquanto tentam proteger seus ovos, viverão apenas para testemunhar a eclosão da prole.

Importância

Via Olhar Digital

As lulas de olhos pretos, especificamente a espécie Gonatus onyx, desempenham um papel significativo na cadeia alimentar marinha.

Como predadoras, elas contribuem para o controle populacional de crustáceos e peixes, mantendo o equilíbrio nos ecossistemas oceânicos em que habitam.

Sua dieta inclui uma variedade de presas, o que as torna participantes importantes na dinâmica ecológica dos ambientes marinhos. Dessa forma, se sua prole não sobrevive, isso influencia diretamente a cadeia onde vivem.

Além disso, sua estratégia reprodutiva única é algo que não se vê em todas as espécies. Esse comportamento peculiar destaca a complexidade da biologia marinha.

Ainda, também demonstra a diversidade de estratégias evolutivas que as criaturas marinhas desenvolveram para garantir a sobrevivência de sua prole.

Embora sejam criaturas pouco conhecidas, as lulas de olhos pretos geram curiosidade e fascínio nos pesquisadores marinhos. Com novas gravações, pode ser possível avançar nos estudos desses animais, e entender mais sobre seus hábitos.

Desse modo, poderemos contribuir para a biodiversidade e para a estabilidade dos ecossistemas marinhos onde essa espécie se encontra.

 

Fonte: Olhar Digital

Imagens: Hyperscience, Olhar Digital

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