História

Máscaras mortuárias do antigo Egito encontram vida após a morte

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Novas pesquisas arqueológicas parecem ter novidades sobre as famosas máscaras mortuárias do antigo Egito. Essas relíquias estão entre as mais populares, e intrigantes, da História Antiga.

Quando se tratava da jornada para a vida após a morte, os mais ricos cidadãos do antigo Egito não se arriscavam. Em cerimônias funerárias, eles invocavam feitiços protetores, colocavam os mortos em sarcófagos repletos de amuletos e cobriam seus rostos com máscaras mortuárias projetadas para guiar os espíritos das múmias para o próximo mundo.

Com isso, seguiriam para um grande campo sereno de juncos e, então, seguiriam para seu local final de descanso no corpo.

Recentemente, uma equipe de arqueólogos japoneses e egípcios descobriu três dessas máscaras em uma série de túmulos escavados nas rochas nas falésias de Saqqara, um importante local de sepultamento da antiga capital faraônica de Mênfis.

Via Folha de São Paulo

Novo significado

Nos textos do Novo Reino, que se estende de 1550 a.C. a 1070 a.C., uma máscara colocada sobre a cabeça da múmia era conhecida como sukhet, que significa “ovo”, e às vezes “tep en seshta”, significando “cabeça de segredos” ou “cabeça de mistérios”.

Foy Scalf, egiptólogo da Universidade de Chicago, explicou que o termo “segredo” ou “mistério” servia como eufemismo para a própria múmia. Dessa forma, após passar pelo processo de mumificação e rituais, adquiria uma natureza especial.

Em casos de danos físicos, uma cobertura facial ajudava a preservar a cabeça e proporcionava uma representação idealizada permanente do falecido.

As máscaras, dos artesãos em oficinas, não eram acessíveis a todos devido ao seu custo. Kara Cooney, professora de arte e arquitetura egípcia na UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles), destacou que, embora as máscaras não fossem necessariamente feitas de materiais caros, os pigmentos e a mão de obra da produção eram caros.

Por isso, elas se tornavam fora do alcance da maioria dos trabalhadores rurais, que não teriam recursos disponíveis para adquiri-las.

No entanto, Scalf observou que a quantidade significativa de máscaras mortuárias que resistiu ao tempo sugeria que elas não eram exclusivas das classes mais privilegiadas. Ele afirmou que não seria surpreendente se até 35% da população tivesse os meios para adquiri-las.

Novos artefatos

Uma das máscaras que as pesquisas recentes desenterraram em Saqqara estava nas proximidades de uma catacumba greco-romana descoberta em 2019.

Essa máscara de argila ficava sobre um crânio humano e cercada por fragmentos de uma peruca estriada.

Via Wikimedia

Nozomu Kawai, arqueólogo da Universidade de Kanazawa no Japão e líder da expedição, explicou que o esquema de cores da peruca indica que ela remonta à Época Baixa e ao Período Ptolemaico, aproximadamente entre 713 a.C. e 30 a.C.

As outras duas máscaras estavam dentro da catacumba junto com figurinhas de terracota de Ísis-Afrodite. Essa é a divindade do parto e renascimento, e seu filho Harpócrates, equivalente grego de Hórus, o deus egípcio do silêncio e à proteção contra doenças e morte.

Nesse caso, considerando a alta taxa de mortalidade infantil, é plausível pensar que Harpócrates fosse objeto de especial devoção, conforme explicam os especialistas.

Ambas as máscaras mortuárias datam do século 2 d.C., período em que o Egito era uma província imperial do Império Romano.

Moldadas em cartonagem, um material semelhante ao papel machê, as máscaras possuíam um processo único de produção. Para isso, precisavam mergulhar tiras de linho ou antigos rolos de papiro em uma pasta e aplicando-as sobre um molde de madeira ou diretamente na cabeça de uma múmia.

Em seguida, uma fina camada de gesso revestia o produto, com adornos em pintura dourada, uma cor simbólica associada à divindade e considerada eterna e indestrutível.

Essas descobertas e suas explicações trazem luz para vários mistérios do Egito, e ajudam a entender mais sobre os povos antigos.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Imagens: Folha de São Paulo, Wikimedia

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