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Um colecionador e pesquisador de mineralogia descobriu um micrometeorito incomum no Monte Gariglione, na Itália, que continha um material diferente.
O espécime apresentava uma liga de alumínio e cobre pouco comum, juntamente com um material considerado “proibido” no universo: um quasicristal. Surpreendentemente, este é o terceiro objeto desse tipo a ser identificado.
Francesco Badolato, um cientista amador, encontrou uma pequena esfera de aspecto prateado enquanto explorava a região da Calábria, no topo do Monte Gariglione. Intrigado, ele decidiu entregá-la à Universidade de Bari para análises com mais detalhes.
A investigação aconteceu por conta de uma colaboração entre a Universidade de Bari e a Universidade de Florença, revelando que o objeto era de fato um micrometeorito. Mais notavelmente, ele apresentava uma combinação extremamente rara de cobre e alumínio.
No entanto, o aspecto mais impressionante para a equipe foi a presença de uma simetria “proibida” na disposição dos átomos do objeto.
Ao contrário de um cristal convencional, o quasicristal exibe redes atômicas que se repetem no espaço, porém, com uma disposição variável. E esse material não é comum na Terra, o que levanta ainda mais questões científicas.
Via Nature
Quasicristal
Um quasicristal é um tipo especial de material sólido que exibe uma ordem atômica altamente simétrica, mas não possui a repetição periódica de padrões encontrados em cristais tradicionais.
Isso significa que, enquanto os átomos em um cristal comum se organizam em padrões repetitivos e regulares, os átomos em um quasicristal formam estruturas que se repetem no espaço, mas de forma não periódica.
Em outras palavras, a disposição dos átomos em um quasicristal segue uma ordem, porém, sem uma repetição exata e regular.
A primeira teoria sobre os quasicristais é de Roger Penrose na década de 1970, mas só foi possível observá-los experimentalmente em 1982 por Dan Shechtman, que acabou recebendo o Prêmio Nobel de Química em 2011 por sua descoberta.
Esses materiais são considerados “proibidos” porque desafiam as concepções tradicionais de cristalografia, que afirmavam que a simetria ordenada e repetitiva era uma característica fundamental dos cristais.
A existência de quasicristais desafia essa ideia e tem implicações significativas na compreensão da estrutura da matéria e das propriedades dos sólidos. No entanto, ainda há muito a ser descoberto sobre a formação e as propriedades desses materiais intrigantes.
Embora tenham sido estudadas desde a década de 1980 e tenham aplicações em vários setores industriais, elas não eram esperadas na natureza.
Por outro lado, Bindi descobriu um exemplar em 2011, no Extremo Oriente russo, dentro de um micrometeorito proveniente do meteoro Khatyrka.
Micrometeorito
Via Nature
A descoberta do novo micrometeorito na Itália, a milhares de quilômetros de distância da anterior na Rússia, despertou ainda mais interesse dos pesquisadores. A significativa distância entre as descobertas sugere que o novo quasicristal provém de um meteoro distinto do anterior.
O fato de um material “proibido” ser encontrado em dois asteroides diferentes sugere que há muito a ser descoberto sobre o Sistema Solar, o que, por sua vez, implica na compreensão de sua própria origem.
Além disso, levanta algumas questões importantes para o cenário científico. Por exemplo, como o micrometeorito chegou à Terra, se existem outros a caminho e quais as implicações nos estudos realizados pela equipe de acompanhamento.
Ainda, se esses componentes chegam do espaço com materiais não esperados, seria necessário criar protocolos de descoberta e avaliação? Esses e outros impactos são perguntas que uma análise mais complexa poderá responder.
No mais, os detalhes da descoberta estão no periódico Communications Earth & Environment. Atualmente, o micrometeorito está em segurança no Museu de Ciências da Terra da Universidade de Bari, que disponibilizará uma seção específica para amostras extraterrestres.
Fonte: Canaltech
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