História

Mistério de babuínos mumificados no Egito é desvendado após 118 anos

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Em 1905, arqueólogos desenterraram babuínos-sagrados mumificados no Egito, o que inicialmente intrigou, pois esses animais não eram naturais da região.

Por mais de um século, o mistério persistiu, mas um novo estudo, recentemente publicado na revista eLife, adotou uma abordagem combinada de biologia e história para desvendar a origem e a jornada desses babuínos até o Egito.

Além de responder a essa intrigante questão, a pesquisa revelou informações valiosas sobre antigas rotas de comércio e a importância desses animais para os antigos egípcios.

A origem dos babuínos-sagrados mumificados

Via Wikimedia

Os babuínos mumificados, que remontam ao período tardio do Egito (800-540 a.C.), foram descobertos no Gabbanat el-Qurud, também conhecido como Vale dos Macacos.

Curiosamente, esses babuínos-sagrados, apesar de sua presença no local, não são originários do Egito, mas sim do Chifre da África e do sudoeste da Península Arábica.

Considerados seres sagrados pelos antigos egípcios, esses animais, desprovidos de seus caninos, foram mumificados como oferendas à divindade da aprendizagem e sabedoria, Thoth, cuja representação é a de um babuíno.

Em uma pesquisa anterior, a origem dos babuínos foi rastreada até o Chifre da África.

No novo estudo liderado por Gisela Kopp, da Universidade de Constança (Alemanha), análises genéticas foram realizadas para uma precisão ainda maior na identificação da localização original desses animais.

Ao comparar o DNA dos babuínos mumificados com o dos babuínos-sagrados vivos atualmente, os pesquisadores conseguiram restringir a origem dos animais a uma área específica ao redor da Eritreia, onde se encontrava o renomado porto de Adulis.

Adulis era famoso por seu papel no comércio de mercadorias de luxo e animais, o que poderia explicar a rota pela qual os babuínos foram adquiridos e eventualmente chegaram ao Egito.

O desafio surge, no entanto, pois o porto entrou em atividade somente após a preservação das múmias, adicionando um intrigante enigma à história.

Atividades

Até o primeiro milênio a.C., os antigos egípcios conduziam atividades comerciais no porto de Punt, um local associado às primeiras redes de comércio marítimo.

Intrigantemente, o declínio das operações desse porto coincide precisamente com o período de mumificação dos babuínos, mas a localização exata de Punt permanece incerta para os arqueólogos.

O exemplar que foi objeto de estudo se alinha cronologicamente com as últimas expedições documentadas a Punt.

No entanto, em termos geográficos, sua correspondência é com Adulis, um local que, ao longo dos séculos, também se tornou reconhecido como um centro de comércio. Isso inclui o comércio de primatas, como destaca Gisela Kopp em um comunicado.

A hipótese intrigante sugere que Punt e Adulis podem, na verdade, ser o mesmo local, designado por diferentes nomes em épocas distintas.

Caso exista a confirmação, os pesquisadores esclareceriam a rota dos babuínos até o Egito. Além disso, também desvendariam o mistério da antiga rota de comércio que se originava de Punt.

Babuínos-sagrados

Via Wikimedia

O babuíno-sagrado (Papio hamadryas) é uma espécie robusta de babuíno com cabeça de cachorro. Ela é nativa do norte da África, sudeste da Arábia e estendendo-se até a Ásia.

Reverenciado como um animal sagrado pelos antigos egípcios, esse primata é também conhecido pelos nomes comuns, como hamadríade (também grafada como hamadríada) e hamádrias.

A estrutura social dos babuínos é notavelmente única, caracterizada por um sistema multinível.

Isso porque predominam as interações sociais em pequenos grupos, chamados haréns. Eles consistem em um macho e até 10 fêmeas, liderados e protegidos pelo macho alfa.

Os haréns frequentemente incluem um jovem macho “seguidor”, muitas vezes relacionado ao chefe do grupo. A formação de clãs ocorre pela união de dois ou mais haréns, com machos organizados hierarquicamente com base na idade.

Os clãs, por sua vez, se agrupam para formar bandos, o próximo nível de estruturação social. Cada bando, composto por dois a quatro clãs, pode abrigar até 400 indivíduos que viajam e dormem em grupo.

Os machos raramente deixam seu bando, enquanto as fêmeas podem ocasionalmente passarem por troca entre bandos pelos machos.

Além disso, a competição por alimentos e território é comum entre os bandos, adicionando uma dinâmica a mais à vida social desses babuínos-sagrados.

 

Fonte: Olhar Digital, Wikipedia

Imagens: Wikimedia, Wikimedia

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